sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O Rato Patriótico



E chegou mais uma vez a semana da pátria aqui no Brasil.

Do dia primeiro até o dia sete deste mês, comemora-se por aqui a semana da pátria, visto que no dia sete de setembro do ano da graça de mil oitocentos e vinte e dois, o príncipe português Dom Pedro, resolve, depois de algumas peripécias, ser o imperador dor do Brasil, que até então era apenas mais uma colônia do reino de Portugal.

Independência ou Morte (O Grito do Ipiranga)
Pedro Américo (1843-1905)
1888 – óleo sobre tela – 415 x 760 cm
Museu do Ipiranga – São Paulo, SP

Sabe como é né?

Ele preferiu ser um imperador no inferno a ser um simples príncipe no céu, aí veio a rede “Bobo”, aproveitou a “brecha” e fez a mini série: “ Os Quintos dos Infernos”. (faturou horrores em cima do tema)

Pedro Américo de Figueiredo e Melo (1843-1905)
Pintor, Romancista e poeta brasileiro.

Mas isso é outra história, o negócio é que esta patriótica ideia custou caro. (será que ainda custa?)

O então jovem império do Brasil (ainda não entendi o porque de um imperador e não um rei) teve que pagar a Portugal (indenizar) pela sua perda de rendas (aquilo que já tinham levado daqui não conta para pagamento, só aumenta o valor do mesmo), foi neste momento que o nosso imperador, agora intitulado Dom Pedro I, descobriu que era um pobre, simples e miserável imperador (estava duro, sem tutu, não tinha grana alguma), mas como tinha a pouco saído da “aborescência” não deu o braço a torcer e falou com os ingleses.

Bandeira do império do Brasileiro
Jean-Baptiste Debret (1768-1848)

Ah, os ingleses!

Estas criaturinhas insofismáveis, não tiveram dúvidas, arranjaram o “Tutu” que o imperador do Brasil precisava para se livrar do infernal jugo português e criar o seu próprio meio de vida.

Logotipo oficial do governo francês,
utilizável somente pelas instituições governamentais francesas (incluindo as prefeituras).

Para os ingleses “Liberté, Egalité, Fraternité” é algo válido e necessário em todos os países do planeta (menos em suas colônias); foi neste momento que deixamos de ser colônia portuguesa para ser empregados e devedores de sua majestade o rei George IV da casa de Hanôver, pelo ganho da libertação dos opressores portugueses, com a graça de Deus.

Retrato de George IV do Reino Unido com as vestes da Ordem da Jarreteira,
como príncipe regente, de 1816, por Sir Thomas Laurence.
Museu do Vaticano, desde 1820

Valha-me Deus, que confusão!

A partir deste dia, se não me engano nublado no planalto de Piratininga às margens do córrego do Ipiranga, deixamos de saber quem, oficial e definitivamente, manda em “terras brasilis” e isso persiste até os dias de hoje.

Hoje, no ano da graça de 2012, este é um país livre, democrático e por fim encaminhando-se para a globalização.

Os Três mosqueteiros (romance histórico)
Alexandre Dumas (1802-1870)
Nome de batismo, Dumas Davy de la Pailleterie


O ideal francês venceu e agora seríamos “todos por um e um por todos”!

Crescemos muito, evoluímos muito, quanto mais livres nos vamos ficando, maior é o plantel da liberdade, mais grosso o couro e discretas as marcas; quanto mais democráticos nos somos, menos reconhecemos a igualdade e a fraternidade, mais curtas são as rédeas que ganhamos.


Por fim estamos lutando desesperadamente para atingir o ápice da glória, a globalização.

Já globalizamos a nossa liberdade, a nossa democracia, estamos globalizando os nossos recursos enfim, tudo o que temos e até o que não temos (coisas de político brasileiro); estamos nos incorporando de corpo e alma no ideal francês, em breve seremos e definitivamente só “um por todos”!

É...

Viva a democracia! (dos testas de ferro e do anonimato)

Viva a liberdade! (a liberdade de votar obrigatoriamente, a liberdade de chegar a uma universidade sem precisar estudar, a liberdade da impunidade e da libertinagem)

E que Deus perdoe o passado desta terra, nos conforte no presente e seja piedoso com o futuro de minha pátria.

E quer saber...

...fui fazer uma naninha, inté...


