terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Treze Tics, Um Clic e Doze Tacs


(1)




Coloco o fumo de corda, picado a canivete, na palha fina.

Alguém se aproxima de mim por trás

Ouço um cli...

Atrás de mim à esquerda o murmurar de vozes em sons confusos e distantes na barraca da cozinha, ainda atrás de mim e depois de alguém, silenciosa a barraca dormitório bem como a outra, também dormitório, que tem a cozinha como vizinha.


Estou a ajeitar, com o canivete, o fumo à palha.


Um agradável cheiro de comida espalha-se pelo ar o qual mistura-se incontinente ao olor de terra inda molhada por chuva tranqüila cujas gotas como orvalho, agarra-se teimosamente à grama, que rasteira cerca-me por completo.


Dois fachos de luz, acompanhados por característico ronco de motor unido a ruídos peculiares como o ranger de molas que aliados ao esmagar dos pneus a rolar, atinge-me a íris e os tímpanos de traves á direita.


Era o terceiro veículo, o último, que da Casa Grande chegava sacolejando pela trilha na mata e que sem cerimônia nenhuma iria adentrar à clareira e alojar-se ao lado de outros dois que alinhados á luz da fogueira, pareciam adormecidos.


… ic...

Um relâmpago iluminou a clareira e o que nela havia: um, duzentos e cinqüenta avos de segundo acabara de passar.

A pessoa que apertou o botão do clic começa a se afastar, tão muda e silenciosa como chegou.

Começo a enrolar a palha ao fumo.

O motor silencia-se, adormece, abrem-se as portas, novas vozes junta-se ao coro da cozinha que após breve silenciar se fizera intenso novamente.

O enrolar da palha no fumo agora ia ao meio, após um característico vai e vem inerente ao contesto.


O cheiro de novos e gasosos odores perdem-se no ar freso e úmido.


Ouço a voz advinda do silencio quase secular dos hartos troncos, robustos, gigantes, donde as imbiras do cimo pendentes(2) une grandeza à pequenez.


Duas portas se fecham.


Chega ao fim o rolo da palha, é quase pronto o cigarro.


Sinto-me observado.


Olho para cima e lá esta Argos olhando a tudo e não só a esta criatura.


O ar, líqüido globular da abóboda celeste, plena em seu contraste visto ter Apolo partido, a observar o Cosmo faz com que os olhos de Argos pisquem zombeteiros sobre minha alma tranqüila em um tranqüilo anoitecer.


Abaixo a cabeça e com saliva a palha lacro.


Torna-se mais forte as vozes vindas da escuridão que ora abraça, com sutil força escondendo, as fraquezas, as grandiosidades e as sombras do reino vegetal e animal unindo-se, o canto e vozes estas, às vozes que como um coral me chegam ao pavilhão auricular da barraca, agora tão concorrida.


Crepita, caminhando para o auge, a fogueira á minha frente, a qual contemplo sentado em uma cadeira de praia.


Em no máximo uma hora a janta estaria pronta.


Dobro uma das pontas do cigarro e levo a outra à boca.


Tic-Tac, Tic-Tac...


Em meio a toda esta riqueza de sons, estava eu a ouvir um ruidoso, o nosso espalhafatoso, despertador em seu inexorável caminhar a conversar com o tempo que passa e lhe faz companhia amenizando a sua solidão.


Engraçado como o rugir silencioso da mata aguça nossos sentidos!


Tic-Tac, Tic-Tac...


Esvai-se o tempo no próprio tempo e a seu tempo, levando consigo o meu tempo.


Tic-Tac, Tic-Tac...


Quando do Tic chega o seu “T” este já é passado e o “i” não terá tempo para ser presente pois o “c” que outrora era o futuro esta a chegar, precedendo o silêncio que o separa do “T” do “Tac” que é o futuro próximo e este, o “T”, por sua vez arrasta consigo e na seqüência o “a” e o “c” todos ainda, neste fugaz instante, um futuro mui distante.


Olho para cima de novo, e vejo o rosto de Argos, a face de um passado [retrato de um tempo tão distante (senão mais distante ainda) como o dia do nascimento da Terra] ainda vivo, real na minha realidade, real no meu ali, real no meu hoje, real neste agora onde quer que seja, ou esteja, nesta Urbe Planetária!


Não consigo ver a realidade do agora, só o ontem distanciar-se de mim em vertiginosa corrida.


Não posso ver o amanhã, senão entre o desfilar de um Tic e um Tac...


Eis então que prevejo o futuro próximo:


- “Vou ascender o cigarro!”


Curvo-me para a fogueira.


Tomo de uma pequena acha e a aproximo da ponta dobrada do cigarro, a queimo e num longo aspirar o faço ascender em definitivo.


Desta vez acertei!!!


Nada interveio no processo desencadeado por mim.


Devolvo a brasa a sua origem.


Tic-Tac, Tic-Tac...


Estou dez Tic-Tacs mais próximos do momento de partir novamente para São Paulo e gozar do merecido recesso de fim de ano.


Saboreio com um prazer indescritível este momento único.


Há quase quatro anos que eram assim as últimas horas em um acampamento.


O cenário natural é sempre diferente a cada mudança, a cada volta ao campo, mas muito raramente mudava algum ator e nunca o palco onde se representava a peça que era sempre a mesma mas repleta e plena de improvisos em seu cotidiano.


Prevejo o futuro:

- “O ano que vem novos horizontes serão o meu palco nesta gloriosa natureza!”


Tic-Tac...

E foram!

Tic-Tac...

Quando cheguei em São Paulo, fui demitido!

Tic...

Hoje mais de três décadas depois posso escrever que graças a isso e a muitos outros “issos”, vi novos mundos, vivi muitas vidas, bebi de muitas águas, representei muitas peças e em muitos lugares, ampliei meus limites, estendi meu horizonte até onde pode chegar a minha imaginação humana e consegui, consegui viver as alegrias e agruras do presente, este tempo infinitamente pequeno, que separa o ontem do amanhã.

E a foto daquele começo de noite?...

Só Deus sabe por onde anda se é que existe.

Mas o homem é uma máquina do tempo e quanto mais tempo vive mais poderosa máquina temporal o é.

O homem, quando boa máquina do tempo pode ver, cheirar, ouvir e sentir vividamente o passado, pode dormir sobre o travesseiro das boas visões e nas horas de vigília pode contar com a sentinela que é, pois que como todos, não só viveu muitos maus momentos mas, e também, viu quem estes momentos houve por seu turno viver. Assim, e por isso mesmo, tem como saber a maneira, o modo de como podemos deles escapar e ainda na maioria das vezes quase plenamente ilesos.

A partir de agora e para os anos que possam vir, desejo a todos que consigam dormir tranqüilos e felizes sobre o travesseiro das boas lembranças, das futuras delícias e almejadas felicidades, que consigam sempre se livrar, contornar e vencer os empecilhos, as agruras e mazelas que possam ser encontradas pelo caminho e que a tristeza se lhes apresente sempre como um simples fantasma que, desesperado e em fuga desabalada, vai desfazendo-se á luz de um novo dia.

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1- Relogios Moles (The Persistence of Memory) - Salvador Dali (1931) - (Antes que receba alguma comunicação sobre a obra por mim citada e mostrada, quero informar que devido a quantidade de quadros que vi sobre o tema, não posso (não entendo de artes plásticas) garanti-la como uma obra de Salvador Dali.)

2 - O Canto do Piaga, Gonçalves Dias, Antologia (1966), pg 47 – canto III vs 45 a 50 – adaptados no texto pelo autor

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Um Verdadeiro Dia de Natal


...Tocam os sinos, tocam os sinos...

