sábado, 20 de novembro de 2010

Uma questão singular







Que horas são agora?






Eis ai uma pergunta simples e que não pode ser respondida sem parâmetros que ficam subentendidos para o questionado e que condiciona a resposta a qual, e por sua vez, é específica para o evento compreendido pelo questionado no entanto, relativa, específica, válida somente para os parâmetros invocados à sua consumação.

A resposta obtida desta interlocução é a mais pura e perfeita amostra da aplicação prática do relativismo, a pergunta é uma equação cujo resultado é uma resposta exata, cujo valor varia ao infinito e todos eles serão verdadeiros, mesmo quando fora dos parâmetros subentendidos entre as partes envolvidas.

Todo valor obtido para a pergunta “Que hora é agora?” seja ele qual for é sempre verdadeiro, pois será sempre a hora exata em um ponto real e existente em algum lugar na Terra.

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Eu escrevi “Da Terra”???

Olha só que interessante!

Quando citei a Terra ficou implícito que até aquele momento falava eu de seres humanos o que era a mais absoluta verdade, mas a partir daí a ideia de “Que hora é agora?” perde a sua correlação com a familiar ideia de hora e passa a ser entendida como 'Tempo'.
 
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Sobre a face da Terra a ideia de hora faz sentido, sobre a Terra podemos estender suas potências para maior e menor na tentativa de compreender o que mais próximo nos rodeia, para além disto a ideia de hora e suas potencias não faz em verdade o menor sentido (salvo para a individualidade da criatura), não tem o menor valor e pode nem mesmo existir, a Terra e o que a rodeia esta sob o regime do tempo e não da hora a qual é uma invenção humana e que atende apenas às necessidades e a ignorância da criatura.

O tempo é a verdade, é a essência e o caminho que tudo, à sua maneira percorre do Alfa ao Ômega.

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Bem, então o que é o tempo?

Parafraseando Shakespeare eu posso dizer sem constrangimentos:

… Eis a questão!...

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Toda e qualquer tentativa de definição da ideia de tempo sempre levará a um erro crasso em algum momento durante a análise da teoria e isso porque o tempo é sem dúvida um 'conceito primitivo'.

É como o ponto, a reta e o plano. (todos geométricos)

É como uma linha reta cuja única dimensão possível de entendimento e o comprimento (a aparente linearidade do tempo) e só pode ser concebida como a distância mais curta para um segundo ponto (também geométrico|) consecutivo ao inicial (ponto de partida desta linha imaginária) o qual e por sua vez, traça a direção única que deve as subsequentes ligações seguir depois do ponto de princípio até um ponto antes do infinito. (um outro conceito, na melhor das hipóteses)

Só para se ter uma ideia do tamanho do problema que é a definição de uma linha reta pense sobre o seguinte:

“Uma vez tomada uma direção a partir de um ponto (geométrico) inicial, seja esta direção qual for, sempre haverá entre o ponto inicial e o ponto imediatamente subsequente uma quantidade infinita de pontos”, isso sem levar em conta que uma reta (geométrica) não tem princípio nem fim.

Uma simples mas perturbadora ideia de verdade, não acha?

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Na minha concepção, a melhor maneira de se ter uma vaga, distante e imprecisa ideia do que é o tempo é concebendo a noção do não tempo, pois em sendo o tempo por princípio indefinível a sua ausência pode ser imaginada sem cometer-se erros assim tão absurdos, (somente aqueles que beiram o imenso absurdo) o que já é um avanço muito significativo em matéria de definir o indefinível.


Para tanto é necessário em princípio ter uma noção da ideia do “Uno, do Unificado”, pois é nele que tudo o que possa ser imaginado é tornado verdade e onde tudo o que é verdade pode existir, onde tudo o que pode existir tem, ao seu tempo o seu retorno à origem, onde é gerada a justificação do fim; nada que exista ou possa ser imaginado, sem nenhuma exceção, esta localizado fora dele, mesmo a ideia do não tempo.

Apenas o todo pode ver o nada, só o 1(um) conhece o 0(zero).

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Eu, nós todos, somos a prova mais que evidente desta unificação.

Tudo em nós veio das estrelas e todas as estrelas tem o que em nós existe de alguma maneira e, em algum momento no tempo; nada é em sua essência algo mais que os arranjos diversos dos componentes primevos, tudo no universo por nós conhecido e conjecturado tem a mesma composição básica.

Há relativamente há mais espaço entre os núcleos de meus átomos do que há entre as estrelas em uma galáxia, a essência da minha existência não mostra nenhuma diferença entre eu e a pedra, entre uma pedra e uma estrela entre qualquer estrela e os universos onde possam ou não, existir.

Eu, nós todos, como um todo ou como unidade somos um universo completo contendo muitos universos, somos copias únicas (diferentes entre si) do universo em que estamos contidos o qual por fim existe em seu próprio continente e infinitos destes, juntos ao final de tudo, serão apenas um, o Uno, o 1.

Por isso existe a possibilidade de chegarmos a imaginar o Uno, pois gostemos ou não somos 'farinha do mesmo saco'.
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A soma da multiplicidade singular que é própria dos componentes nos levará ao Todo, ao Uno; o problema para o entendimento disto reside no fato de que a individualidade que nos é inata e da qual não consigo conceber o livramento, levará este nosso Todo, esse nosso Uno a uma também Individualidade Viva, este conceito leva como consequência ser este nosso Todo apenas um elemento de uma Vida Individual maior ainda.

O conceito de um conjunto de individualidades, completamente unificada e viva como uma individualidade única e una levada ao infinito certamente não é algo de simples compreensão.


Curiosamente o mesmo se dá com o tempo, posto que por mais que o façamos coletivo ele é sempre individual em sua essência.

O Tempo é igual para todos os conjuntos mas, diferente em cada conjunto e diferente ainda para cada componente de cada um dos conjuntos, não sendo igual em nenhum de qualquer subconjunto imaginável no entanto, e apesar disto, o Tempo permanecerá único e imutável onde quer que se manifeste.

A definição do tempo, a busca da verdade ou, do verdadeiro, são metas para qualquer que seja a criatura, inatingível.

São utopias transcendentais ao conceito de utopia.

Nem mesmo o Universo tem esta compreensão.

Para ser possível a compreensão destes conceitos é imperioso, é imprescindível “nascer novamente”.


mkmouse