sexta-feira, 24 de junho de 2011

O Islã, segundo mkmouse



    Eu não falo nem escrevo em árabe, logo não posso entender com a precisão que gostaria o conteúdo do Alcorão.

    Eu acho que toda a tradução é uma tendenciosa pecadora, nelas falam mais os tradutores do que as obras originais poderiam falar por si só.

    No entanto das traduções (eletrônicas) que caíram em minhas mãos e da história que é parte integrante e inseparável do tema, eu acabei tendo uma razoável ideia do que é o Islã.



    Foi por volta do ano 570 d.C. em Meca, não se sabe ao certo, nasceu Muhammad ou para nós, Maomé; sabe-se que viveu com os pais até os seis anos de idade quando foi colocado sob a proteção de seu tio, Abu Talib, o novo chefe do clã hachemita por força do falecimento de seus progenitores.

Maomé, nos braços da mãe, Amina,
miniatura turca, University of Califórnia, San Diego

    Foi na condição de órfão de pai e mãe, em um mundo e sob o domínio da difícil natureza do deserto e na relativa proteção do clã de seu tio, que Maomé cresceu; foi ali que aprendeu a ser filho de muitos pais e muitas mães, sentiu o poder da discriminação, do preconceito, da desigualdade.

    Tornou-se hábil mercador (como era de se esperar) e eloquente narrador o que o tornou uma pessoa muito respeitada em sua sociedade.

    Como mercador que era acabou conhecendo uma viúva dona de muitas posses chamada Khadijah com quem veio a se unir matrimonialmente.

    Como era muito bom negociante acabou sendo também um excelente mediador e assim ficou conhecido pelos povos árabes como: AL Amin (O de Confiança).

    E assim foi sua vida até receber a visita de do anjo Gabriel em forma humana em uma caverna do Monte Hira com as revelações que culminaram no Alcorão


Jami_al-Tawarikh_Gabriel Rashid al-Din,
published in Tabriz, Persia, 1307 A.D.


    A doutrina central do islã é a unidade, a unidade indivisível de Deus.

    Esta unidade divina é muito mais do que dizer que há um só Deus e e não existe nenhuma outra divindade, é também considerar que o ato de só estar pensando em bens, estar pensando em condições sociais, estar pensando em poder; é estar aceitando uma outra divindade, é estar idolatrando, posto que tudo isso são ídolos do intelecto.

    Acreditar em um só Deus para um muçulmano da época não era ser um só povo, significava já não haver lugar para divisões sejam elas quais forem; a perspectiva era revolucionária no século VII.

    Com o islão vinha uma nova ordem, um novo modo de vida e era um modo bonito de vida, porque todos eram iguais: pretos, brancos, homens, mulheres, crianças...

    O curioso nisto é que esta mesma mensagem já havia sido compilada de textos muito mais antigos ainda e repassada como um único códex pela Vulgata Romana no século V; era menos evidente no velho testamento mas bem mais clara no novo testamento; estes mesmos princípios morais ainda são descritos em “livros” desta feita no longínquo oriente muito tempo antes dos mesmos aspectos morais serem temas entre os povos do ocidente e do oriente médio.

    Os seguidores de Maomé intitulavam-se "muçulmanos", que significa "aqueles que se entregam a Deus".

    É muito difícil falar sobre Deus sem materializar Deus, o Alcorão evita isso trocando constantemente os pronomes. (os 999 nomes de Deus)


Allah - Caligrafia

    E os muçulmanos sentiram desde desde o principio que a única representação justa de Deus é a palavra de Deus, logo, o próprio Alcorão.

    No Islamismo não existe uma imagem de Deus, isto porque não se pode representar Deus, e com certeza não seria ela, a imagem de Deus, associada a uma imagem de Maomé, porque ele não era, nem é divino, além do que que isso feriria o princípio básico: a unidade indivisível de Deus.


O Profeta orando na Caaba,
gravura otomana do século XVI.

    As imagens que existem de Maomé é sempre enquanto figura histórica ou humana.

    Prestam-lhe homenagem ao colocá-lo sobre um fundo azul muito luminoso ou com uma nuvem branca perto dele, ele também é apresentado com um pano branco a cobrir sua face, mas para além disso não se  distingue o mesmo das outras personagens na (e da) história.

    Maomé é considerado pelos povos árabes como um profeta de Deus, o que trás a tona a questão dos milagres visto que na concepção ocidental, profetas fazem milagres.

    Para a pergunta "Onde estão os teus milagres?"  a resposta corânica é... "Este é o milagre ” (o Alcorão).



