quinta-feira, 29 de julho de 2010

Vai Pensamento, Vai...

Como as férias escolares chega ao fim (só para alguns) resolvi começar esta segunda metade do ano de 2010 com um pouco de cultura, aproveito para mudar o visual já que no mês que vem, Um Rato No Meio Do Mundo faz dois anos de existência.
Foi no olha aqui, vê ali, pega esse, troca por aquele e pensa naquilo que então optei por isto:

O festival de St. Margarethen em Burgenland na Áustria.

No ano da graça de 2000, na pedreira romana de St. Margaret, foi apresentada ao ar livre a opera Nabucco de Giuseppe Fortunino Francesco Verdi (10/10/1813 a 27/01/1901), o qual foi um compositor do período romântico italiano sendo na época considerado o maior compositor nacionalista da Itália, assim como Richard Wagner o era na Alemanha.

Nabucco é uma ópera em quatro atos, cada qual contendo um subtítulo e uma breve citação ou paráfrase do Livro de Jeremias e conta a história do rei Nabucodonosor da Babilônia, ela tornou-se célebre por inflamar o sentimento nacionalista italiano quando foi composta, o que aconteceu durante a época da ocupação austríaca no norte da Itália.
Verdi tinha 29 anos em 1842 quando compôs a sua terceira ópera, Nabucco.
Então vamos aos detalhes.

Burgenland (na sua forma aportuguesada) é um dos nove estados da Áustria, localizado ao leste do país. Estende-se por 166 km de norte a sul, porém de leste a oeste tem apenas 5 km em Sieggraben. Seus limítrofes são a Baixa Áustria a norte e a Estíria a oeste, e tem fronteiras com a Eslováquia a nordeste, a Hungria a leste e a Croácia ao sul. Com uma área de 3.966 km² (terceiro menor Estado) é ocupado por 277.569 habitantes, o que o torna o menos populoso e o lar de importantes minorias croatas (29 a 45 mil) e magiares (5 a 15 mil).

A sua capital é Eisenstadt com onze mil habitantes.






A cidade de St. Margarethen tem 14,56 Km2 e tinha 1039 habitantes em 31/12/2005.

Em julho de 2007, sob a regência do maestro Ernst Märzendorfer houve uma nova apresentação desta ópera no mesmo festival, contando no elenco com Igor Morosow, Bruno Ribeiro, Simon Yang, Gabriella Morigi, Elisabeth Kulman & Janusz Monarcha, com orquestra e coro da Europasymphony.

Na apresentação do ano 2000 há algumas características que eu considerei dignas de nota, como a orquestra, o coro e os efeitos de iluminação no cenário.

Esta apresentação foi uma produção de Wolfgang Werner, acompanhada pela Orquestra Junge Philharmonie Wien, regida por Gianfranco de Bosio.
A orquestra elite júnior de Viena combina os melhores músicos austríacos jovens com idades entre 15-25 anos com um repertório amplo, flexível e internacional que varia de Bach ao contemporâneo, do jazz à ópera.

Orquestra Junge Philharmonie Wien, www.jungephilharmonie.at/

O Honvéd Coro Masculino foi fundado em 1949 em Budapeste é o único coro profissional do sexo masculino na Europa e é uma curiosidade quase em em todo o mundo.

O conjunto que trabalha atualmente com 44 cantores e é elevado ao topo do coro europeu pela sua abertura artística, pela dedicação à educação de talentos e o alto padrão profissional.


Recortei da ópera, no 3º Ato, Cena V o Canto coral Vá Pensiero; consegui a letra em italiano de Temistocle Solera e uma tradução para o português, sincronizei então a legenda em dois idiomas.

A letra em Italiano diz: O simile di Sòlima ai fati, a tradução que consegui e a maioria das que eu já li em português e espanhol diz: Lembra-nos o destino de Jerusalém, o que é incorreto pois o texto diz: Lembra-nos o destino de Suleiman, e é ai que pode começar uma confusão visto que este nome refere-se com certeza a Salomão (e o Templo de Salomão) cujo reinado em Jerusalém foi de 971 a 931 AC ou seja, quase 400 anos antes de Nabucodonosor II destruir o templo de Jerusalém (587 AC) e não ao outro Suleiman “o Magnifico” em cujo reinado (1520 a1566 DC) o Império Otomano se converteu em um centro econômico, político e cultural do médio oriente.

