domingo, 4 de abril de 2010

O Vento

Hoje, domingo de páscoa, eu tencionava usar um tema assim como, por exemplo: “O Tempo e o Vento” mas um tal de Érico Veríssimo me antecedeu e o fez com muita maestria no entanto, para não dizer que não “falei de flores”, o farei sobre o vento.


Hã...?


E o tempo?


Este, Gone With the Wind!(1)



***


Pois é, eu tenho vários temas quase que completamente desenvolvidos para ser postado e como não me decidia por nenhum acabei iniciando este na manhã de hoje e deixando que o tempo decida qual será o próximo, mas agora falo das “letras” que, em sendo mortas, à muito o vento carregou para as terras da ignorância onde hoje jazem imortais na mais plena das obscuridades, ofuscadas que foram pela pena de novos e “famosíssimos” escritores de best sellers brasileiros isso quando estes não sobrepujados pela imensa competência, escrita, falada e cantada por todos os meios e sempre em tom mais alto dos “camaradas” internacionais, ou ainda, “camaradas” nacionais com nomes alienígenas ao nosso pátrio vernáculo, verdadeiros “Pedros” antes do cantar do calo.


O que é Best Sellers?


Olha, se não for um estrangeirismo deve ser como os futuros letrados, escritores, escrevem Besta de Cela em inglês clássico no Orkut, no MSN ou no Twiter, como eu não sei falar ou escrever em inglês, nem mesmo os termos técnicos da informática que vivo usando, sugiro ao distinto(a) com avidez de conhecimentos que consulte um dicionario de inglês-português para extinguir essa sofreguidão de saber multinacional.


Um vento distante trás-me ao ouvido a ideia que difícil é ler o que escrevo, meus textos são longos demais e o que se diz não é compreensível.


Meditei sobre o tema ao som de The Sleeping Beauty, Op.66, depois com as Bachianas Brasileiras, na sequencia, Súplica Cearense, Brasileirinho, Rosa e por fim ao término de “A Construção” havia conseguido construir, concluir, algo sobre o assunto.





Eu não sei escrever nada.







É por isso que os meus textos são difíceis de serem lidos, não sei expressar a mais simples das ideias em menos de 125 caracteres e como não posso e não sei ser tão bom assim o que eu escrevo não é entendido e fica mais difícil ainda de ser entendido porque eu uso palavras quando escrevo, eu não aprendi em meu tempo de escola a expressar-me com sinais guturais tão em voga nos dias de hoje.


No meu tempo de escola para se fazer uma música, precisava ser um músico, a menos que se tenha nascido um gênio e eu sei que gênio não é capim como são os de hoje.


No meu tempo de escola a letra de uma música discursava sobre um tema e era perfeita nas normas da prosa e da poesia, não é como hoje onde uma boa letra de musica precisa apenas de letras tão somente, mesmo que ligadas, tais letras não façam o menor sentido para o meu parco e insignificante conhecimento musical


No meu tempo de escola as artes plásticas eram feitas por seres humanos com um talento impar em sua arte, naquela época o homem tentava imitar Deus em suas criações o homem nivelava-se pelo maior valor possível, hoje o homem tenta imitar os animais em suas criações e ao meu ver, o olhar de um miserável rato o homem nivela-se pelo nível mais baixo possível.


No meu tempo de escola escrever era algo que exigia um conhecimento sobre diversos temas e só escrevendo constantemente e principalmente lendo obstinadamente, obsessivamente, seria possível um dia escrever um texto com alguma qualidade, hoje basta que a mídia diga que é bom e a editora fica rica.










...


Mas voltando ao tema, o mesmo vento que as folhas mortas carrega vira a página de um livro machadiano ante minha face, corro os olhos no texto e o que vejo e leio me leva à humilhação, os textos de Machado de Assis são de longe infinitamente melhores que os meus e eu consigo entender o que ele escreveu mesmo depois de tanto tempo, tomo nas mãos algo de Luiz de Camões (mais humilhações) mas eu consigo ler e entender (na maioria das vezes) Camões ainda apesar do tempo que nos separa, até William Shakespeare eu consigo entender (depois de traduzido) e olha, o homem é Inglês da gema, mas não consigo entender e às vezes ler o que escreve os novos escritores, me parece que na maioria deles nada mais fazem que juntar palavras aleatoriamente até que a sentença tenha algum sentido e os novos gênios da literatura conseguem juntar sentenças que tenham algum sentido ou ligação entre si, nas artes plásticas eu não consigo diferenciar a arte que é feita por um ser humano da arte feita por um símio e no que diz respeito á música eu mão a consigo a diferenciar de um ruido qualquer que algumas vezes está acompanha grunhidos estapafúrdios, estranhos, que via de regra vem do instinto animal da sobrevivência pelo prazer da procriação.

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Um dia eu aprendo a escrever, talvez neste dia isso já não seja mais necessário, visto que pelo andar da carruagem antes de terminar este século o melhor da música será o som de duas ou mais pedras batendo entre si com o acompanhamento do máximo da voz humana que seguramente não precisará mais de suas cordas vocais, o melhor das artes plasticas será o que alguns gênios conseguira fazer com as mãos entre uma chama e a parede de uma caverna, por fim quanto à literatura ela talvez um dia seja redescoberta de alguma maneira, em algum momento algum dos meus e(ou) seus descendentes vai descobrir que a parede de uma caverna não aceita só a sombra de uma mão.

Como este dia ainda não chegou, eu lamento pelo vento, mas continuo tentando escrever direito, mesmo que seja eu o único neste planeta a agir assim, gastei mais de meio século de minha vida para chegar até aqui e não pretendo mudar, agora que estou na plena adolescência.


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A cultura e o conhecimento estão mortos...


Viva o Rei!









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(1) Gone With the Wind, é o título original do filme de 1939 “E O Vento Levou” com o qual eu faço um trocadilho com o tema do paragrafo e o conteúdo do texto postado.