São Paulo, 31 de Agosto de 2012

Mkmouse


segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O Rato e o Rigoletto



Nas últimas postagens tenho apresentado trechos de obras do canto lírico e resolvi nesta continuar assim.
Esta semana eu assisti, mais uma vez, a opera Rigoletto de Giuseppe Verdi (1813-1901) e desta vez o que me chamou a atenção foi a sua atualidade, por mais incrível que pareça, foi a atualidade do drama.

Rigoletto é uma ópera em três atos e cinco cenas do compositor italiano Giuseppe Verdi, com libreto de Francesco Maria Piave, estreou no teatro La Fenice de Veneza em 11 de março de 1851.

Auditorium, La Fenice Theatre, Venice, Italy
Janeiro de 2007 – foto feita pelo próprio teatro

Ópera inspirada na peça de teatro “Le roi s'amuse” de Victor Hugo, desvia-se ligeiramente da peça, devido à censura imposta na época de sua composição e estreia; a personagem do Duque era inicialmente o Rei e algumas partes do texto tiveram de ser alterados devido ao conteúdo político inaceitável nas últimas décadas do Resorgimento italiano (1815-1870).

O Rigoletto é a décima sétima ópera de Verdi

Retrato de Giuseppe Verdi (1886).
Galería Nacional de Arte Moderna de Roma.

Esta ópera versa sobre a falência moral de um reinado e de sua corte, sobre inversão de valores morais e sociais, sobre a promiscuidade, sobre a cupidez humana e suas taras, enfim sobre os dias de hoje embora tenha sido vista pela primeira vez ha 161 anos atrás; curioso não?

 
Rigoletto - BBC 2001


Rigoletto, Teatro Nacional da Moldávia

Rigoletto e Gilda
Hudson Opera Teatre - 2002/2003

Rigoletto, o bufão, o bobo do rei, o bobo da corte, na ânsia de agradar os poderosos, tripudia sobre a dor das vítimas do rei e de sua corte os quais, no buscar insano dos prazeres mundanos e no desprezo pelos sentimentos alheios, não medem esforços nem meios para atingir seus inconfessáveis objetivos; acho que você já viu isso, não em algum, mas em muitos lugares hoje em dia, como nas nas ruas, nas baladas, nos bailes fun...(sei lá o que), nos bailes "pancadões" que rolam hoje, livres e soltos, pelas sarjetas da vida e em especial na vida política, não só neste país mas pelo mundo afora, onde homens sem nenhum senso de moral, de responsabilidade e pleno desconhecimento do que significa o lado bom da palavra: caráter.

Estas criaturas inomináveis, cometem as maiores barbaridades em nome da lei, da ordem, pela liberdade e por fim, atrocidades inimagináveis em nome de Deus e pela democracia.

Rigoletto paga caro, paga muito caro pela sua baixeza, pela sua vilania, pelo seu servilismo, pela sua torpeza e pela sua fraqueza moral.

Ao cair o pano do da terceira cena do primeiro ato, alguns cortesões contam a Rigoletto que estão a seguir os seus conselhos e vão raptar a mulher do Conde.

Rigoletto ri, divertindo-se e diz que quer participar do rapto, os cortesões (seus sempre amigos e aliados) vendam-no e pedem para que fique a segurar a escada por onde sobem, entram dentro da casa e efetuam o rapto voltando pela mesma escada.

Só depois que eles partem com o prêmio da coletiva vilania é que o Rigoletto percebe: houvera tomado parte no rapto de sua única filha findando-se assim o primeiro ato.

Eu escolhi as últimas cenas do segundo ato para esta apresentação; começa com a ária de Gilda “Ciel! Dammi coraggio!”, passa pelo dueto de Gilda e Rigoletto “Piangi, fanciulla piangi”, terminando em um outro dueto entre pai e filha (Rigoletto e Gilda) “Vendetta, Tremenda vendetta”, pondo fim ao segundo ato.

Eu escolhi esta sequencia por ser, (quando bem cantada) o dueto Piangi fanciulla de uma ternura quase infinita, um contraste fantástico com a brutalidade e violência da trama (como também pode ser terna, brutal e violenta alma humana) que tem como sequencia final, após um pequeno momento de transição, outro dueto entre Rigoletto e Gilda onde explode em uma apoteótica fúria, o ódio, o rancor e o desejo de vingança, selando com isso, definitivamente, toda a desgraça que está por vir no último ato.

The Royal Opera House, Convent Garden, London

A opera que possuo é uma versão de 2001 (imprópria para menores de 18 anos) e sinceramente a sequencia por mim selecionada está melhor cantada na minha versão em disco (LP) que é uma coleção da Deustche Grammophon de 1980 com a orquestra Wiener Philharmoniker regida por Carlo Maria Giuliani e o coro da Wiener Staatsopernchor sob a regência de Roberto Benaglio a adornar o canto dos seguintes artistas: Piero Cappuccille, Ileana Cotrubas, Plácido Domingo, Elena Obraztsova, Nicolai Ghiaurov, Kurt Moll e Hanna Schwarz.

Interpretes das cenas exibidas:

           Rigoletto – Paolo Gavanelli

           Gilda - Chistine Schäfer

           Court Usher – Nigel Gliffe

           Conde Monterone – Giovan Battista Parodi

The Orchestra Of The Royal Opera House – Concert Master Peter Manning – conduzida por Edward Downes e o The Royal Opera Chorus – diretor Terry Edwards – Produção da BBC Canadense no The Royal Opera House, Convent Garden, Londres em 2001.

The Royal Opera House, Convent Garden, London
Il Rigoletto – Verdi – 2001
Agradecimento final

Infelizmente eu tive que reduzir a qualidade do pequeno vídeo de 12 minutos, posto que na qualidade original tinha quase meio gigabyte com isso reduzi este vídeo a quase 20% do tamanho original.

Detalhe: na segunda parte do vídeo, o trono do Duque (Rei) representa a presença física do mesmo, em algumas montagens há um retrato do referido em lugar do trono.

Este vídeo tem 88 MB, foi trabalhado no AviDemux GT e GTK, é MPEG-4 ASP (Xvid) com o nome de Rigo12legendado.avi

A legenda foi elaborada por mim no Gnome Subtitles em UTF-8, gravada no vídeo com fonte Arial nono, inserida e colorida no mesmo AviDemux; elaborada com base no libreto da opera, “O Rigoletto” que foi apresentada no Teatro Nacional de São Carlos, Lisboa, Portugal em 2007.

Fachada do Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa, Portugal.
10 de Abril de 2006, foto de Thomas from Vienna, Austria



São Paulo, SP, de 10 a 20 de agosto de 2012

Mkmouse


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Quarto Aniversário



Este blog faz hoje, dia 06 de Agosto de 2012, o seu quarto aniversário.

Venho neste período passando o meu pensamento sobre diversos assuntos.

Mostrei também, de passagem, a minha indignação com muitos fatos e situações que nada tem de inocentes e tiveram como agravante a subestimação da inteligência alheia.

Continuei nestes anos escrevendo o óbvio, o arroz com feijão, não inventei nada, não criei nada apenas vi “a nova roupa do imperador” e os novos “lobos em pele de ovelha”.

Descrevi o que vi para quem quisesse ler e com isso, rir ou chorar; não deixei de expressar-me também sobre estas maravilhas, sobre este “maravilhoso Mundo Novo” das novas políticas, corretas e populistas, todas de baixíssimo custo particular e altíssimo custo público para os habitantes deste planeta.

Nestes quatro últimos anos eu não mudei em nada o mundo, mas tomo ciência que este Rato não está só, existem mais ratos neste mundo do que logra a imaginação humana conceber.

É, nós continuamos a ser muitos, às vezes até pode não parecer por alguns momentos, quando estamos isolados e incomunicáveis; nós, os Ratos, só vamos desaparecer (e isto não é uma certeza) quando todo o planeta Terra por fim morrer em uma morte natural ou não.

Então este blog homenageia todos os Ratos do Planeta, seus amigos planetários e seus simpatizantes onde quer que estejam com mais um bolinho virtual, que chega nas mãos de um amigo urso, que de “amigo urso” nada tem.

Como divertimento final, separei da ópera Carmem de Georges Biset a aria Habanera, ópera esta, que é um filme de Francesco Rossi, o qual o dirigiu em 1984 com os cenários reais da época em Sevillia, Ronda e Carmona – A ópera se baseia no Livreto de Meilhac et Halevy e na novela de Prosper Merimee, com Julia Migenes-Johnson como Carmem e Placido Domingo como Don José, acompanha a Orchestre National de France, choeurs et maîtrisse de Radio-France dirigés par Lorin Maazel, coro regido por Jacques Jouineau – A aria tem 4 minutos e 34 segundos – A ópera 2 horas e 29 minutos.

Divirtam-se amigos!




São Paulo, SP, 05 de Agosto de 2012

mkmouse