Pouco menos de 100 anos antes de Suleiman o Magnífico, o sultão Maomé II (1453), conquistava a capital bizantina (Constantinopla) para o império otomano, com isso terminava o império romano do oriente e morria o seu último imperador, Constantino XI, este fato é considerado o marco final de um período histórico conhecido como idade média; o império otomano teve como capital a cidade de Constantinopla até a sua dissolução em 1922, em 1930 Constantinopla passou a ser chamada de Istambul e é a capital da República Turca.

O imperador Constâncio, filho de Constantino o Grande, construiu em Constantinopla uma igreja para ser a sede da cristandade mas ela foi destruída em 532 durante a revolta de Nika. Foi o imperador justiniano I quem a reconstruiu em sua forma atual entre os anos de 532 e 537, esta construção é considerada um exemplo da arquitetura bizantina e portanto uma obra de arte, o tamanho e a grandiosidade da construção legou-nos a lenda de que Justiniano I ao vê-la completa tivesse dito: Νενίκηκά σε Σολομών ("Salomão, eu te superei!").

Com o início do domínio otomano passou a ser uma mesquita, o que o foi por quase 500 anos, neste período todos os seus mosaicos foram cobertos cumprindo assim a lei islâmicas, em especial as que tratam sobre o pecado da idolatria, com o fim do império otomano deixou-se de realizar cultos nesta mesquita e a então já famosa “Mesquita Azul”, foi transformada em um museu pelo governo turco.
A basílica de Santa Sofia só foi superada depois do final da idade média com a construção da atual basílica de São Pedro (só terminada em 1614 com a sua conhecida fachada) no estado do Vaticano, ela foi erguida sobre a basílica existente em 1450. A construção da Basílica de São Pedro, em Roma, data dos anos de 326 a 333 e foi construída por ordem do imperador Constantino.

Antiga - 1450


atual

Em vista disso chegamos a um ponto crucial, a religião...



Vai Pensamento, vai!!!




As três maiores religiões monoteístas do planeta são: Judaísmo, Islamismo e Cristianismo.

No entanto estes povos não são os primeiros a se identificarem com um único Deus, esta crença é mais antiga e já havia inclusive influenciado o destino do velho Egito em tempos mais remotos, até mesmo os povos do oriente partiram deste princípio para gerar o seu antigo mundo politeísta.

Não levando em conta o radicalismo religioso, ou ainda as variantes criadas em cada um dos três polos religiosos, a essência as religiões monoteístas muito pouco divergem entre si, o que é um fato curioso, pois todas as três partem de um princípio comum e igual.

A cultura judaica parte do princípio que (יהוה) YHVH (jeová) é Deus e vivem sob a orientação da lei mosaica, o seu livro sagrado é a Torá (תורה).
A cultura Islâmica parte do princípio que Allah (que seu nome seja louvado) é Deus e que Maomé é seu profeta, a lei a ser seguida e os princípios morais dos muçulmanos estão contidos no Alcorão e é considerado um pecado gravíssimo modificar, cortar, excluir ou adicionar as palavras do Alcorão (o que vale para o Judaísmo e o Cristianismo), bem como é considerado pecado (todo pecado no mundo muçulmano é grave) vender este livro.

Nome de Allāh na caligrafia árabe,

feita no século XVII pelo artista otomano, Hâfız Osman.


A cultura Cristã parte do principio que Deus (O mesmo do judaísmo e do Islamismo) é uma trindade (Pai, Filho e Espírito Santo) e que Jesus de Nazaré é o filho de Deus e salvador da humanidade (o messias do judaísmo), o seu livro sagrado é a Bíblia Romana que é composta por dois conjuntos de livros, um no antigo testamento e outro no novo testamento.
Eu não sou um entendido em assuntos religiosos, mas a essência de tudo certamente foi captada nos parágrafos anteriores sobre o assunto.
Por fim, voltamos de novo ao tema...
Uma última curiosidade na apresentação são os feixes de luzes verdes que aparecem no decorrer da apresentação do canto coral que como o texto (coerente com o tema da ópera) sugere é um lamento de prisioneiros de guerra por isso as luzes verdes simbolizam as grades, os limites da prisão (minado?) e a luz das torres de vigia, resquícios do início e meados século XX!

A tradução para o português que li não foi do meu agrado por isso a alterei para que, da forma como entendo, ficasse mais perto do tema cantado.

O libreto completo da ópera pode ser encontrado no site:-

http://opera.stanford.edu/Verdi/Nabucco/libretto.html

A apresentação abaixo é um vídeo em avi de 46,6 Mb com a duração de 4 minutos.