Hummm...

É natal.

Legal né?!

Mais um aniversário no calendário deste ano e desta feita, um de caráter coletivo, para a comemoração por todos indistintamente.

É a data mais separatista, hipócrita e egoísta do ano todo.

Apesar de ser um aniversário para a coletividade comemorar, não há um ajuntamento humano para o fazer, mas quando podem os homens o fazem só no seio dos familiares e com os mais “chegados” apenas, onde nem sempre estão os mais queridos.

Por um momento, apenas e tão somente um momento de uma vida, um instante no tempo total de uma existência a qual quis o destino ser difícil e sofrida, alguém mostra um sorriso a alguém, alguém estende uma mão amiga e solidária a alguém, alguém dá o calor de um abraço afetuoso a alguém, alguém da uma colher de sopa a alguém faminto.

Uma simples e única colher de sopa em um simples e único dia do ano!

Alguns cuja felicidade extrapola o vulgar neste dia ganha não só uma colher de sopa, mas um cobertor também.

É...

Um cobertor...

E com isso não só as estrelas hão de cobrir e aquecer o corpo sortudo, nem sempre com alguma saúde e quase sempre faminto em todas as outras muitas noites, algumas muito frias, de um único ano.

É...

Apenas um dia em trezentos e sessenta e cinco, quando não trezentos e sessenta e seis, e por apenas alguns momentos tão somente, alguém com necessidades prementes, vitais mesmo, sente o que poderia ser a felicidade!

Alguns, mais afortunados ainda sentem uma felicidade maior, a de poder dar a um ente amado provavelmente mais carente ainda, uma parte senão tudo, o que acabou de receber e não sem antes agradecer a bondosa mão doadora.

Mas há outros entre estes alguns, que sentirá a felicidade maior, o prazer infindável e indefinível de passar fome mais uma vez para que seu ente querido e mais esquecido ainda pela sorte possa comer e viver, viver quem sabe, um dia a mais ao seu lado.

Se isso não for tortura e das mais ferozes, definitivamente eu não sei o que é tortura.

Mas um transeunte a vagar sem destino certo, que abismado além de sofrido, maltratado e ferido, vê com olhos mais que esbugalhados, no obstante tristes, a opulenta riqueza, a maravilhosa beleza, a imensa fartura e o mais terno e fantastico amor dos quais nem mesmo simples migalhas, restos do egoístico banquete onde a fria hipocrisia e o feroz lucro fácil deleitam-se até o orgasmo pode sequer, pensar ou mesmo almejar tocar, sem ter que disputar as tais migalhas com os cães e ser por estes ferido senão morto em uma luta sem glória.

Apenas as sobras dos cães, quando existem, poderão quem sabe ser suas e isto se puder apanha-las durante a disputa entre seus pares.

E então, para culminar o horripilante desfile, delírio de luzes, cores, sons, formas e gestos, surge uma criança que como um ferro em chamas a arder, quente como o centro de uma estrela lhe queima a alma e sublima-lhe o espírito quando com peso de toda a sua inocência, pede.

Ah, e o que pede...

E o que pede é sabido por todos menos por ela, que não há como lhe ser dado.

Mas, eis que agora o ferimento é na alma e é profundo, dói, dói e sangra, e sangra fartamente, e o homem chora, aos prantos esfacela-se o seu coração já tão combalido, ferido e muito por outras lides, arranca-se-lhe então pela raiz a vida, a esperança que restava desfaz-se em desabalada fuga na névoa do desespero, quebra-se-lhe a delicada magia do sonho, mata-se inocência, escancara-se-lhe então as portas da vida e ele, por fim, contempla a face da própria sorte.

Mas é natal...

O Natal por fim chegou!

E aquele que nada tem, tem agora a sua miséria desnudada em toda a extensão e riqueza, tem a sua dor exposta à indiscrição pública com toda a nudez que lhe é pertinente é então o foco, mais uma vez, de uma audiência avassaladoramente grande e ávida por detalhes e está por fim, anonimamente, a fazer heróis às centenas e a enriquecer sobremaneira a já rica e exuberante miséria humana, para o proveito de alguns principescamente afortunados pelo poder, pelo dinheiro e plenamente bafejados pela sorte.

Mas um rato sabe, sabe como deveria ser um verdadeiro dia de Natal.

E ele deveria ser exatamente como o é agora, segregacionista e egoísta mesmo!

Sabe, que este é o único dia do ano em que deveríamos viver apenas e tão somente para nos e nossos entes queridos, nada mais.

É...

É isso mesmo!

O Natal deveria ser assim, exatamente como ele é agora.

O problema, o erro, não está no dia de Natal e sim nos outros dias do ano não importa qual desde que não seja, o dia de Natal!

O Natal deveria ser como é porque nos outros dias do ano nós deveríamos cuidar uns dos outros todos os dias e todas as noites, sem parar e sem olhar a quem, ajudarmo-nos sempre sem nem mesmo e sequer lembrarmos disso após consumado o ato, após a existência do fato.

O combate às misérias humanas seria durante todos os dias e noites de um ano, a obrigação de todos e não a abnegação de alguns ou o lucro de outros.

Se todos os dias e todas as noites os homens rondassem os homens a procura do sofrimento, da dor e do desespero, se os interesses e o bem estar de muitos se sobrepusesse aos interesses e o bem estar de uns poucos sem no entanto a estes ferir mas, e apenas, integra-los ao conjunto e isso todos os dias e noites de um ano, este dia, o dia de Natal seria exatamente o que é hoje, o único dia do ano em que nos voltamos para nós mesmos e nos presenteamos.

O único dia do ano em que esbanjaríamos a nossa felicidade com nós mesmos e com os nossos entes queridos apenas e unicamente.

Este é o verdadeiro espírito do Natal, a verdadeira idéia de Natal e será, quando este ano acontecer, este dia um verdadeiro dia de natal.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Cantiga para Ninar e Recordar


Cantiga para Ninar e Recordar


Se esta hora, se esta hora fosse minha.
Eu mandava, eu mandava que parasse,
Que parasse e ficasse bem quietinha
Para eu ver, para eu ver você que nasce

E nos passos, e nos passos seus tão curtos
Que se arrastam, que se arrastam pelo chão.
Andam lentos, mais velozes que o susto
Que nos pregam e nos pegam bonachão.

Ah!... Se o tempo, se do tempo meu presente
Eu pegasse, um instante tão somente.
Eu faria deste instante a semente
Desta hora, eternamente florescente.

Mas o tempo, este tempo inclemente
Não vacila, nem oscila tão somente.
Bate e volta, bate e volta como sempre
Mas nunca, bate e volta como a gente.

Estes dias, estes dias vão ficar
No passado, num passado mui distante.
E eu queria, eu queria então marcar
Este tempo, este momento tão infante

Mas é a hora, é a hora de calar
Não sem antes, não sem antes recordar
Um momento, um momento peculiar
Depois então, só então silenciar.

É na fala, é na fala que se grava
E recorda, e recorda tal figura
Que pequena, tão pequena então estava
Que o dedo de uma mão só segurava.

E neste dia, neste dia tão sereno
Um passeio, um passeio foi querendo
E mão no dedo, e mão no dedo segurando,
Fomos os dois, só nos dois então andando.

***
A foto mostra uma escultura que esta no Colorado em Loveland, no Benson Sculpture Garden

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Ratatouille



Me perguntaram por diversos meios se o nome do Rato das fotos é Ratatouille.

A resposta, é não.

