domingo, 5 de outubro de 2008

Quem Foi Que Eu Escolhi?



Eu ouvi uma explicação do TSE sobre o voto e entendi o seguinte.

O voto no Brasil tem uma maneira singular de ser, somente a Finlândia tem um sistema igual em todo o mundo, e isso a partir de 1976, enquanto nós votamos da desta maneira desde 1935.

Ficou-me uma dúvida:

Somos avançados demais ou, apenas otários?

Não se esqueçam que o voto eletrônico é uma invenção brasileira que não pega (cola) em nenhum outro lugar do planeta apesar dos esforços que tenho sabido haver.

O que me leva a outra dúvida:

Será que o que eu defini como preferência me foi confirmado só na tela da máquina, quando na realidade os bites da minha escolha foram para outra escolha que não a minha do outro lado da tela?

Não se esqueçam que os programas para computadores (salvo o S.O. da MS que esta acostumado a fazer o quer com a gente) na maioria das vezes fazem o que o programador manda e não o que o usuário quer que seja feito e até onde eu sei, o eleitor é apenas e tão somente, um simples usuário.

Mas, dúvidas à parte, vamos àquilo que realmente move a minha pena nesta data.

O voto em todo o mundo que usa este sistema está ancorado na seguinte premissa:

1-) O partido político elabora uma lista de nomes (da sua escolha) para a ocupação de cargos eletivos pela forma do sulfrágio universal.

2-) É fornecido ao eleitor uma relação de nomes para cada partido político.

3-) Estes nomes estão em uma determinada ordem de hierarquia para a função eletiva.

4-) O eleitor pega uma (ou mais) lista e diz qual a sua preferência para os cargos em questão.

5-) Quanto mais votos o listado tem mais ele sobe na lista em direção ás posições onde é possível a escolha pelo partido (na lista onde se encontra).

Vai daí...

1-) Toda a vez em que você vota em primeiro lugar e antes de qualquer coisa, você escolheu (votou) no partido, quer queira ou não.

2-) O nome que você escolheu se movimentará na hierarquia da lista em função da quantidade de votos que obteve na eleição.

3-) Uma vez finda a eleição, o partido obterá uma quota para a ocupação dos cargos eletivos em causa e se o seu escolhido estiver alto o suficiente na escala da lista para estar entre os escolhidos pelo partido, será eleito.

Certo, e daí?

Qual é a diferença com o quase resto do mundo?

No Brasil é em princípio a mesma coisa, mas dentre as muitas sutilezas que nos diferenciam da urbe planetária, ressalto a seguinte:

O voto no Brasil é proporcional (para a presidência da república não) logo a quantidade de vagas será dividida proporcionalmente pelos partidos envolvidos na eleição, em função da quantidade de votos que obtiveram ao término da mesma (quando há coligações a coisa fica muito mais complicada ainda).

Uma diferença, sutil, está no fato de que no Brasil não há uma lista explícita e sim um nome apenas.

Parte-se do subentendido de que ao se votar em um nome, seja ele qual for, estamos caídos de amores pelo partido ao qual esta forma semântica está ligado!

E daí, qual o problema?

“A roda pega” no fato de que o seu voto não só pode, como e também, elege alguém em quem você não votou.

Vamos partir da hipótese mais simples, não há coligações!

Você votou no candidato CEBOLA do partido A para vereador e depois votou 3 vezes no partido C para senador e 4 vezes no partido D para deputado

Se houvesse apenas do seu voto, o seu vereador seria eleito e junto com ele os outros candidatos dos dois partidos, C e D, que não tiveram nenhum voto, pois o partido vencedor será o D com os seus 4 votos e nesta condição hipotética teria a maioria dos cargos vagos no município, onde certamente colocara os primeiros da lista dele, o partido C tem 3 dos seus votos e terá uma proporção maior que a do partido A com apenas 1 voto

Se você não entendeu ainda vou ser mais claro:

Se houvesse somente 16 vagas a serem preenchidas pelo voto, o partido D teria 8 vagas para si, o partido C teria 6 vagas e o partido A apenas 2 vagas, isso que dizer que você elegeu 15 vereadores com 0 (zero) votos de uma só vez!

Agora imagina isso com alguns milhões de eleitores envolvidos no processo (que eu continuo não confiando) e cada um fazendo a escolha que lhe é própria (sem ter como certificar-se de que o que fez foi realmente legitimado).

E quando há coligações?

Se a coisa já era confusa para o meu entendimento antes, aí quem pergunta sou eu.

No final das contas, quem foi que eu realmente elegi desta vez?


P.S.
Como após as eleições havia um troca-troca de partidos por parte dos eleitos o TSE determinou o óbvio, o cargo é do Partido e não do nome investido no mesmo.

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