domingo, 10 de maio de 2009

O Por Que?... Do Rato.


Ha alguns dias foi-me feito algumas perguntas:

- Porque um rato?

- Porque "Um Rato No Meio Do Mundo"?

- O que isso significa?


O questionamento se justifica, visto que no mundo estas criaturinhas estão associadas a eventos desastrosos para a espécie humana e em assim sendo, associar a sua figura a um elemento desta ordem em primeira vista, não é levar as pessoas a uma boa imagem.

Por outro lado estes mamíferos se deram muito bem nas telas do cinemas, na telinha do televisor e no mundo da literatura em especial nos quadrinhos, mas este é um mundo fantástico, um mundo de fantasia, um mundo de sonhos bons e ruins, haja visto o sucesso de filmes onde "o lado negro da força" se manifesta e é o protagonista principal das ações que além de sempre se mostrar como sendo eterno, é aceito pelos bípedes implumes como tal!

Mas, mesmo no mundo do faz-de-conta a criatura em epígrafe quando não é o "mocinho" da história, faz a sua aparição quase sempre em meio a escuridão ou à penumbra, em meio ao medo ou ao suspense e por aparentemente ter uma vida em mundos cavernosos é sempre ligado ao lado mau ou ruim da vida o que ao final das contas não é tão irreal, tão inverídico assim.




O que não se leva em conta, e quase sempre, é que há muitos tipos de "Ratos".




Está aí uma vida que além de ser prolífera por natureza, é também na natureza prolífera em formas e espécies alem de possuir uma extrema adaptabilidade e mesmo assim ser tão frágil como o homem o é.

Não tem a longevidade dos quelônios e a descendência dinossáurica das aves, não carrega consigo a forma pré-histórica quase imutável pelos milênios dos crocodilos, tubarões e grandes lagartos. nem tem também o "DNA" da quase indestrutibilidade, tão presente nos insetos e nas bactérias.

Um rato, é apenas um rato, um simples roedor que quando vivo é o prato predileto de quase todos os predadores do planeta Terra e depois de morto, assim como toda a vida deste mundo, um banquete para vermes e porque não, para bactérias!

Os ratos podem carregar a pestilência que dizimaria a vida humana, mas a ironia da vida se manifesta no tema, um dos responsáveis pela existência sadia do homem moderno é também o Rato.

É...

O Rato...







Aquela miserável criaturinha que sem ser consultada quanto a ser uma cobaia, o é por imposição dos homens e só para a estes dar a cura de uma doença, ou a doença que matará os seus inimigos humanos ou não.




Eu não me lembro de nenhum rato, símio, suíno, seja lá qual for a vida animal ou vegetal que possa ser apontada, menos a humana, que tenha voluntariamente aceito a idéia de ser uma cobaia para as experiências dos homens onde quer que seja.

Mesmo o homem que sujeita-se a este voluntariado o faz senão por mesquinhez, na maioria esmagadora das vezes por nada mais ter a perder mas provavelmente algo a ganhar e raramente, muito raramente mesmo, por simples e mero altruísmo, amor e respeito à vida que não a dele próprio.

Como puderam ver pelo texto que passou, a opção pela figura do Rato se justifica na associação deste roedor e as características já ditadas, à idéia da vida como realidade e fantasia.

Se justifica pela sua quase onipresença no planeta, fato este que só pôde ser consumado graças a interferência humana nos ditames da natureza, na sua real onipresença no mundo dos homens onde a artificialidade da vida criou os mais estranhos espécimens de Ratos, Ratos estes que jamais existiriam na natureza se o homem não existisse.

Foi o homem e sua imensa ignorância que criou e mantém vivo, o "Rato de esgoto" que quando criatura e viva carrega consigo toda a pestilência de uma cloaca infernal mas, quando metáfora além desta carga ainda trás consigo todo o veneno que pode a raça humana destilar e conceber até o inimaginável.

De todas as espécies vivas ou não neste planeta só esta, desde que metáfora, pode extinguir a espécie humana definitivamente e é bem capaz de extinguir a vida em todo o universo da criação.

Esta desprezível criatura, o Rato, por estar em todos os lugares tudo vê, desde as alegrias às tristezas, vê o amor e o desamor, vê a beleza e o horror, vê o homem nu e não é por este sequer notado.

Por ser a caça é arisco, aprende com os erros dos outros, só aparece onde é bem vindo e raramente é visto a vagar ou a estar onde não devia, discreto e silencioso vê e ouve tudo e por estar sempre junto ao homem conhece-o mais que ele a ele próprio.



Enquanto o homem se vangloria de suas honras, glórias e poderes ele, o Rato, fica feliz em saber que conseguiu ver um novo dia nascer e enquanto o homem desafia a natureza e a vida ele, como todos os outros animais se unem à natureza de que são parte, vivem e protegem com intensidade a vida, esta dádiva divina.


Enquanto os homens, cegos, vêm a vida com os olhos dos sete pecados capitais, os animais vêm a mesma vida com os olhos da física, da lógica, do social e do amor (animais sociáveis não fazem política social, vivem muito bem e naturalmente em sua sociedade).

Macacos gordos não se penduram em galhos finos, qualquer macaco sabe disso e isso é física.

Se não é comestível e não é perigoso a minha vida deve ser deixado de lado sem ser importunado, no entanto se for comestível e eu não estiver com fome devo saber sempre onde está e isso é lógica.

Se você é filhote ou parente, faz parte do meu grupo, eu gosto de você e te ajudarei e isso é o social, é o amor.

A escolha do Rato se faz enfim por todas estas circunstâncias, similaridades, peculiaridades, pela realidade fantástica do dia-a-dia de tudo e de todos, pela interdependência entre as coisas da vida e pela independência da vida na criação das coisas.

Poderia eu ter optado por qualquer outra vida ou coisa cuja a singularidade da existência a tornasse quase invisível, tão natural em meio a tudo e a todos que imperceptível chegasse ao bem e ao mal, ao belo e ao feio, chegasse ao meio do mundo, na origem das coisas.

Mas minha opção foi pelo Rato, que quer seja fabuloso ou real chega ao meio do mundo sem ser visto e pode por isso contar o que ninguém viu ou ouviu, graças à sua multiplicidade de habitats pode falar dos temas mais diversos, visto que mesmo quando visível muito poucos humanos mas, muito poucos mesmo podem vê-lo, menos ainda são aqueles que podem ouvi-lo quando fala ou, o que é mais raro ainda, podem entender o que ele escreve, quando o faz.

A vida de um Rato é um eterno sobreviver por mais um dia, normalmente mostrando o óbvio, falando no deserto durante o dia sobre a beleza de um céu estrelado e de uma noite enluarada para para uma areia quente e morta, para um vento que passa lépido, para uma furtiva e sorrateira miragem. À noite para as solitárias, moucas e disformes sombras como também ao frio cortante, conta como é a beleza que é um dia cálido e ensolarado, descreve as maravilhosas e magníficas cores da vida.

Por fim, é ele que sempre atento aos perigos da vida que o rodeia, faz-se também uma sentinela e com a maneira que é peculiar à espécie e ao meio em que vive dá o aviso, o alarma de perigo iminente para quem quiser ver ou ouvir.












mkmouse - Um Rato no Meio do Mundo
P.S.

Hoje, segundo domingo de maio de 2009, 9ª hora

Mãe...
Receba deste filho um grande beijo, um "beijão"!
Um abraço muito apertado, um "abração"!
Tudo vindo do fundo, do fundo do coração!
Pois é com muita saudade que lhe dou esta oração.

mkmouse, alguém cuja mãe agora é apenas uma saudade.