O nome do Ratinho das fotos do desenho animado da Disney é Remy.

A Ratatouille é um prato de culinária, uma receita típica da Provence, segundo o autor do livro onde está a receita aqui publicada, e muito popular na França.

É um prato aromático e saudável, servido como entrada ou acompanhando outros pratos e assados, é ótima também, quando servida fria além de ir muito bem com vinhos tintos, brancos e rosados, segundo a mesma fonte, em especial com os vinhos da Provence.

Copiei a receita e o modo de fazer de Saul Galvão, o qual a publicou em seu livro “A cozinha e seus vinhos”.

É uma receita para seis ou oito pessoas.

***----*---***

Ratatouille

Ingredientes:
4 berinjelas médias;
sal grosso;
2 pimentões vermelhos;
2 pimentões amarelos;
4 abobrinhas mais ou menos do mesmo tamanho;
2 cebolas;
3 dentes de alho;
6 colheres de sopa de azeite de oliva;
2 ou 3 ramos de manjericão;
sal e pimenta-do-reino.

Modo de fazer:
Corte as berinjelas em fatias longitudinais de perto de um centímetro de espessura.

Disponha numa assadeira e espalhe bastante sal grosso por cima. Deixe descansar durante uma hora. As berinjelas vão soltar bastante água e devem perder um pouco do amargor.

Enquanto isso prepare os demais ingredientes. Se quiser, descasque os pimentões. Sem as cascas, eles ficam mais fáceis de digerir. Para isso, espete num garfo de cozinha e leve diretamente à chama do gás. Vá virando até queimar, até deixar preta, toda a superfície. Retire a pele sob água corrente, esfregando com as mãos. Retire os talos, as sementes e corte em quadrados de uns dois centímetros.

Corte a abobrinha em fatias e depois em cubos de mais ou menos uns dois centímetros.

Pique as cebolas, os dentes de alho. Corte com as mãos as folhas de manjericão.

Passado o tempo de descanso no sal (uma hora), prepare a berinjela. Retire as fatias do sal e lave muito bem. É bom lavar umas duas vezes para retirar o sal. Seque com cuidado e corte em quadrados de uns dois centímetros.

Com todos os ingredientes preparados, esquente o azeite numa frigideira grande e pesada. Fogo baixo. Refogue rapidamente a cebola e o alho. A cebola deve apenas murchar, sem mudar de cor. Acrescente os demais ingredientes (berinjelas, abobrinhas e pimentões).

Vá refogando no fogo bem baixo, mexendo de tempo em tempo com a colher de pau, até cozinhar os vegetais. Deve secar o líquido que eles naturalmente soltam, o que leva de 20 a 30 minutos.

Salgue, apimente e retire do fogo. Espalhe por cima o manjericão e sirva.

***---*---***

Acho que desta vez ficam as dúvidas sobre o Rato solucionadas definitivamente.

domingo, 16 de novembro de 2008

20 10 contar


Sabem, hoje amanheci com vontade de falar mole para ninar bovinos.

É que estou em um resfriado daqueles, com as minhas cordas vocais atacadas por uma irritação que só Deus sabe de onde veio, mas eu desconfio que deve ter origem no Pó não da Terra, um corpo estranho que se infiltrou deliberadamente na minha máquina de vida só para me atazanar as idéias.

Se não fosse assim o que então estaria esta infecção fazendo além de tentar a perpetuação da espécie, minando as forças vitais do corpo hospedeiro que outrora, a idos de maio, quiça não o seu próprio corpo?

O que faz desses parasitas insaciáveis algo tão especial a ponto de amofinar tanto o nosso já conturbado dia-a-dia?

Esta praga de irritação, legado de leis não naturais, fica matando o corpo que lhe é morada, enquanto espalha pelo mundo afora seus germes socializantes que inescrupulosamente constrangem outras pátrias com sua presença minúscula, suspensa no ar sem nenhuma sustentação coerente a não ser a leveza absoluta de sua substância maléfica e vazia de propósitos e pensamentos, dividindo para melhor não só controlar o seu hospedeiro mas, como e também, atingir um raio maior de ação.

O resfriado é um mal miserável pois vem da miséria que é o homem e suas ambições desmedidas e sem propósito, onde sacrifica o próprio corpo em que vive para nada, e por nada.

A falta de uma substância neste vírus hediondo o torna quase indestrutível, mata-se o infeliz aqui e o miserável nasce ali com outra identidade e em uma velocidade tão espantosa que os nossos meios de defesa natural mal tem tempo de se aperceber de sua presença antes da desgraça feita.

O mais interessante disso tudo é que esta peste de resfriado é tão insidiosa, maléfica e (raios, cobras e lagartos)... que está se tornando comum o virucídio (vírus assassinando vírus) só para confundir o nosso meio de campo, as nossas defesas, os nossos glóbulos brancos.

Sei não, mas acho que se eu não radicalizar este resfriado me derruba, por isso estou procurando o bom e velho farmacêutico, ele certamente me dará o remédio certo para exterminar de vez esta praga.

Tomando o remédio e sem cometer de novo os mesmos erros de antes certamente estarei livre deste mal por um longo, muito longo tempo.

Não falei coisa com coisa desta vez?

Que eu 10 contei alguma coisa?

Tudo bem...

Hatuna Matata...

A idéia era essa mesmo...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Ensaio*


...
Hã???
Porque eu falo tanto de política?
É que ela me incomoda, devia trabalhar em favor do todo no entanto, nada mais é que um braço forte de alguma das partes e não do todo.
...
Ah...
É que eu não sou uma destas partes.
...
Inveja?
Ah, não é mesmo!
Ratos no meio do mundo, não tem e nem sabe o que é isso, nos somos apenas uma parcela muito pequena do todo desconhecido e manipulado por partes que nos são alienígenas.
...
Não, não!!!
Não são seres de outros mundos não!
Também não são ficcionais, são bem reais para a nossa desgraça, se bem que parecem viver em um outro mundo que não este em que nos simples mortais vivemos, pois tem para com a gente uma política muito suja, desprezível, diga-se de passagem.
...
Não é assim não.
Nós, os ratos assim como os porcos, não gostamos de sujeiras não. Se entre elas vivemos é por imposição do meio político e não por nossa vontade, nós nos consideramos insultados quando nos comparam com membros da espécie política inapropriada.
...
É...
Tá certo...
Somos nós que os elegemos no entanto, se você olhar melhor, verá que não são os ratos que os elegem e sim os homens os quais são recompensados para isso. Estes usam de todos os meios disponíveis para os eleger e sempre o conseguem, pois usam as ambições humanas para atingir os resultados que lhes foram comprados a peso de ouro. Ratos, por natureza só tem uma ambição: em nascendo, crescer em paz, aprendendo e desenvolvendo as nossas boas potencialidades, ter uma velhice gloriosa e sábia, morrendo assim em paz consigo mesmo e com a humanidade.
...
Em???
...
Ah!
É como eu disse.
Eles são apenas o braço de um senhorio, ao qual deve retornar e com lucro tudo o que foi investido em sua vitória nas urnas.
...
... Logo “Um rato no meio do mundo” não faz diferença...
Engano seu.
Faz sim.
Segundo o Principio dos Contrários, uma filosofia do socialismo não seguida nem comentada jamais por nenhum partido socialista faz sim, e faz muito sentido.
...
Se eu sou socialista?
...
Não sou.
Nenhum rato é.
Todos nós somos o que a natureza manda ser, somos o que somos e evoluímos de acordo com as regras naturais do universo. A nossa mãe Natureza não é socialista, nem dentro de espécies muito bem definidas.
O socialismo na Natureza, se existe, é uma exceção e não a regra e o que não é regra na Natureza está fadado à extinção, até mesmo dentro e no tempo das exceções.
...
É mas estes insetos tem socializado o trabalho, a comida comum a todos, os horrores da guerra, os turnos de vigilância e é claro todo o fruto do trabalho é para o seu líder e não para todos.
...
Acabou!?!?
Que pena!
Então Boa Noite a todos.
...
... pera aí... Eu não ví os comerciais que ...

