sábado, 25 de janeiro de 2014

O Bestificado I, contemporâneo e pós-moderno.


I
O Inferno

       Eis que não tenho como começar senão sendo dantesco.
       (Pego uma banana com a intenção de descascá-la)
       Mas em não sendo eu um aedo; este Rato, que nem mesmo de longe é um bardo sem Virgílio; que se uma toga florentina para habitar houvesse tido neste ínterim, encharcada estaria ela da gola à fímbria, pelo caudal amazônico de baba que está a jorrar-me em pororocas, pelo queixo que caído está ante a bestificação máxima que me assola ao ver e se só isso fosse, os homens que me rodeiam, suas falas e posturas pós-modernas.
    (O pedúnculo da banana quebra, eu teimosamente belisco a casca agarrando-a e a rasgo puxando-a para baixo até a origem da sua flor.)
Dante e Virgílio diante da entrada do Inferno. Ilustração de Helder da Rocha.
Tradução do Texto da foto
“Por mim se vai à cidade da dor.
Por mim se vai ao tormento eterno.
Por mim se vai às raças malditas.
A justiça moveu o meu sublime Criador. (isaias: 54,16)
Sou obra do poder supremo,
Da suma sabedoria do primeiro amor.
Antes de mim nada existia senão as coisas eternas
E eu duro eternamente.
Ai de vós que por aqui passais.
Perdei toda a esperança.”
Tradução mkmouse - 24-01-2014

      É como me sinto, sem esperanças e nem mesmo cruzei o umbral da maldição, só ao ver a quase infinita fila de homens vivos e mortos que saltitantes e alegremente caminham lado a lado para a danação máxima como se estivessem ad aeternum, em um nababesco e luxuriante gozo mais que celestial.
       (belisco novamente um outro lado da casca e a rasgo até se igualar à anterior, a polpa me parece apetitosa)
       Maravilhoso mundo novo este, onde homens chegam aos píncaros da glória não mais pelo mérito adquirido através do conhecimento no tempo e da prática, no cumprimento das regras e das leis mas sim, pelo apadrinhamento espúrio, ignóbil, mercantil e voluptuoso, fundamentado na ignorância a qual por sua vez se alicerça solidamente sobre a fome e a miséria de muitos para o benefício de uns poucos.
       (Desce a terceira parte da casca até o ponto de origem da flor e a quarta parte nem mesmo lá chega, contemplo salivando a polpa macia.)
       E pensar que ontem o papa, la no centro do império romamo, disse em alto e em bom tom para quem quisesse ouvir e escrever que a internet era uma criação divina.
       É...
       E quem sou eu, além de um simples sobrevivente, para contestar qualquer representante de Deus na Terra mas convenhamos, a internet está mais para uma mistura do fogo de Prometeu com a caixa de Pandora do que para uma dádiva celestial.
       Olha, se a internet definitivamente não for a mais bem sucedida e artística obra de Belzebu, o preferido de Lúcifer é sem duvida um presente de Grego para quem quer que seja o destinatário, um presente dos Deuses para os malvistos Titãs ou, pior ainda, um presente de Deus sabe quem para os homens do seu secto cá na Terra.
       Claro está, para este parvo Rato, que os verdadeiros homens de bem, continuarão sendo homens de bem mesmo que estejam nas maiores profundezas do Hades, pois seguramente este não os afetará em sua integridade moral, em seu caráter, em sua perseverança e na sua fé. (isaias: 54,17)
Ilustração medieval do inferno no Hortus deliciarum, manuscrito de Herrad de Landsberg (cerca de 1180).
       (Dou a minha primeira mordida na carnuda polpa deste fruto da bananeira, cujas origens e trato me é desconhecido, mastigo-a lentamente, está doce, é saborosa.)
       ?
       Ah?!
       É você...
       Você; aquele que agora me empresta os olhos mas não os ouvidos.
       Ficai feliz com isso, como eu estou, pois se chegastes até aqui, tenhais certeza que fazeis parte de uma minoria neste mundo, pois não escrevo para ser lido mas porque gosto, porque me faz bem, posto que em caso contrário estaria eu a defecar frases desconexas no Twitter, nos Mensengers da vida ou quiça tentando ser ridículo no Facebook e não aqui neste blog, como e também, no meu site.
       Agora que sabeis ser uma minoria, já podeis requisitar os direitos que tal situação social lhe garante por estas terras, o direito de ter direitos aos montes e nenhuma obrigação como contrapartida.
       Forme uma ONG para poder entender psicologicamente o porque que aberrações como eu ainda existem, o governo subsidia ONGs ou, solicite algum ajutório governamental por ser uma minoria étnica, aquela minoria que lê os textos do Rato; vai firme que dá certo; junte-se aos outros que além de você também são aptos para qualquer leitura, pois usam jornais para ler, saber o que rola pelo mundo e não para limpar os ânus.
       Tem o,,,, tem a.., tem mais é..., ah! É o, o...., tem...?
       ...Quer saber...
       Deixa pra lá.
       Seja livre.
       Pense por si mesmo(a), isso é tudo o que o status quo não quer que aconteça.
       (Enquanto falava com você, degustei o restante de minha fruta tropical mesmo sem nada saber nada do seu passado; esqueci-me até de perguntar para a bananeira mãe, uma ilustre desconhecida minha e nossa, o tempo de validade do seu produto; mas agora já foi, vou ter que esperar pelo trato intestinal para saber o que é que eu realmente comi desta vez.)
       Na infindável fila que contemplo do alto morro do meu tempo, saltitante e alegremente, vejo trilhando o caminho das raças malditas os escritores de temas contratados ou formadores de opinião, os modistas e os marqueteiros, os veneráveis representantes de Deus na Terra e seus sectários mas, como era de se esperar não são o maior número quando aparelhados aos comerciantes os mais diversos e é claro, a esmagadora maioria, os políticos e o seu secto infinito de bajuladores, secretários, partidários, puxa-sacos e distribuidores de santinhos eleitoreiros.
Satanás no Nono Círculo do Inferno, por Gustave Doré. Criado entre 1861 e 1868.

