Eu ia deixar para falar sobre isso na minha revista www.mkmouse.com.br, mas não dá para esperar até o fim deste mês, realmente não dá, não dá mesmo!
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Agora a apologia à ignorância é oficialmente patrocinada pelo governo federal.
O novo livro da Editora Global (Global?... porque será?!) foi aprovado pelo MEC por meio do Programa Nacional do Livro Didático e para aqueles leitores meus que gostam de estrume, de moda, do que “rola” no momento e do que é “politicamente correto”, nome do livro é “Por Uma Vida Melhor” da coleção “Viver, Aprender”.
Prova A
Eu sugiro que os senhores e senhoras que leem este texto saiam correndo de suas casas, deixem até mesmo de continuar a ler este texto e comprem o infame livro pois a Editora Global investiu uma “nota preta” na confecção deste BBB e na aprovação pelo MEC e agora está precisando recuperar os custos e ver o “cor” do lucro.
Para que não haja a menor dúvida que esta porcaria veio mesmo para ficar já chegou com um novo termo que é “O Preconceito Linguístico” a ele associado; não comprá-lo ou achar que o mesmo está errado agora é crime (ainda não eu acho... mas sei lá se já não existe uma lei sobre isso).
A pobreza dos editores e escritores brasileiros está chegando no seu ápice, para se fazer um livro que alem de incentivar, ensine a falar e escrever errado precisa de mais de autor, ou melhor autoras neste caso.
Só uma apareceu para dizer o seguinte: ...a intenção era deixar aluno à vontade por conhecer apenas a linguagem popular, e não ensinar errado.
É e ainda é professora, Professora Heloísa Ramos.
Eu não estou inventando não, isto está no site: http://novohamburgo.org/site/noticias/educacao/2011/05/12/livro-didatico-aprovado-pelo-mec-aceita-erros-de-concordancia/
Mas em uma coisa ela tem razão: se em uma sala de aula deixar o aluno à vontade por saber apenas a linguagem popular, realmente não é ensinar errado, é não ter ninguém para ensinar este aluno, nesta sala de aula, que saiba mais do que ele sabe.
Como se já não bastasse a reforma ortográfica, falar e escrever errado virou correto e qualquer pessoa que tentar corrigir isso comete o um crime: o crime de preconceito linguístico.
O Brasil não mais é um país do futuro é um país do passado a correr vertiginosamente em direção à idade da pedra lascada onde todos nós nos expressaremos com diversos, sonoros e melodiosos “Ug...Ugs... Buga... Bugas...” e para comunicação a maior distância usaremos os moderníssimos pedaços de pau que presos (seguros) por nossas mãos que após um processo de alavanca feito por nosso braço venham a se chocar com algum tronco caído e oco que encontrarmos eventualmente caídos pelo chão.
O Brasil não é mais um gigante adormecido, é um anão de joelhos que ao invés de se levantar, andar para sair desta imundície, crescer, tenta desesperadamente encontrar uma forma mais eficiente de rastejar como um verme, na gosmenta e asquerosa lama politica que o rodeia.
(1)Por esse pão pra comer, por esse chão prá dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir,
Deus lhe pague.
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir,
Deus lhe pague.
Brasil
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Graças à nova ortografia brasileira a sentença que escrevo abaixo não poderá ser entendida corretamente, simplesmente porque foi escrita e não falada.
- Embaixo deste coqueiro há diversos cocos.
Prova B
(1)Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça e a desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair,
Deus lhe pague.
Brasil
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Querem uma visão do futuro?
Vou lhes dar uma, e a que provavelmente irá acontecer em algum momento no futuro se é que ainda não aconteceu, graças à revolucionaria ideia de um “grupo de camaradas unidas” com o apoio da Editora Global e o aval do MEC.
Cenário:
Um tribunal.
Atores:
Um “fantástico” grupo de figurantes muito atentos ao desenrolar da trama
Um Juiz
Um Juri
Dois advogados
Um réu
Motivo da trama:
Um assassinato múltiplo, com premeditação e requintes de crueldade.
Cena única:
O Juiz pergunta ao réu:
- Consta dos autos que o senhor foi no local onde morava as vítimas e lá perpetrou chacina dos mesmos, está certo o que li?
- Óia seu doto, juz, era nóis que tava na fita e os manos mando e nóis fumo lá, agora nóis num sabi não quem penetrô na chacrinha.
O juiz se volta para o juri e diz:
- Como puderam ouvir o réu confessa o crime...
Aí entra o advogado de defesa:
- Protesto!... Meritíssimo!
- “Vossa Meritíssima persona” está a condenar sumariamente um inocente e cometendo o crime de discriminação linguística contra o meu cliente além de incitar ao cometimento do mesmo crime os senhores jurados.
- O meu cliente disse apenas que era a vez dele fumar e não a dos irmãos e que não sabe nada sobre a chacina.
Prova C (circunstancial e imaginária)
(1)Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir,
Deus lhe pague.
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir,
Deus lhe pague.
Brasil
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A partir destra nova concepção de linguística e vernáculo patrocinada pelo governo federal brasileiro quase ao meio do ano de 2011, qualquer advogadozinho de porta de cadeia e até mesmo sem OAB (pedir o registro na OAB de um advogado pode ser tomado como um ato de discriminação profissional) poderá livrar seus “inocentes” clientes do cumprimento da lei simplesmente usando a lei contra ela mesma.
***
Para encerrar incluí nesta publicação uma apresentação de Chico Buarque da sua música Construção e em seguida a letra completa da mesma feita esta, em um tempo onde escrever bem e certo era uma arte muito bem vista e amada e não um crime.
Esta apresentação foi retirada só site http://letras.terra.com.br/chico-buarque/45124/
Construção
Chico Buarque
Composição : Chico Buarque
Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado
Por esse pão pra comer, por esse chão prá dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir,
Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça e a desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair,
Deus lhe pague
Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir,
Deus lhe pague
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir,
Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça e a desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair,
Deus lhe pague
Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir,
Deus lhe pague
mkmouse
(1)Versos das três estrofes finais da música Construção de Chico Buarque
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