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Esta paródia é uma homenagem à Radio Cultura AM e FM, bem como à Televisão Cultura, todas Emissoras da Fundação Padre Anchieta em São Paulo.

*Ensaio é o nome de um programa de entrevistas da TV Cultura de São Paulo.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Manhã de Carnaval*


É outubro e uma segunda feira de cinzas.

O carnaval acabou finalmente.

La fora o silêncio, a serpentina que cai alhures, solitária velada pelo vento, o confete que ora úmido começa a se desfazer no asfalto ainda quente da avenida e como soluços esparsos no tempo, ecoam ainda que distantes e ébrias, canções de um show agora findo.

O Carnaval acabou.

Na avenida, lá longe, mui distante ainda, os garis e “na vida, uma nova canção” vem surgindo não “cantando só teus olhos” mas para encantar todos os olhos, não o “teu riso e tuas mãos” mas os muitos risos e as inúmeras mãos a serem 'molhadas'.

O Carnaval acabou.

É no escuro pano da noite, ora caído mas não findo como é o ato, que arrastam-se rotos alegóricos perdidos, sem rumo mas estranhamente com destino, unidas alegorias vencidas e vencedoras jazem juntas e espalhadas às margens da avenida outrora festiva e iluminada mas agora quase silente por completo, sem vida salvo alguns estertores esparsos e imersa em sua luz natural, mortiça, em cujo negro betume que lhe é o piso, poças d´agua nada refletem, é uma madrugada sem Lua, sem estrelas.

O carnaval acabou.

E a madrugada avança inexorável em direção ao novo dia, poderia não ser este, “pois há de haver um dia em que virás”: o primeiro dia sem um próximo carnaval.

Enquanto este dia, esta hora, não chega eu me deleito no descanso de meus olhos fartos de ouvir o indizível, dos meu ouvidos cansados de ver a escuridão, da minha mente amortecida pelo martelar da propaganda insana onde então, o intelecto livre momentaneamente destes opressivos grilhões de ignorância oficializada, legitimada, imposta como moda, estilo, meio de vida e moral vigente, desperta.

Por momentos apenas, até o amanhecer quiça tão somente, o homem se vê liberto e chora, chora por não ser um bardo a cantar trovas, por não ser um poeta a criar versos, por seus dedos não tangerem uma lira como a de Orfeo, pois se assim o fosse e um violão tivesse diria “das cordas do meu violão que só teu amor procurou”, mas não há violão, o carnaval o levou; se escrever o pudesse escreveria “ vem uma voz falar dos beijos perdidos nos lábios teus”, mas não há letras, a escola se foi para desfilar no carnaval.

Mas neste momento, apenas neste momento, posso cantar e “canta o meu coração alegria voltou” se faz rápida, talvez fugaz, mas o carnaval acabou!

Euridice a muito morta não ouve os cantos de Orfeu nem o som de sua lira e este por sua vez, independente de sua cor, jaz também não menos morto no abismo das insanidades humanas sob os pés quase de barro de um Brahma, menos Brahma e mais Shiva que Vixnu, visto que ali não só sua voz calou-se, como e também a sua lira, partiu-se.

O carnaval acabou...

Meus dedos não produzem nenhuma sonoridade em cordas, não podem levar o acalanto a um Argos exausto, nem levará aos ouvidos críticos de Apolo uma melodia enebriante para recepciona-lo ao horizonte mas mesmo assim ele virá, virá como sempre veio mas agora, apenas e talvez, ouvirá o eco da lira de um Orfeo morto e com isso, fatalmente até quando Deus quiser, trará o primeiro dia de um novo carnaval.

Mas, folguemos por ora, ainda não é dia e a avenida está vazia, só garis ao longe posso ver sem ouvir, o ar é limpo das imundícies da audiência, úmido, cheiroso, fresco e pleno de vida.

Ah... “tão feliz a manhã deste amor”!

...

Olha!

Os dedos róseos de Aurora tocaram o Horizonte, a Noite está partindo levando consigo seu véu azul escuro, quase negro.

Apolo não tardará a chegar em seu suntuoso carro, mas não importa, o carnaval acabou.

...

Ah...

Meu Deus...

Manhã, tão bonita manhã “...

...

O carnaval começou.

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* Os textos em negrito e entre aspas é a letra da música de Luiz Bonfá e Antonio Maria – Manhã de Carnaval (versão interpretada por Agostinho dos Santos), do filme franco-brasileiro Orfeo Negro, Palma de Ouro em Cannes no ano de 1959.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

A Aparente Lógica do Hoje


Vocês sabiam que a apenas alguns anos atrás, um crime era um crime e apenas isso, ao praticante do ato criminoso era imposta as penas da lei tão somente e nada mais.

A lei, por sinal a mesma de hoje ainda, era severa para com todos e pasmem, o maior problema de quem cometia um crime era a reintegração na sociedade após o cumprimento de sua pena.

Hoje ainda existe alguns vestígios deste problema em alguns rincões distantes do planeta mas, nos locais mais “civilizados”, este tempo no Currículum Vitae do candidato é muito importante para se conseguir o cargo, (eu escrevi cargo, não emprego ou trabalho, estes currículos raramente são para estas opções)

Antigamente um delegado era uma pessoa admirável e a polícia, militar ou não, inspirava respeito, trazia o conforto da segurança a toda a sociedade.

Hoje, um delegado continua sendo um delegado, a polícia continua sendo a polícia e pode parecer que como a lei nada mudou, mas mudou, ambos os três são também massa de manobra não só politico-social como também comercial.

Hoje quem tem sentido o conforto da segurança imposta pela lei (a mesma de antigamente) tem sido os criminosos (também de antigamente) e não a sociedade (aquela de antigamente).

Hoje aqueles não abençoados pela fortuna, pelo poder, pelo patrão ou pela imprensa, se culpados ou não, arcam com o opróbio da desonestidade, do crime, além de pagar o ônus imposto pela lei á força, até que seja comprovada a sua inocência, e isso, apenas quando estes tem alguma forma de se defender, e desde que a sua desonra não sirva a interesses outros, tão espúrios e inconfessáveis como os meandros do crime, da ilegalidade e da luta pela fama ou pelo poder, ou ainda apenas e tão somente, pela audiência que os patrocinadores possam vir a ter com a infelicidade de um ou de muitos, o que por sinal, não tem a menor importância.

Tem me parecido que ser criminoso hoje em dia é ter garantido o beneplácito da lei (vil e devidamente interpretada, distorcida e aceita, por interesses mesquinhos) como também a proteção da polícia e a cobertura “imparcial” da imprensa escrita e falada na garantia dos seus direitos adquiridos, estes por sinal os mesmos da sua vítima, isso tudo sem falar na proteção proporcionada pela religião para a criatura criminosa, esta agora, apenas um convocado das legiões infernais e nada mais.

Me parece também que o alvo do crime (que antigamente se chamava de vítima, hoje ainda sem um adjetivo ou substantivo próprio conveniente) é na realidade o criminoso, e o que ontem era o criminoso (sujeito que cometia um crime) é hoje a vítima.