    Maomé também falou da condenação eterna para o injusto.

    Ele falou de um cenário apocalíptico, falou sobre os sinais do fim dos Tempos, quando as montanhas se desmoronam, quando os céus se enrolam como rolos de papel, falou do momento em que saberemos qual a consequência e a nossa responsabilidade, sobre as as ações que praticamos.

    No ano 619 d.C., a esposa de Maomé, Khadijah, morreu assim como o seu tio.

    Alguns anos depois Maomé concordou em viajar até Yathrib, atual Medina, e resolver as disputas entre os Clãs que viviam nesta cidade oásis em troca de um refúgio seguro para o seu povo, os muçulmanos.

    Ao fazê-lo, deu início a uma nova comunidade, um novo Clã e pela primeira vez, estavam os seus integrantes ligados entre si, não por laços de sangue, mas pela fé.

    Esta viagem ficou conhecida como Hégira e o ano 622 do calendário cristão marca o ano 1 do mundo muçulmano.



    Foi ali, em Yathrib que um ex-escravo abissínio chamado Bilal, chamou pela primeira vez os crentes para rezar, desta vez, na casa de Maomé: a primeira mesquita.


ADHAN
O CHAMADO PARA A ORAÇÃO


    O Muezim pronunciou:
Allahu Akbar
Deus é  Maior! (4x)

Ach hadu an la ilaha ill- Allah
Testemunho de que não há outra divindade além de Deus. (2x

Ach hadu anna Muhammadan rassulullah
Testemunho de que Maomé é o Mensageiro de Deus. (2x)

Haiyá alas-salat
Vinde para a Oração. (2x)

Haiyá alal-falah
Vinde para a salvação. (2x)

Allahu Akbar
Deus é  Maior! (2x)

Lá ilaha ill Allah
Não há outra divindade além de Deus!

    Foi nesta cidade que os muçulmanos reuniram uma força de apenas 313 guerreiros e com poucas armas, constituída principalmente por velhos e alguns jovens, isto enquanto os habitantes de Meca se aproximavam para o combate fortemente armados e com mais de mil homens.

    Eles combateram três batalhas muito sangrentas.

    Eu considero nesta batalha inicial como sendo um verdadeiro milagre as forças de Maomé ainda existirem no final do combate.

    Durante três anos, o exército muçulmano resistiu contra a supremacia do adversário e com isso, um por um, os povos do deserto começaram a juntar-se à sua causa até que finalmente, Meca sucumbiu a Maomé.

    No ano 630 d.C. o exército de Maomé estava de novo em casa e agora com uma força de 10.000 homens.

    Maomé surpreende a todos quando abraça os vencidos em Meca.


Tomada de Meca – 630

    As suas tropas marcharam diretamente para a Caaba, circularam o santuário por sete vezes, antes de ele erguer o seu bastão e com isso determinar e consumar a destruição dos ídolos na área do santuário.

    Os seus seguidores estabeleceram um império maior que o de Roma, mas Maomé não viveu para o ver nada disto.

    No 11º ano do calendário islâmico, em 632 d.C., apenas dois anos após a tomada de Meca, Maomé morreu.


Miniatura persa que retrata a ascensão de Maomé ao céu

    E na minha maneira de ver foi nesta data que o Islã alterou e de forma não muito sutil a sua filosofia, foi ai que iniciou-se uma divisão, ao invés de serem apenas muçulmanos como deveriam ser e ainda na minha maneira de ver como diz o Alcorão, seriam dai para frente muçulmanos Xiitas ou Sunitas

    De acordo com os Xiitas, que significa "o partido de Ali", Maomé tinha na verdade designado Ali, o seu genro e primo, como o seu sucessor.

    De acordo com os Sunitas, Maomé não tinha designado um sucessor durante a sua vida, mas sim tinha afirmado:

    " - Depois de eu partir, escolham alguém de entre os vossos semelhantes, de entre os anciões."

    E assim da opinião majoritária, a Sunita, saiu um homem que seria o sucessor de Maomé: Abu Bakr.

    E ele dirigiu-se às pessoas em seu primeiro pronunciamento dizendo:

    " - Se vocês veneram Maomé, saibam todos que ele está morto."

    " - Se vocês veneram Deus, saibam todos que ele vive, e vive para sempre."

    Era ai que residia o segredo da força e a profunda influência do islã, o poder unificador de um só e indivisível Deus.




mkmouse

Um comentário:

Anônimo disse...

Cuidado!
No islam maomé até assassinou allah.