      Nos círculos infernais existe um lugar próprio para os hoje reconhecidos como da raça dos TI, onde se encontram os programadores de todos os tipos, técnicos em informática indiscriminadamente e todos os donos de programas e Sistemas voltados apenas a tomada de recursos e ao ludibrio de tolos usuários por todo o universo.
       Satanás não contente com a ameaça à sua posição no domínio do Inferno, oriunda da arrogância infinita e quase divina de que esta raça é portadora e ciente que nem todos os tormentos do inferno, juntos, seriam suficientes para fazê los desistir de querer ocupar o lugar que lhe é próprio e único por específica maldição divina, dedicou-lhes um micho exclusivo sob a sua estreita, constante e direta vigilância, onde novos e indescritíveis tormentos são recarregados com uma frequência incerta e ignorada, na forma de atualizações do mais novo sistema operacional de danação do inferno.
       Deveras, não é este Rato um inteirado no uso da palavra escrita, mas com certeza sei descrever o que vejo ou sinto e nesta imensurável fila estão ainda os piores de todas as raças humanas, aqueles que conhecedores da verdade calaram-se para poder usufruir de benesses as mais obscuras, condenando com isso à incondicional vulnerabilidade defensiva um incontável número de pessoas más e boas; se as primeiras, na infindável fila que vejo, marchavam para unir-se às raças malditas, estas marcham para a mais completa das maldições, irão perder tudo, até a individualidade, nem mesmo a lápide do esquecimento terão por epíteto.
       Claro está que este Rato não está nesta fila, nem pretende estar por lá em tempo algum sob qualquer pretexto mas, se por ventura, por lá tenha eu que aparecer em algum momento no contexto da eternidade, que seja ao fim da fila; que aqueles que estão na minha frente não consigam prosseguir e que depois de mim não haja mais ninguém pelo que restar do tempo da minha permanencia por ali.

Fontes:-

São Paulo, SP, 24 de Janeiro de 2014
Mkmouse

domingo, 12 de janeiro de 2014

Afinal de contas, para onde estamos indo?


