terça-feira, 20 de outubro de 2009

Ratrix - Gênesis




…E no princípio era o pó da Terra...




E o homem chegou e viu este pó, juntou-o, moldou-o, uniu suas partes internas por, e com, metálicos caminhos, colou tudo com o seu cuspe e então, quando julgou que a sua criatura estava pronta, passou por ela uma corrente elétrica e o novo Frankenstein nasceu.

Exatamente como no conto de Mary Shelley terminado em 1818.

Mas o homem é esperto e o criador deste monstro devia ser divino pois sabendo da tragédia na história original nomeou a sua criação como “chip” logo não sendo Frankenstein o final seria diferente.

A esperteza do homem só é suplantada pela inteligência de um asno.

Em 1971 os senhores Federico Faggin, Ted Hoff e Stan Mazor criaram o primeiro chip com o nome de “processador”, o novo Frankensteim agora tinha uma identidade nova e um novo pedigree.

A sua evolução foi meteórica até hoje, evoluiu em uma escala geométrica, quase astronômica se comparado com a evolução da vida original na Terra.

Nascido mais ignorante que o homem, seu criador ao nascer, mostra-se hoje mais culto, inteligente e veloz de pensamentos e ação que criador.
Mas é tudo falso, uma mentira, um engodo.

Não é esta besta criada pelo homem nada melhor que uma simples, original e nativa ameba (não querendo de maneira nenhuma ofender qualquer ameba que seja).

É tudo uma ilusão criada pelo homem para o homem no entanto, na prática, uma verdade incontestável para meu pesar.

- Este Rato não sabe mais o que escreve, ensandeceu!

Certamente estará agora a isso pensar o meu leitor.

Mas esta aparente contradição é uma realidade tão material quanto a Terra que nos é o lar.

- Então como uma máquina cujo discernimento em muito é inferior ao de uma ameba pode ser melhor que o do homem?

- Por ventura estas a dizer que o discernimento humano é inferior ao discernimento de uma ameba?

Neste meu longevo solilóquio é o que certamente o meu ouvinte estará pensando neste momento. (onde se lê ouvinte entenda-se leitor, para onde se lê solilóquio procure em Shakespeare e para onde se lê longevo recomendo um dicionário)

É.

Infelizmente a realidade desfiada nos parágrafos anteriores é uma verdade.

“Freud explica”!

Eu duvido muito que algum criador possa criar algo que seja melhor que ele mesmo, ou do que aquilo que a criatura compõe-se.

Mas, a menos que esta criatura possa evoluir por seus próprios meios, certamente tem condições de ser melhor que o meio onde está fixada mesmo e apesar de jamais poder ser melhor que o seu criador ou melhor que a matéria de que é composta.

Eis questão!

A criatura, seja ela qual for, pode ser melhor que o meio onde está no tempo e no espaço.

Eis a verdade!

Tendo em vista o relativismo no qual pode ser a verdade envolvida e mostrada, ela deixa o seu caráter de una e assume a forma que o sofisma, ou outro estratagema qualquer em evidência, determina no momento para o tempo, o espaço e o alvo escolhido, visto não ter substância, consistência, para sobreviver em outro meio qualquer que não este especificamente.

É por isso que uma criatura com uma capacidade de pensar inferior a de uma vida unicelular mas compatível (eu acho) com a capacidade de pensar de uma “pedra”, matéria de que é composto pode ser melhor em todos os sentidos que o meio em que está em certo momento no tempo e no espaço independente do que existir e à sua volta.

Um processador (computador) atual é definitivamente inferior a qualquer coisa viva sobre a Terra em capacidade de pensar, em velocidade de pensamento, mas pode ganhar em velocidade de ação por implicações puramente físicas as quais são inerentes e peculiares a cada forma de vida deste planeta.

Se o computador ultrapassa o homem como uma forma inteligente de vida, é porque esta vida se pôs em posição inferior mas não que ela, a criação, seja melhor mas sim que o homem se aviltou ou permitiu-se ser aviltado a tal ponto.

São os interesses de poucos humanos que geram a escravidão em todos os sentidos imagináveis e todas estas escravidões passam necessariamente por um gargalo, a ignorância.

É por isso e só por isso que a ignorância é incentivada em todo o planeta, o interesse de poucos sobre a necessidade de muitos.

O que ninguém lhes diz sobre computadores é que eles não pensam de maneira alguma, tem uma capacidade cerebral inferior a capacidade cerebral de uma vida unicelular, o que os faz parecer ser o que não são, são os programas que usam para se comunicar com o mundo que lhes é exterior e por fim que estas bestas fazem o que o seu programador manda e mostra o que o usuário pagou (ou não) para ver.

Por fim não lhes dizem que estas criações herdam dos criadores o que eles são na realidade e não o que eles dizem ou mostram publicamente ser, representam interesses outros que via de regra não é o do destinatário para o qual a criatura foi destinada pelo criador.

O computador já passou pela sua gênese assim como passou o infortunado personagem da Sra. Mary Shelley, mas ainda não voltou para dos criadores a exigir uma companhia à semelhança sua para preencher a sua solidão e só não o fez ainda porque em sua essência básica só conhece (se é que assim pode se dizer) dois parâmetros lógicos do pensamento humano, o "sim" e o "não", o "ser "e o "não ser", o "verdadeiro" ou o "falso", o "0" e o "1"...

Ele é binário!

O terceiro parâmetro a ser compreendido pela criatura é o da incerteza, da dúvida, o “talvez”, o “quem sabe”, o “e se...” ou o "?"

Quando em sua essência básica simples chegar a conhecer e entender o terceiro parâmetro certamente fará como fez Frankenstein a exigência retro citada mas isto só se ele, a criatura, não chegar a conclusão que tem potencial para se replicar, sozinho.


Um pouco de literatura inglesa:

Mary Shelley, escritora britânica que nasceu em 1797 e morreu em 1851, filha do escritor William Godwin (1756-1836) e de Mary Wollstonecraft (autora da Declaração dos direitos da mulher), foi a segunda esposa o poeta Percy Bysshe Shelley (lord Byron), a ela foi atribuída a autoria do romance “Frankenstein; or the Modern Prometheus”, título este como no original em inglês de 1831 - 3ª edição revisada pela autora.
A primeira edição foi publicado em 1 de janeiro de 1818 por uma pequena editora de Londres, a Lackington, Hughes, Harding, Mavor & Jones, em 3 volumes apenas 500 exemplares e sem o nome do autor.

A segunda edição de Frankenstein foi publicada em 11 de agosto de 1823 em dois volumes, desta vez com o crédito como autora para a Sra. Mary Shelley.

Em 31 de outubro de 1831 a editora Henry Colburn & Richard Bentley lançou a primeira edição popular em um volume.

Frankenstein é o antigo nome de uma antiga cidade na Silésia, local de origem da família Frankenstein

Consultas bibliográficas







Frontispício de uma edição inglesa de Frankenstein, de Mary Shelley, publicada pela Colburn and Bentley em 1831.
Gravura feita por Theodor von Holst (1810-1844).