Ou seja, se a vítima (a de antigamente) não existisse, o criminoso (o de antigamente) não seria “obrigado” a cometer o delito.

Assim sendo, não existindo o delito, ele não seria criminoso (hoje) e se ele não é o criminoso, certamente é a vítima (hoje) por causa da existência, indevida e malvada, da vítima (a de antigamente) a qual é claro, pelo insano ato de existir deve ser, com muita justiça, punida na forma da lei.

Entenderam a aparente lógica do hoje?

Não?!

Eu vou ser mais claro.

Ser vítima hoje, se não for crime é uma questão de estar em evidência, se o caso não for nenhum destes então esta vítima não tem direitos a serem respeitados ou protegidos tanto pela religião, como pela polícia, pela lei ou pela imprensa escrita e falada.

Ser criminoso hoje é uma questão social e não de quebra, descumprimento, da lei como era antigamente.

Como o criminoso só existe em função da lei imposta pela sociedade, fica claro ser politicamente correto que ela seja penalizada por este crime (ter leis) e pelo crime do criminoso (o descumprimento da lei).

Por isso a sociedade deve voltar todos os meios possíveis para a proteção e o bem estar do criminoso (o de antigamente) em detrimento de seu próprio bem estar e de sua própria segurança.

Não esqueçam os meus leitores que criminosos são minorias sociais que precisam ser protegidas da extinção a todo custo, visto serem parte da natureza das coisas, da política e do politicamente correto e também trazem o prestígio seja ele qual for, votos e verbas as mais diversas aos seus benfeitores, estes iluminados em saber e em sabedoria, representantes exclusivos dos Direitos e Direitos Humanos na sociedade.

As maiorias, massas de manobra, que façam a sua parte, cumpram com as obrigações todas que lhes são impostas e depois que se danem mas, não sem antes dar lucro, crescer, multiplicar em número, em ignorância e em delinqüentes, úteis e férteis ao Status Quo.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O Novo Dólar Furado - Um Bang-Bang quase à Italiana


Eu não consigo entender como o povo de um país com a extensão territorial do Brasil, com todos os recursos que possui pode estar em crise econômica só porque a moeda de um outro país deixou de valer alguma coisa, por causa de uma maciça emissão sem o devido lastro.

E não venham me dizer que isso é mentira, pois a crise norte-americana é por causa do setor imobiliário!

Conversa.

A coisa se resume no seguinte:

Alguns espertos venderam para quem não podia pagar o que comprava.

Transformaram a divida a receber em ações.

Se livraram das ações vendendo-as aos investidores dos EUA e outros “trouxas” que puderam achar em um primeiro momento.

Estes por sua vez quando perceberam o furo em que se meteram, passaram os “papéis podres” envolvidos em tinta dourada e devidamente camuflados para o resto do mundo.

Todos os que passaram os papéis ganharam na venda e converteram o resultado da venda em uma forma de valor diferente da moeda norte-americana, o dólar.

Resultado, o governo para acobertar a imensa expansão do dólar pelo mundo, continua a emitir dólares sem o devido lastro, o que aliás vinha sendo feito já a muito tempo, que eu possa notar, desde a segunda guerra mundial.

A propósito, emitir dinheiro sem o devido lastro, quando é feito pelos Governos não é crime e chama-se Inflação, quando é feito por um cidadão qualquer é crime e chama-se Falsificação.

A dívida hoje dos EUA é em dólares.

O mundo inteiro é credor dos EUA desde que tenham o seu papel moeda como lastro financeiro em seus Bancos Centrais, bem como os papeis das bolsas de valores do mundo que girem em torno do dólar, o qual e por sua vez está não está lastreado como manda a lei, mas sim em dívidas “impagáveis”.

Na minha maneira de ver o dólar é um negócio "furado", e a crise só existe para os investidores espertos que compraram (e compram ainda) dólares bem como os investidores tolos que embarcaram na busca de lucros espetaculares, um "Negócio da China.”

Todos os que tem dólares na mão ou algum tipo de aplicação lastreado em dinheiro americano está "ferrado".

Se é o Brasil que entra numa crise dessa, certamento o Real ia afundar mais rápido que matéria em um Buraco Negro, no entanto como é o Estados Unidos que a “bola da vez” e tem muitos poderosos com dólares e papeis podres nas mãos, não podendo estes sair perdendo nada no horizonte de sua ganância mal orientada, o dólar sobe ao invés de cair como deveria ser.

Só para lembrar a lei de mercado:

Quanto maior a procura maior o preço, quanto menor a procura menor o preço.

Quanto mais raro é a coisa mais caro esta fica, quanto mais comum é a coisa menos vale.

Agora a lógica me leva as seguintes perguntas:

Se há dólar espalhado no mundo inteiro qual é o motivo para a sua subida de preço?

Se o papel não vale nada em lastro (ouro) quem o compraria mais caro sem ser um tolo?

O que eu vejo é só um acobertamento fantástico que só pode partir de pessoas mal intencionadas, inescrupulosas, a fim de lucrar e lucrar muito com a tragédia de tantos americanos envolvidos pelas promessas da realização do “Sonho Americano” e que agora perdem tudo o que tem e ainda ficam devendo. (parece que eu já vi algo assim aqui no Brasil)

O que temos nada mais é que a repetição da quebra da bolsa de valores nos EUA, que aliás é uma “Bola” quem vem sendo “Cantada” a muito tempo e nunca levada a sério, só para lembrar das muitas “bolhas” que já explodiram nesta área capitaneadas inicialmente por empresas americanas.

Inventem o que quiser os “Informados e Eruditos Economêses” do mundo e do Brasil, mas a crua realidade é apenas esta:

Os EUA estão falidos, quebrados, não tem lastro para o resgate dos seus dólares que estão espalhados pelo mundo e está dando o calote nos povos desavisados, ignorantes, e com a conivência de seus respectivos governos, o que me parece muito pouco honesto para com o povo que dizem representar.

domingo, 5 de outubro de 2008

Quem Foi Que Eu Escolhi?



Eu ouvi uma explicação do TSE sobre o voto e entendi o seguinte.

O voto no Brasil tem uma maneira singular de ser, somente a Finlândia tem um sistema igual em todo o mundo, e isso a partir de 1976, enquanto nós votamos da desta maneira desde 1935.

Ficou-me uma dúvida:

Somos avançados demais ou, apenas otários?

Não se esqueçam que o voto eletrônico é uma invenção brasileira que não pega (cola) em nenhum outro lugar do planeta apesar dos esforços que tenho sabido haver.

O que me leva a outra dúvida:

Será que o que eu defini como preferência me foi confirmado só na tela da máquina, quando na realidade os bites da minha escolha foram para outra escolha que não a minha do outro lado da tela?

Não se esqueçam que os programas para computadores (salvo o S.O. da MS que esta acostumado a fazer o quer com a gente) na maioria das vezes fazem o que o programador manda e não o que o usuário quer que seja feito e até onde eu sei, o eleitor é apenas e tão somente, um simples usuário.

Mas, dúvidas à parte, vamos àquilo que realmente move a minha pena nesta data.

O voto em todo o mundo que usa este sistema está ancorado na seguinte premissa:

1-) O partido político elabora uma lista de nomes (da sua escolha) para a ocupação de cargos eletivos pela forma do sulfrágio universal.

2-) É fornecido ao eleitor uma relação de nomes para cada partido político.

3-) Estes nomes estão em uma determinada ordem de hierarquia para a função eletiva.

4-) O eleitor pega uma (ou mais) lista e diz qual a sua preferência para os cargos em questão.

