segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O Rato e o Rigoletto



Nas últimas postagens tenho apresentado trechos de obras do canto lírico e resolvi nesta continuar assim.
Esta semana eu assisti, mais uma vez, a opera Rigoletto de Giuseppe Verdi (1813-1901) e desta vez o que me chamou a atenção foi a sua atualidade, por mais incrível que pareça, foi a atualidade do drama.

Rigoletto é uma ópera em três atos e cinco cenas do compositor italiano Giuseppe Verdi, com libreto de Francesco Maria Piave, estreou no teatro La Fenice de Veneza em 11 de março de 1851.

Auditorium, La Fenice Theatre, Venice, Italy
Janeiro de 2007 – foto feita pelo próprio teatro

Ópera inspirada na peça de teatro “Le roi s'amuse” de Victor Hugo, desvia-se ligeiramente da peça, devido à censura imposta na época de sua composição e estreia; a personagem do Duque era inicialmente o Rei e algumas partes do texto tiveram de ser alterados devido ao conteúdo político inaceitável nas últimas décadas do Resorgimento italiano (1815-1870).

O Rigoletto é a décima sétima ópera de Verdi

Retrato de Giuseppe Verdi (1886).
Galería Nacional de Arte Moderna de Roma.

Esta ópera versa sobre a falência moral de um reinado e de sua corte, sobre inversão de valores morais e sociais, sobre a promiscuidade, sobre a cupidez humana e suas taras, enfim sobre os dias de hoje embora tenha sido vista pela primeira vez ha 161 anos atrás; curioso não?

 
Rigoletto - BBC 2001


Rigoletto, Teatro Nacional da Moldávia

Rigoletto e Gilda
Hudson Opera Teatre - 2002/2003

Rigoletto, o bufão, o bobo do rei, o bobo da corte, na ânsia de agradar os poderosos, tripudia sobre a dor das vítimas do rei e de sua corte os quais, no buscar insano dos prazeres mundanos e no desprezo pelos sentimentos alheios, não medem esforços nem meios para atingir seus inconfessáveis objetivos; acho que você já viu isso, não em algum, mas em muitos lugares hoje em dia, como nas nas ruas, nas baladas, nos bailes fun...(sei lá o que), nos bailes "pancadões" que rolam hoje, livres e soltos, pelas sarjetas da vida e em especial na vida política, não só neste país mas pelo mundo afora, onde homens sem nenhum senso de moral, de responsabilidade e pleno desconhecimento do que significa o lado bom da palavra: caráter.

Estas criaturas inomináveis, cometem as maiores barbaridades em nome da lei, da ordem, pela liberdade e por fim, atrocidades inimagináveis em nome de Deus e pela democracia.

Rigoletto paga caro, paga muito caro pela sua baixeza, pela sua vilania, pelo seu servilismo, pela sua torpeza e pela sua fraqueza moral.

Ao cair o pano do da terceira cena do primeiro ato, alguns cortesões contam a Rigoletto que estão a seguir os seus conselhos e vão raptar a mulher do Conde.

Rigoletto ri, divertindo-se e diz que quer participar do rapto, os cortesões (seus sempre amigos e aliados) vendam-no e pedem para que fique a segurar a escada por onde sobem, entram dentro da casa e efetuam o rapto voltando pela mesma escada.

Só depois que eles partem com o prêmio da coletiva vilania é que o Rigoletto percebe: houvera tomado parte no rapto de sua única filha findando-se assim o primeiro ato.

Eu escolhi as últimas cenas do segundo ato para esta apresentação; começa com a ária de Gilda “Ciel! Dammi coraggio!”, passa pelo dueto de Gilda e Rigoletto “Piangi, fanciulla piangi”, terminando em um outro dueto entre pai e filha (Rigoletto e Gilda) “Vendetta, Tremenda vendetta”, pondo fim ao segundo ato.

Eu escolhi esta sequencia por ser, (quando bem cantada) o dueto Piangi fanciulla de uma ternura quase infinita, um contraste fantástico com a brutalidade e violência da trama (como também pode ser terna, brutal e violenta alma humana) que tem como sequencia final, após um pequeno momento de transição, outro dueto entre Rigoletto e Gilda onde explode em uma apoteótica fúria, o ódio, o rancor e o desejo de vingança, selando com isso, definitivamente, toda a desgraça que está por vir no último ato.

The Royal Opera House, Convent Garden, London

A opera que possuo é uma versão de 2001 (imprópria para menores de 18 anos) e sinceramente a sequencia por mim selecionada está melhor cantada na minha versão em disco (LP) que é uma coleção da Deustche Grammophon de 1980 com a orquestra Wiener Philharmoniker regida por Carlo Maria Giuliani e o coro da Wiener Staatsopernchor sob a regência de Roberto Benaglio a adornar o canto dos seguintes artistas: Piero Cappuccille, Ileana Cotrubas, Plácido Domingo, Elena Obraztsova, Nicolai Ghiaurov, Kurt Moll e Hanna Schwarz.

Interpretes das cenas exibidas:

           Rigoletto – Paolo Gavanelli

           Gilda - