quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Cada Povo Tem O Governo Que Merece


É tão comum a gente reclamar, apontar os outros e (ou) o governo como a razão, a origem de todas as mazelas que nos acomete ou nos acompanha diuturnamente.
 
Este lugar comum que outrora, quiçá, fosse verdadeiro em algum sitio no tempo e no espaço, aqui e agora já não mais o é, com certeza.

A máxima, “Cada Povo Tem O Governo Que Merece” nunca, em tempo algum, tem se mostrado tão verdadeira como nos dias de hoje, tanto cá, como lá ou alhures; pouco importa onde.
Como um povo que prestigia a ignorância, promove a incompetência, exalta as vilanias e deifica os criminosos em detrimento das suas vítimas, dos aviltados, dos competentes profissionais, pode ter um governo justo, discreto, culto e sábio?
 
Como um povo que só pensa em levar vantagem, em clamar aos berros e histericamente os seus míseros direitos e faz de seu próprio lar um depósito de lixo; pode viver com saúde, ter os seus legítimos direitos garantidos ou ainda, não ser lesado física e moralmente?
Como um povo que se presta a ser público ou protagonista, de “danças sobre bocas de garrafas”, fazer sexo subliminar senão explícito para qualquer plateia e em qualquer lugar, um povo que aceita e faz apologia ao crime, à traição em todas as formas e maneiras, pode ter sua intimidade, a sua integridade e a dos seus garantida ou respeitada?
Como pode um povo que acoberta, aceita, calar-se, aquietar-se, submeter-se às impunidades, ao uso indevido e imoral da lei, ao disfarce dos manipulados, ao controle de uma mídia paga por Deus sabe quem; ter algum futuro que não seja a escravidão, a mais pura, vil e simples das escravidões; aquela em que o escravo sobrevive com a migalhas daquilo que ele mesmo produz e escapa à insaciável fome dos cães e dos porcos de seu dono?
Por fim; como pode um povo ter algum governo de alta moralidade e decência se conscientemente, confirma e sacraliza em um incerto e obscuro voto as vontades e esquisitices de seus donos e fariam isto até de joelhos por uma simples questão de modismo ou se necessário tal ato se tornasse “pela força da lei”.
 
Estes ilustradíssimos eleitores fazem isso via de regra só para fazer parte de uma ”tribo”; por um “gole de cachaça barata”; por um simples “tapinha nas costas”; pela promessa de uma maldita “fatia do bolo” e o pior ainda, por contradição; é por contradição sim, o infeliz faz isso para mudar o “status quo” do sistema!
Se não fosse isso uma tragédia, sem dúvida seria algo hilário, daria um fantástico tema de ópera bufa para Gioachino Antonio Rossini expressar o seu talento, se ainda fosse vivo.
 
Gioacchino Rossini, 1865 - Étienne Carjat


É...

Assim não dá, não dá mesmo!

Ir às ruas clamar por justiça não basta; necessário é fazer mais do que isso para verdadeiramente obter-se uma sociedade justa, legitima, respeitada, digna, livre e senhora absoluta de seu destino.

Este povo não só tem que, mas deve, mudar seus hábitos; com isso tudo o mais que o cerca e que dele depende mudará também.
Um povo verdadeiramente livre, tem seus cidadãos educados por valores morais e nobres no escopo da honra, da lei e da ordem por seus familiares; ele vai à uma escola não para ser educado mas sim para adquirir cultura, conhecimento e o preparo para uma vida longa, produtiva e próspera; vida esta, não só para si mesmo mas também para a longevidade e a prosperidade da sociedade, o meio onde vive ou virá a viver.
Ser escravo é fácil e barato, ser livre não.

Ser livre é muito difícil além de extremamente caro, porque para ser livre você precisa primeiro libertar-se de si mesmo, abster-se dos seus instintos animalescos, sem esta libertação primordial, não há como existir uma verdadeira liberdade individual ou coletiva e menos ainda, algo que de há muito tempo foi nominado como: democracia.
Enquanto existir um único escravo na Terra, a humanidade não será livre.
Sugiro a leitura de um pequeno livro chamado “Da Servidão Moderna” traduzido por Elisa Quadros que está no link:- http://delaservitudemoderne.org/texto-po.html#m1.

O texto acima sem as ilustrações, bem como o livro citado por mim, estará disponível para leitura a partir do mês de setembro deste ano em meu site:- www.mkmouse.com.br
São Paulo, SP, 28 de agosto de 2013

Mkmouse



quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O Canto do Piaga II

 
A apologia ao crime, pratica constante da mídia, regiamente paga por seus patrocinadores no Brasil e porque não, no mundo, mostrou a mim a contemporaneidade de um mais que centenário poema brasileiro, em janeiro de 2011 eu o postei neste blog mas não suportei a tentação e posto-o novamente

Quem vê os dias em que vivemos, aqui no Brasil, fica sem saber se existe algum futuro decente (nos padrões de moral e ética) para a nação e o povo brasileiro.

Pensando bem...

Se fosse só aqui, certamente ainda haveria algum futuro para o famoso bípede implume.

A Escola de Atenas (1510-1511) (ital La Scuola di Atene) é um afresco do pintor Rafael, na Stanza della Segnatura do Vaticano, para o Papa Julius II anfertigte.
A imagem é parte de um ciclo, que fica ao lado da "Escola de Atenas", o "Parnassus", a "disputa" No centro estão os filósofos Platão e Aristóteles.

Olha só como o governo brasileiro emprega com maestria o antigo conceito de Sofisma:

Transformou as manifestações públicas legítimas ocorridas em território brasileiro, em um fantástico espetáculo de vandalismo digno de um premio da academia de cinema para o ano de 2013.

A ênfase das reportagens não foi para as revindicações públicas, mas sim para os atos de vandalismos isolados que ocorreram em meio ao anonimato da multidão honesta e decente, que protestava contra as pilantragens e falcatruas perpetradas e a serem perpetradas com a cumplicidade do governo brasileiro.
foto-folha-press avenida paulista

Quem viu e vê estes dias pelos olhos da mídia brasileira não vê um clamor popular contra atitudes e posturas de um governo, mas sim uma ação policial patrocinada pelo estado para proteger a coisa pública e o público de vândalos, “terroristas comedores de crianças” estrategicamente localizados e organizados.

Eu já não ouvi esta expressão?
Saturne, dévorant un de ses enfants. - Simon Hurtrelle, 1699, Le Louvre

Se não me engano ela foi dita quando ainda havia um muro no meio da cidade de Berlim, ou teria sido um pouco antes deste muro e do assassinato de Nikolái Alieksándrovich Románov e toda a sua família.

A orquestradíssima ação “vandalistica” perpetrada contra a integridade do povo brasileiro deu certo e gerou os resultados esperados, só para começar os que foram presos estavam “muito doidão” e nem sabiam o que estavam fazendo ali.

Enquanto isso, graças ao sofisma empregado pela mídia brasileira, as manifestações honestas e pacíficas, na realidade prática do nosso dia a dia, acabou virando história e o pior, história esta, contada e escrita não pela massa protagonista dos fatos mas sim, pelos “impostos” prepostos (perdoem-me duplo trocadilho), pelos seus incontáveis pelegos juramentada e por fim, por seus simpatizantes (gratuitos ou não) sacramentada em uma verdade indiscutível.


O resultado final desta trama diabólica é a transformação de uma massa, que naquele momento histórico do Brasil era um povo pleiteante em penas uma massa de manobra atemporal, um fenômeno social, didática, nada mais.

Se querem ver, ou melhor ler, uma previsão ou uma profecia mesmo, com cem por cento de probabilidades de ocorrer conforme o atual andar desta carruagem chamada Brasil, eu vou lhes passar uma em transcrição na sequencia ao próximo parágrafo.

A sua primeira publicação foi feita em 1846 no rio de Janeiro por Eduardo e Henrique Laemmert, rua da Quitanda nº 77, sob o título de Primeiros Cantos, como podem ver não estou contando nada que seja uma novidade em terras brasileiras.

Antônio Gonçalves Dias (1823-1864), poeta brasileiro.
Biblioteca Nacional de Portugal: http://purl.pt/6376
Retratos de portugueses do século XIX (1859-1865)
por Joaquim Pedro de Sousa (1818-1878)




O Canto do Piaga

Gonçalves Dias – Antologia

Cia Editora Melhoramentos de São Paulo – 1966
Páginas 45, 46 e 47



I

Ó Guerreiros da Taba sagrada,
Ó Guerreiros da Tribo Tupi,
Falam Deuses nos cantos do Piaga,
Ó Guerreiros, meus cantos ouvi.

Esta noite – era a lua já morta –
Anhangá me vedava sonhar;
Eis na horrível caverna que habito,
Rouca voz começou-me a chamar.

Abro som olhos, inquieto, medroso,
Manitos! Que prodígio que vi!
Arde o pau de resina fumosa,
Não fui eu, não fui eu, que o acendi!

Eis rebenta aos meus pés um fantasma,
Um fantasma d' imensa extensão;
Liso crânio repousa ao meu lado,
Feia cobra se enrosca no chão.

Meu sangue gelou-se nas veias,
Todo inteiro – ossos, carne – tremi,
Frio horror me ecoou pelos membros,
Frio vento no rosto senti.

Era feio, medonho, tremendo,
Ó Guerreiros, o espectro que vi,
Falam Deuses nos cantos do Piaga,
Ó Guerreiros, meus cantos ouvi!