5-) Quanto mais votos o listado tem mais ele sobe na lista em direção ás posições onde é possível a escolha pelo partido (na lista onde se encontra).

Vai daí...

1-) Toda a vez em que você vota em primeiro lugar e antes de qualquer coisa, você escolheu (votou) no partido, quer queira ou não.

2-) O nome que você escolheu se movimentará na hierarquia da lista em função da quantidade de votos que obteve na eleição.

3-) Uma vez finda a eleição, o partido obterá uma quota para a ocupação dos cargos eletivos em causa e se o seu escolhido estiver alto o suficiente na escala da lista para estar entre os escolhidos pelo partido, será eleito.

Certo, e daí?

Qual é a diferença com o quase resto do mundo?

No Brasil é em princípio a mesma coisa, mas dentre as muitas sutilezas que nos diferenciam da urbe planetária, ressalto a seguinte:

O voto no Brasil é proporcional (para a presidência da república não) logo a quantidade de vagas será dividida proporcionalmente pelos partidos envolvidos na eleição, em função da quantidade de votos que obtiveram ao término da mesma (quando há coligações a coisa fica muito mais complicada ainda).

Uma diferença, sutil, está no fato de que no Brasil não há uma lista explícita e sim um nome apenas.

Parte-se do subentendido de que ao se votar em um nome, seja ele qual for, estamos caídos de amores pelo partido ao qual esta forma semântica está ligado!

E daí, qual o problema?

“A roda pega” no fato de que o seu voto não só pode, como e também, elege alguém em quem você não votou.

Vamos partir da hipótese mais simples, não há coligações!

Você votou no candidato CEBOLA do partido A para vereador e depois votou 3 vezes no partido C para senador e 4 vezes no partido D para deputado

Se houvesse apenas do seu voto, o seu vereador seria eleito e junto com ele os outros candidatos dos dois partidos, C e D, que não tiveram nenhum voto, pois o partido vencedor será o D com os seus 4 votos e nesta condição hipotética teria a maioria dos cargos vagos no município, onde certamente colocara os primeiros da lista dele, o partido C tem 3 dos seus votos e terá uma proporção maior que a do partido A com apenas 1 voto

Se você não entendeu ainda vou ser mais claro:

Se houvesse somente 16 vagas a serem preenchidas pelo voto, o partido D teria 8 vagas para si, o partido C teria 6 vagas e o partido A apenas 2 vagas, isso que dizer que você elegeu 15 vereadores com 0 (zero) votos de uma só vez!

Agora imagina isso com alguns milhões de eleitores envolvidos no processo (que eu continuo não confiando) e cada um fazendo a escolha que lhe é própria (sem ter como certificar-se de que o que fez foi realmente legitimado).

E quando há coligações?

Se a coisa já era confusa para o meu entendimento antes, aí quem pergunta sou eu.

No final das contas, quem foi que eu realmente elegi desta vez?


P.S.
Como após as eleições havia um troca-troca de partidos por parte dos eleitos o TSE determinou o óbvio, o cargo é do Partido e não do nome investido no mesmo.

domingo, 28 de setembro de 2008

Manhã de Sexta Feira



Esta é uma gloriosa manhã de sexta feira.

Lá fora o sol rompe uma tênue neblina (ou será poluição?) e ilumina, como deveria ser, o palácio e o casebre com uma igualdade divina.

Engraçado, ninguém nota isso, alias acho que nem mesmo notaram que há um sol a brilhar por sobre esta metrópole.

Não...

Não sejamos exagerados há que nota sim (alem de mim é claro).

Os hipocondríacos "Ufa... que sol... isso me deixa doente"; os vagabundos "Com esse sol não dá para trabalhar"; os chegados a água destilada (ou fermentada) "Vou tomar uma para refrescar..."; os capitalistas "Hummm... (esfregando as mãos) teremos bons lucros hoje!"; os socialistas "Num dia como este dá para colocar até o Beira Mar no ministério da Justiça."; os agentes dos direitos humanos "Que injustiça, um sol desse e há infelizes em uma cela só porque esta sociedade é marginalizante."; o criminoso em um presídio "droga... vou ter que esperar a noite chegar"; os assaltantes de banco "Põe óculos escuro... idiota... com esse sol de merda todo mundo vai reconhecer você!"; Moradores de área de risco "Meu Deus... lá vem outra chuvarada de novo!".

Ah...

Mas tem quem nota e fica feliz!

O morador de rua "Que bom... a comida no lixo esta seca hoje!"; o honesto trabalhador urbano "Que bom hoje não haverá desconto por atraso!"; o trabalhador do cinturão verde "O clima esta propício para as minhas hortaliças."; o empregado descompromissado "É... Vai dar para escapar mais cedo..."; o patrão "hoje não há desculpas para atrasos ou baixa produção".

...

Esqueci???

Ah, claro, esqueci e de muitos outros, mas estes são minorias tão bem organizadas que não estão nem aí para o meu esquecimento, até contam com isso, mirem-se nos resultados das últimas, e vejam a repetição dos mesmos nas próximas, eleições.

Mas há um esquecimento que é proposital.

Eu não falei do cidadão (ã) honesto (a), decente, humano (a) que certamente viu este sol brilhante e alvissareiro sobre a grande cidade, mas estava ocupado (a) demais cuidando da forma que pode, e lhe é permitido (a), de seus semelhantes e suas mazelas, de seus parentes e da própria sobrevivência; sem murmurar, sem reclamar ou pedir reconhecimento, visto saberem ser isso apenas uma obrigação no seu dia-a-dia.

Pode parecer estranho, ou até mesmo incoerente, mas é a verdade, eles (as) sabem que para cada direito que lhes é garantido há uma obrigação a ser cumprida e estas pessoas cumprem todas as suas obrigações e ainda tem de suportar o descumprimento de seus direitos mais básicos.

Sem estas criaturas, os verdadeiros heróis deste país, nada valeria a pena.

Graças a Deus que ainda não são uma minoria organizada.

...

É...

...

Definitivamente esta é uma gloriosa manhã de sexta feira!

Bom dia!

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

A luz do Buraco Negro


Ontem e hoje tenho meditado sobre o LHC, sua criação, seu destino, sua repercussão pelo mundo a fora, a sua finalidade.

Eis que neste tempo me vi mergulhado no obscurantismo, a noite dos mil anos parece-me ter voltado, se é que em algum momento ela tenha cedido o seu lugar ao dia para os homens da Terra.

É...

Realmente fiquei perturbado com a idéia, medieval, de homens criando Buracos Negros.

Existem pessoas que acreditam serem deuses, que tudo podem e o pior, em posições sociais capazes de formar opinião.

Existem pessoas massificadas e massificantes, ignorantes o suficiente para acreditar em Papai Noel, Cegonha e Coelho da Páscoa, além de darem a sua própria vida, se preciso for, para garantir-lhes a existência como uma realidade e como uma verdade absoluta, total.

Até onde eu sei, o que diga-se de passagem é muito pouco, as teorias que admitem a existência de Buracos Negros os vê como criados por forças naturais e estas, tão gigantescas que somente estrelas as podem produzir; e tem mais, nem mesmo o nosso Sol (para os desavisados, uma estrela de 5ª grandeza) não tem as condições físicas para criar um naturalmente.

Agora eu pergunto.

Qual é o poder humano que é superior ao do nosso miserável e insignificante (quando visto no contexto da Via Lactea) Sol?

Que eu saiba nenhum, esta espécie nem mesmo consegue prever o tempo melhor que o faz naturalmente uma simples formiga, sem nenhuma parafernália diabólica, tão comum e antiga na superfície da Terra.