Bom divertimento!




terça-feira, 6 de julho de 2010

O Parasitismo


Enquanto vou roendo os problemas do dia a dia, saboreando as guloseimas que a vida me oferece e contornando as pedras, obstáculos do meu caminho, vou pensando no que vejo, ouço, leio e sinto.




O burburinho alucinante de imagens, sons e sensações por que passamos acabam por desencadear em nós uma torrente de emoções cuja diversidade de sentimentos e reações pode chegar a ser inimaginável.


Na maioria das vezes, criaturas obstinadas permanecem um tempo indefinidamente longo procurando por soluções para questões com apenas uma ou duas soluções possíveis isso, quando não ficam agarradas a problemas, como se fossem eles as únicas tábuas de salvação para um náufrago, por um tempo tão longo que sem exagero pode chegar às raias do infinito.

Tais obstinadas criaturas, quando não se perdem por um labirinto de soluções quase todas só viáveis dentro da escura cegueira de seu olhar, dedicam-se à contemplação interminável, infinita, da questão a qual se tornaria absurda se vista à luz de uma singela vela, enquanto isso o tempo passa incontinente à criatura, quando não se faz findo neste ínterim.

É...

Temos um tempo para resolvermos os nossos problemas e ele não é infinito, é no máximo igual ao tempo de nossa vida útil.

Isto nos leva a uma questão secundaria mas sumamente relevante, o tempo. (o que por sinal desde há muito ninguém sabe às quanta anda).

Não vos falo aqui do tempo climático, circunstancial, pertinente a micro sistemas ou não e sim do Tique-taque que convencionou-se designar como o espaço entre um evento temporal e outro na linha evolutiva de cada coisa que existe.


Agora veja a contradição que este espaço, via de regra, trás consigo.

A ciência hoje, como ontem, prova que o conhecimento humano do ontem estava errado e no hoje diz o que é certo, com isso comete um um erro que será corrigido pela ciência do amanhã.

E por aí vai, o que nos trás de volta ao tema principal...

Hoje nós sabemos que a Terra não é o centro do Universo como era do conhecimento geral ontem, mas antagonicamente à verdade científica, comprovada, do que é a Terra hoje alem de nossa condução e casa, o Homem não se convenceu ainda disto e continua não só achando-se o “Centro do Universo” como, e também, agindo como se fosse o "Dono Inquestionável de Tudo"!

E como eu sei disso?

Pela potencialização infinita da importância que o homem dá a si mesmo em detrimento do que mais possa existir ou rodeá-lo.

Para o Homem uma pedra é nada além de uma simples pedra, o Homem é superior a ela pois é o Homem mais evoluído que ela, no que até tem rasão quando se trata da cadeia alimentar; nesta ele está no topo e as pedras nem mesmo fazem parte deste esquema evolutivo, elas são minerais! (pelo menos segundo a definição ditada pelo Homem)

No entanto este bípede implume há por seu bem próprio esquecer a lembrança de que não fosse a pedra esta espécie fraca e mal ambientada nem mesmo existiria na face deste planeta.

Alias se não fosse a proteção ativa, natural e incondicional desta esfera azul e “inanimada”, a vida como é conhecida nem mesmo existiria; o universo para a vida como conhecemos é de uma hostilidade que transcende e em muito o imaginável.

Até entendo a conveniência ao ego humano destes esquecimentos.

Quando o homem relega a pedra à condição da insignificância pura, esquece-se que não poderia sobreviver neste planeta sem ela e isso ainda nos dias de hoje.

É a Terra que deu à pedra e ao homem os componentes básicos de suas estruturas o que dela também é a parte primordial, não fez nesta doação diferença alguma entre a estrutura da pedra e da estrutura do homem salvo por pequenos arranjos nos padrões atômicos e nos arranjos subsequentes a estes que não só nos compõe, como é comum a ambos e a tudo o mais que é originário deste planeta..





Ambos os dois, homem e pedra, tem a mesma origem e a mesma forma em sua essência que a Terra; não são nada alem de núcleos atômicos rodeados a uma distância quase infinita por eléctrons e os conjuntos estes, espaçados entre si por distâncias ainda maiores.





Se fosse possível juntar toda esta “massa primordial” da Terra e tudo o que ela carrega consigo, todos estes átomos uns colados aos outros produziria um volume que talvez venha a encher um tabor de duzentos litros

E sabe como seriam as coisas dentro deste tambor?