II

Porque dormes, ó Piaga divino?
Começou-me a visão a falar,
Porque dormes? O sacro instrumento
De per si já começa a vibrar.

Tu não vistes nos céus um negrume
Toda a face do sol se ofuscar;
Não ouviste a coruja, de dia,
Seus estridulosos torva soltar?

Tu não viste dos bosques a coma
Sem aragem – vergar-se e gemer
Nem a lua de fogo entre nuvens
Qual em vestes de sangue, nascer?

E tu dormes, ó Piaga divino!
E Anhangá de proíbe sonhar!
E tu dormes, ó Piaga, e não sabes,
E não podes augúrios cantar?!

Ouve o anúncio do horrendo fantasma,
Ouve os sons do fiel Maracá;
Manitos já fugiram da Taba!
Ó desgraça! ó ruína! ó Tupá!


III

Pelas ondas do mar sem limites
Basta selva, sem folhas, i vem;
Hartos troncos, robustos, gigantes;
Vossas matas tais monstros contém.

Traz embira dos cimos pendentes
Brenha espessa de vário cipó –
Dessas brenhas contém vossas matas,
Tais e quais, mas com folhas; é só!

Negro monstro os sustenta por baixo,
Brancas asas abrindo ao tufão,
Como um bando de cândidas garças,
Que nos ares pairando – lá vão.

Ó! quem foi das entranhas das águas,
O marinho arcabouço arrancar?
Nossas terras demanda, fareja...
Esse monstro... – o que vem cá buscar?

Não sabeis o que o monstro procura?
Não sabeis a que vem, o que quer?
Vem matar vossos bravos Guerreiros,
vem roubar-vos a filha, a mulher!

Vem trazer-vos crueza, impiedade –
Dons cruéis do cruel Anhangá;
Vem quebrar-vos a massa valente;
Profanar Manitos, maracás.

Vem trazer-vos algemas pesadas,
Com que a tribo Tupi vai gemer;
Hão de os velhos servirem de escravos,
Mesmo o Piaga inda escravo a de ser!

Fugireis procurando um asilo,
Triste asilo por ínvio sertão;
Anhangá de prazer há de rir-se,
Vendo os vosso quão poucos serão.

Vossos Deuses, ó Piaga, conjura,
Susta as iras do fero Anhangá.
Manitos já fugiram da Taba!
Ó desgraça! ó ruína! ó Tupá!



Na minha revista (www.mkmouse.com.br) de Setembro de 2013 eu coloco em minha biblioteca virtual a publicação de 1846 dos Primeiros cantos de Antônio Gonçalves Dias

Antônio Gonçalves Dias nasceu em 10 de agosto de 1823, no sítio Boa Vista, em terras de Jatobá (a 14 léguas de Caxias).

Morreu aos 41 anos (3 de novembro de 1864) em um naufrágio do navio Ville Bologna, próximo à região do baixo de Atins, na baía de Cumã, município de Guimarães.

Advogado de formação, é mais conhecido como poeta e etnógrafo, sendo relevante também para o teatro brasileiro, tendo escrito quatro peças.

Teve também atuação importante como jornalista.


Fontes:-




São Paulo, SP, 20 de Agosto de 2013

Mkmouse


terça-feira, 6 de agosto de 2013

O Rato faz 5 anos!



Este blog faz nesta data 5 anos.

Em comemoração a este feito eu apresento abaixo a versão original do poema de Friedrich Schiller, o qual foi a base para Ludwig van Beethoven compor a sua, hoje conhecida como, Sinfonia No. 9, in re minore, Op. 125.

Divirtam-se

Friedrich Schiller: Aus der Ode «An die Freude». Eigenhändiges Gedichtmanuskript (1785). http://www.nzz.ch/nachrichten/kultur/literatur/schillers_ode_zu_teuer_fuer_die_oeffentliche_hand_1.13077702.html
Abaixo apresento Sinfonia No. 9, in re minore, Op. 125, Presto, Finale Ode Alla Gioia com; Henry Adolph regendo a Orchester und Chor Suddeutsche Philharmonie.

Eu escolhi esta apresentação, com uma imagem estática, pelo motivo de que o movimento final, Presto, Finale Ode alla gioia, ter duas legendas, a superior está em alemão e a inferior em português.

A apresentação tem 20 minutos e 30 segundos de apresentação e 43 MB de tamanho, no link da minha fonte, no YouTube, esta apresentado em HD.

A foto constante do clipe é uma vista do alto do Pico da Bandeira, divisa entre Minas Gerais e Espírito Santo coletada pelo sr. Israel Campos.

 
Fontes:-

 
SãoPaulo, SP, 06 de Agosto de 2013

Mkmouse