O máximo que uma colisão de partículas subatômicas (que é a finalidade primária da máquina LHC), mesmo quando criada pelo homem, pode fazer naturalmente é produzir radiação.

Para ser exagerado, na pior das hipóteses pode causar uma Síndrome da China, que por sinal qualquer reator atônico (usinas nucleares) no planeta pode fazer com mais facilidade, melhor e em menos tempo que o LHC.

Se ouvisse que as pessoas, mesmo não ligadas de nenhuma forma à máquina, pudessem ser contaminadas por radiação, oriundas do processo de colisão artificial humano, eu até que podia aceitar como uma realidade, mas um buraco negro...

Tenha dó!

Até este miserável roedor aprendeu (pasmem... em uma escola do estado (parece piada né?)) que para se criar um buraco negro é necessário uma pressão gravitacional só conseguida no âmago de estrelas muito específicas e sob condições muito peculiares o que por fim pode ser matematicamente previsto, uma vez encontrada a dita e propícia estrela em qualquer que seja o tempo, desde que ainda seja uma Estrela e não um “Horizonte dos Eventos”..

Eu não sei como funciona o LHC, mas o que aprendi é que tais colisões devem ocorrer em ambientes muito controlados, onde o feixe de partículas deve percorrer uma certa distância sendo acelerado continuamente no espaço e no tempo (usa-se campos de plasma no processo, eu presumo) até que com alguma sorte, acerte o seu alvo, o qual (alvo infortunado) é despedaçado e com isso gerando varias formas de radiação, resultantes estas de uma transformação das energias cinéticas dos corpos envolvidos no evento.

Nunca ouvi falar que para tais ocorrências seria necessário pressões elevadas, muito menos pressões gravitacionais.

Qualquer coisa ou absurdo propagado, mesmo simples e meros boatos, é motivo para o susto das massas, quando que para realmente ver o perigo, a cegueira das mesmas é completa, é total.

No entanto, está me parecendo que o início do funcionamento desta máquina é um marco para a ciência, em especial para a física.

Concordo que em todos os experimentos haja uma dose de perigo, mas neste caso o perigo maior que posso imaginar é o uso inadequado, imoral, impróprio e ilegal das informações obtidas no manuseio cotidiano da máquina.

A ocultação das descobertas, bem como a sua revelação, pode ser tão desastroso (senão mais) que um suposto buraco negro, perdido alhures, na superfície do planeta Terra.

E é aí que reside a verdadeira questão, o verdadeiro problema, a verdadeira ameaça à espécie humana.

Quem é que vai dizer o que pode e o que não pode ser divulgado, o que pode e o que não pode ser usado, o que é certo e o que é errado fazer, o que é moral e o que é imoral, quem deve viver e quem deve morrer, visto que este momento certamente há de vir.

O verdadeiro e real perigo, o verdadeiro e real horror, não está nos feitos do LHC mas sim, em quem os há de controlar.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Liberdade



Estamos na semana da Terra Brasilis, tais comemorações me remete a menos de dois séculos no passado.

Eis que, mesmo da minha toca, se não fosse a concreta floresta que ora se ergue ao meu redor, este roedor do planalto de Piratininga, poderia ver o famoso riacho e até com um pouco de imaginação ouvir o então, brado retumbante, que certamente ainda ecoa, romanticamente, por estas bandas nesta época tão festiva.

E daí???

Ora se assim inicio o discurso, da independência falando, o faço não pela efeméride e sim pela idéia que a ela acompanha, a liberdade.

Tão simples é o ato, tão inimaginável é a distancia que o leva a liberdade.

A liberdade, assim como a verdade absoluta, é uma utopia

A segunda quando não vista como una é relativa mas, a primeira, a incompreendida liberdade, não tem outra forma de ser vista senão na sua imensurável totalidade.

Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós...

Hã???

Como?

Virou o Samba do Crioulo Doido?!!

Se falava eu da independência e sua proclamação, porque da república os versos tomo?

Ora, eis aí um tênue e efêmero vislumbre da Liberdade a se fazer ver na prática.

Por ser esta uma idéia inatingível ouve quem, há muito tempo, a encadeasse a parâmetros.

Se presa a uma conjectura idealizada chamava-se Democracia, se livre, Barbárie.

A idéia a qual foi atado o conceito de Liberdade, é um amontoado de códigos, de leis, repletos todos de artigos, parágrafos, caputs e é claro, feita por poucos a representar outros e interesses muitos, para ser usada por todos e com a concordância unânime dos usuários.

Mas a Democracia é natimorta, seus idealizadores possuíam escravos, alias, ela só pôde ser engendrada porque haviam os escravos fato este, por si só, incoerente com a idéia concebida e à liberdade como uma realidade coletiva.

Vai daí...

O Feto, apesar de morto, é o belo e a Barbárie, bem viva, o feio!

Coisas das dualidades; conseqüências das tentativas de explicar o inexplicável, conceber o inconcebível, dimensionar o imensurável e sempre, sempre associado à interesses que na maioria das vezes se mostraram inconfessáveis.

Seja como for, já que arremetido fui ao tema, vejo a liberdade (coletiva) como uma utopia já que uma vez individualizada é tendenciosa, o que enfim e por fim é o nosso dia-a-dia.

A liberdade, pseudo social como é, reconhece apenas os vencedores e a estes outorga a verdade e o poder de decisão sobre o certo e o errado, sobre o que é moral e o que é imoral, dá ao vencedor e seus interesses o poder de justiça e o poder da morte, independente destes haverem vencido de maneira imoral ou não, de maneira desonrosa ou não, pois tem sido notório que só a vitória conta, só a vitória vale e para ela todos os meios não só são justos como também justificáveis.

Eis aí o porque do relativismo da moral, da honra, das leis e das punições que tanto assombram a vida e o cotidiano de uma humanidade com tendências à decência, à honra e à moral.

Aos olhos do global é criminoso apenas aquele que mata seis milhões por ideologia e não aquele que mata vinte milhões por ganância, é criminoso o que mata uma parte de uma população por questões étnicas e não que aquele que destrói duas cidades inteiras só para saber como funciona uma arma de guerra na vida real, não é crime matar seres humanos aos milhares só para amealhar riquezas, mas é crime roubar para manter vivo a si e os seus por apenas mais um dia.

A linha demarcatória destes limites me parece muito clara.

Ao vitorioso, independente de qualquer coisa, nada se pede ou se cobra, tudo se dá.

Ao derrotado se criminoso ou não, se culpado ou não, tudo lhe será imputado, tudo lhe será cobrado, tudo lhe será tomado de uma forma ou de outra.

A Liberdade dos homens da ao vencedor os despojos e as honras, ao derrotado a dureza das leis vencedoras, a frieza e o oportunismo dos interesses vitoriosos, condena-os uma condição miserável, dá-lhes por fim a escravidão, ou, lhes impõe uma submissão vil, abjeta, servil e colonial.

Por fim, ao vitorioso o palácio imperial com seus amigos mais chegados a desfrutar de prazeres e delícias inimagináveis, aos aliados a concessão de feudos portentosos, aos bons colaboradores da causa, consortes abnegados e aparentados coniventes, os postos para a arrecadação ou controle das riquezas e das massas, aos derrotados a condição de libertos de um jugo opressor, felizes e contentes colonos em uma terra que lhes fora própria, no entanto não mais sua, (talvez de ninguém, o que não tem a menor importância) porém servil e produtiva, fecunda, para o vitorioso dono do plantel.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Olha Só...