Haveria uma miríade de núcleos atômicos que beira o incontável, constituídos de Quarks ainda menores, acompanhados de uma maior infinidade ainda de elétrons agora quase imóveis unidos uns aos outros, todos juntos, comprimidos ao máximo mas sem a perda da individualidade de cada elemento.

Se mais compridos fossem ainda, além de perder a identidade, se transformariam em um punhado de nêutrons, todos iguais entre si e ocupando um espaço ainda menor que na forma anterior.

Todos iguais entre si, seria o mais perfeito dos socialismos!



...


Por ventura o que torna o homem melhor que a pedra é a forma final e externa?

Pois a primordial e interna só se difere pelo arranjo físico e posicional no conjunto do qual é parte em relação aos outros conjuntos de núcleos e seus eléctrons; o conjunto homem é composto por uma miríade de elementos, uma impressionantemente heterogeneidade, no conjunto pedra é a fantástica homogeneidade que prevalece.

Como o homem pode ser melhor que a pedra se vive tentando ser igual a ela?

O homem não consegue ser sensato com sigo mesmo e menos o é ainda com a própria vida!


- Há!!!

Dir-me-ia alguém agora.

- O homem tem alma, espírito, (divina em alguns casos mui particulares de riqueza seja ela qual for) é uma criatura animada, viva e a pedra não tem vida além de nada dito do homem mais possuir!

Em assim sendo, a coisa fica pior ainda.

Em sendo homem e pedra primordialmente a mesma coisa com a mesma origem mas mesmo assim sendo o homem tão diferente da pedra é por que certamente o homem, a sua essência, é (ou são) estranho(s) a este planeta, um alienígena a usar, para aqui sobreviver, uma estrutura que não lhe pertence por natureza visto que certamente não é deste mundo.

O Homem é um E.T. que parasita a essência de uma pedra para sobreviver e ainda se acha melhor que ela!

...

Sabe, este rato não sabe o que é pior para o ego humano:

Não ser o centro do Universo e ser apenas mais um evento no contexto do todo Universal cujo propósito, cuja causa ou destino nos escapa hoje ao conhecimento ou, ser algo indefinível que para sobreviver como individualidade tem que imaginar-se o centro deste Universo e ainda precisa parasitar algo que nele existe, já que a simbiose me parece descartada definitivamente.

É...

A segunda opção me parece mais condizente com a ignorância abissal e o astronômico ego do homem.

É, neste momento que os sábios da Terra questionariam:

- Mas que sabe este simples roedor, da vida dos homens e de suas necessidades?!

- Afinal de contas, que autoridade tem este miserável mamífero para sequer pensar que pode pensar?

- Que títulos tem, esta ilustre insignificância, que o faz melhor que os PhDs, Doutores, Cientistas e demais Autoridades Devida e Legalmente Constituídas pela Sociedade para se expressar sobre a grandeza da espécie humana?

- Qual a sua Linhagem Social, Familiar; por ventura descende esta criatura de alguma longeva e (ou) importante família cujo peso e poder o faz suficiente para assim se expressar?


È...

Eu não sei nada da vida e menos ainda da vida dos homens.

É realmente, eu não tenho o conhecimento necessário sobre este assunto talvez, com alguma sorte, venha a ser eu um ignoto desbravador nesta área.

Títulos então, a não ser o de “vagabundo” dado por um presidente em algum lugar no passado, eu não tenho nenhum outro e este meu único, ainda o compartilho com muitas outras criaturas, algumas delas até mais desafortunada que este eu.

E por fim o meu pedigree, este sim nada tem de emocionante, exclusivo ou incomum à mais de noventa por cento da espécie.



...

É...

É definitivo!!!

Pelos parâmetros da “grandeza humana” eu sou um afortunado só por existir e ainda ter o bônus de fazer parte da espécie dominante do planeta.

Mas pelos parâmetros do Universo eu sou parte dele, eu compartilho com ele o seu destino e o seu tempo, a minha essência é comum à dele na sua infinitude e na sua pluralidade, eu existo porque o Universo existe, eu preciso dele para existir e quando ele se for, com ele irei também.

Esta é a minha autoridade:

A certeza intrínseca de que eu sou, como as estrelas o são, apenas um produto de estrelas outras nem um pouco diferente de tudo o que existe e possa ser imaginado existir, carrego comigo como tudo o mais que existe o Alfa, os meios e o Ômega da criação além de saber que não estou, nunca estive e nem estarei, sozinho neste Universo.