     Algumas coisas que acontecem pelo mundo às vezes me incomodam, ou melhor, chamam muito a minha atenção.
     Eu sempre acreditei e ainda acredito que a verdade não precisa ser imposta, simplesmente porque é a verdade, uma realidade absoluta e única, um fato consumado via de regra imutável e por fim, se assim não o fosse, como poderia existir no mundo real em que vivemos.
     O ditado, 'Onde há fumaça, há fogo' eu posso melhorar para “Onde há fumaça, houve fogo, há fogo ou haverá algum tipo de combustão em algum momento no tempo”.
     Eu fiz várias postagens onde direta e indiretamente envolve este tema; a manipulação da verdade que chega até a nós:
     Em novembro de 2011:
           E Deus fez a segunda escolha.
           E Deus fez a Luz...
           O Relativismo da Nossa Verdade e do Nosso Tempo.
      Em setembro de 2009:
           Os Relativismos da Verdade Única.
      Em abril de 2009:
           Uma Apologia à Hipocrisia Internacional
     Em resumo, se existe uma verdade (fumaça) algo realmente aconteceu, acontece, ou está para acontecer.
     Aquilo que será historicamente relatado deste evento (fumaça) como a verdade dos fatos, será escrito de conformidade com os interesses dos vencedores e pelos vencedores, apenas e tão somente.
     Nenhuma outra visão do acontecimento será admitida nesta verdade histórica senão esta.
     O relativismo da verdade está aí, ela é a visão monocular de um o evento que por ser pessoal tende naturalmente a distorcer a realidade do evento, na sua forma temporal, na sua forma local e na maneira como afeta o meio onde ocorre; transforma o evento em um relato ficcional, uma realidade fictícia, realidade esta que só trás benefícios aos interessados em mantê-la e que não esclarece coisa nenhuma além de nada trazer de benefícios para a humanidade como um todo.

     Tenho por princípio básico em minhas linhas de raciocínio que toda a verdade que precisa ser imposta (para um ou para todos) por qualquer que seja o meio imaginado, tem algo de errado em algum lugar; em algum ponto esta verdade é uma mentira, para não dizer uma fabulosa fábula.
     A verdade é sempre um único evento, o seu relativismo está na forma como é relatada e por quem foi relatada; ela, assim continuará a ser até o dia que houver uma forma coletiva de se descrever um evento qualquer, por exemplo:

          Todos para um ou todos para todos e não na forma como a conhecemos agora e hoje, de Um para um ou um para todos.
      Esta semana, na França, houve uma resolução da suprema corte francesa cancelando o show de um humorista patrício, fundamentada na lei que rola pela Europa, a qual considera um crime qualquer negativa ou especulação sobre a verdade do Holocausto judeu na mesma Europa, sob a acusação de incentivar, fazer apologia o racismo.
     Vejam só a incoerência gritante disto Tudo.
     Não foi a França que guilhotinou um incontável número de pessoas no arrasto da Révolution Française, (1789-1799) para justificar o lema Liberté, Egalité, Fraternité.
      E não é que esta mesma frança, aquela da Révolution Française, hoje não só aceita como considera certo e justo a aplicação uma imposição legal de validade sobre um acontecimento (relato) histórico, ocorrido em território francês, colocando obstáculos legais a qualquer discussão sobre o referido tema, restringindo com isso a liberdade de expressão e pesquisa de seu próprio povo, este mesmo povo francês, cujas origens Vitor Hugo tão bem descreve!
Devise républicaine " Liberté, égalité, fraternité ", proposée par Robespierre à la Convention nationale le 5 décembre 1790 et placée par J. N. Pache sur les murs des édifices publics parisiens.
Hector Fleischmann, La guillotine en 1793, Paris: Librairie des Publications Modernes, 1908
     Aí tem coisa, a lá isso tem mesmo.
     Se esta moda europeia pegar no resto do mundo (aquele lance do “antecedente legal”), preparem-se para encarar os maiores absurdos físicos, políticos e legais nos anos vindouros.
     Se povos tidos e havidos como livres e democráticos, sujeitam-se a esta absurda e obscura imposição, a este barbarismo medieval, a este feudalismo comercial do intelecto e dos direitos humanos, como gado vacum indo para um matadouro, o que será do resto do mundo que este primeiro mundo nem mesmo sabe que existe.
Óleo sobre madeira - 71 × 56 cm - Museu Carnavalet - Rue de Sévigné, Paris, France
     Pensando bem eu acho que todo o gado vacum do planeta devia pedir cidadania Indu e para a Índia se mudar imediata e permanentemente.
     La vaca é sagrada.
     E como se diz por aqui, no planalto de Piratininga, “No Ceará não tem disso não”.