Eu passei algum tempo do dia de hoje às voltas com artigos científicos sobre a arte de voar.

Uma arte interessante restrita à família das aves, os modernos dinossauros.

No entanto algumas outras famílias tem espécies, desavisadas é claro, que também voam naturalmente.

Nós os ratos não voamos salvo quando somos explodidos por alguma bomba malvada, ou estamos em veículos rastejantes mas velozes, muito velozes em terra firme, ou ainda em máquinas de voar, onde muitos de nós ficamos como os peixes, enlatados até o fim do trajeto.

Há sim!

Nós temos alguns parentes que naturalmente voam, mas não são muito bem visto pela sociedade, tidos e havidos como selênicos, a maioria vaga por aí lambuzando-se no néctar da arte e do pensamento, profíncuos e(ou) belos, em um frenesi de criações boas e moralizantes cujo valor real ultrapassa o mensurável, uma espécie lamentavelmente em plena, franca e avançada extinção

Li algumas teorias e até pude compreender algumas delas cujas as equações foram simples o suficiente para o meu entendimento.

A minha atenção foi chamada para o caso quando li que de acordo com os princípios do vôo, besouros e as abelhas não podiam voar.

O fato se deveria a conformação de suas asas em relação ao seu corpo e peso relativo.

Foi aí que resolvi deter os meus afazeres e pesquisar a idéia, pois afinal abelhas e besouros podem, definitivamente, voar.

Li um bocado de teorias e nenhuma explicava o porque da teimosia das abelhas e dos besouros em fazerem o impossível.

Como não encontrava nada que pudesse apoiar este ato inconcebível, fiquei a meditar sobre o assunto e pasmem...

Eu descobri o porque desta aberração na física clássica!

Pois é...

Abelhas e besouros podem voar porque não sabem nada sobre a técnica, o princípio, do vôo e não estão nem aí para o que os homens possam pensar a respeito.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

E o Rato dorme...


E dormindo, sonha...

E ao sonhar sente e ao sentir, olha e vê:

Contempla miríades de miríades de archotes, com chamas bruxuleantes a acena-lhe, inseridos, incrustados, na infinita imensidão e escuridão do céu.

Baixa os olhos e na luz das estrelas observa o seu mundo, tão conhecido e tão ignoto, pequeno o suficiente para que mesmo sob a luz estelar veja com clareza o seu caminho, o seu labor, os perigos; mas, e também grande, grande mais que o necessário para que nas escuras dobras, do dia ou da noite, more o insondável, o desconhecido.

Observa atento o caminho, rota tortuosa do seu dia-a-dia, a estender-se preguiçosa, sob a tênue claridade, serpenteando obstáculos até o seu destino.

Vê do aconchego de sua toca os perigos inerentes da jornada, mede suas forças para a empreitada, sente que o momento não é propício, a hora imprópria; seguro é o aguardo do amanhecer, afinal, quando a luz do dia chegar tudo será definido e a verdade se fara visível.

...

Argos em meio à poeira contempla o pó e a todos vigia, tudo vê com seus “mil olhos” quase eternamente abertos, mergulhados em negrume quase eternamente infinito.

Se alguma vez dormiu, foi ao som da lira de Morpheu a idos, em um momento na eternidade a muito esquecido no tempo.

Não deixou de ver o Rato em sua tosca alcova, perdida, alhures sobre um miserável grão de poeira estelar.

Se pudesse sorrir, sorriria com atitude do Rato, em sua prudência onírica, ao esperar a luz do dia, algo tão regional, tão localizado, tão pontual no espaço e no tempo!

...

Eis que vejo:

Um Rato, na sua fugaz e efêmera vida, desconhecendo a escuridão, a esperar pela luz do dia.

Um Argos, na sua aparente eternidade, escuridão e imensidão, uma luz que jamais verá um amanhecer.

Ambos os dois, em suas efêmeras existências, aguardam pelo dia que certamente há de chegar, mas só o Rato e somente ele pode dormir, só ele, o Rato, pode sonhar.

...

E então, o Rato dormiu mais uma vez!

E dormindo, sonhou de novo...


quarta-feira, 6 de agosto de 2008

E No Princípio Era...


Nesta data dou início a um Blog.

... Se eu sei o que é um Blog...?

Não...


Mas vou descobrir, por isso o nome "Um Rato No meio do Mundo".
Dizem que um Blog é uma maneira de falar sobre idéias, apontar uma realidade, gritar sobre o pisão no pé, enfim uma maneira, uma forma de se expressar tão somente.
Vai daí a escolha de um roedor para olhar o mundo.

Eles são (de certa forma) como os homens, odiados em alguns lugares, santificados em outros, afinal o nosso planeta é grande o suficiente para a imensa heterogenia de sentimentos sobre esta nobre família, os roedores.

Os homens como os ratos vagam pela Esfera há muito tempo e como os homens os ratos detém o poder sobre a vida e a morte.

É, há ratos que mataram milhares de homens, claro, eles não tiveram nenhum dolo no caso, eram apenas os portadores da morte e nem mesmo sabiam disto, o que também custou muitas vidas entre eles mesmos, sem contar a caçada em massa que o homem promove nestes casos.

Mas há homens que mataram milhares de homens e com dolo, visto saberem exatamente o que estavam fazendo, e nestes casos nunca ouvi falar que houve uma caçada em massa dos homens pelos ratos, parece que temos aí "dois pesos e duas medidas"

Seja lá como for existem os ratos que moram nos esgotos, na mais completa sujeira, mulas da pestilência, vagam por caminhos escuros ignorantes da carga que transportam, exatamente como os homens que alienados de uma vida sadia perambulam sob o sol na mais profunda das noites, cavalgaduras dos males mais espúrios, ambos os dois, homens e ratos, vivem nos esgotos da vida, esgotos das ruas mal vistas, das cidades novas e antigas, das residências humildes, dos imensos palácios.

Os ratos de esgoto só vivem nos esgotos por que os homens criaram os esgotos e a natureza em sua imensa sabedoria atenuou a desgraça que cairia sobre os homens colocando ali estas tenazes criaturas, que apesar de nocivas ao homem, alimentam o alfange da morte com suas próprias vidas impedindo assim uma morte prematura ao prório homem, o criador dos esgotos.

Mas os homens, invejando a sabedoria da mãe natureza, criaram os miseráveis. Ratazanas humanas que vagam pelos esgotos nos mais diversos disfarces, da pobreza à riqueza; não para salvar uma espécie maior, mas apenas e tão somente para não dissolver e sim aumentar a riqueza de alguns, para não dissipar mas estender o poder de poucos.

Existem os ratos altruístas, estes dignificam a espécie sacrificando-se pelo homem, (são tão humildes que nem mesmo sabem disto) os ratos de laboratório!

Esta família de roedores já há muito tempo vem dando a sua vida para o conforto e a segurança do homem, graças a eles a ciência pode avançar muito mais rapidamente sem prejudicar a espécie humana e estes roedores são muitos, milhares, milhões.

Existem homens altruístas também, é claro!

Estes vivendo sempre modestamente, consegue com suas vidas exemplares e um grande esforço pessoal, salvar muitas outras vidas e não só humanas, diga-se de passagem, mas são tão pucos, tão sem recursos e na maioria das vezes, como os ratos de laboratório, tão anônimos.

Como podem ver, há mais similaridades que discrepâncias nas comparações, a escolha do rato para ver o mundo é muito pertinente, mesmo por que, como o homem ele costuma estar em quase todos os ambientes e lugares da Terra nas suas mais diversas formas.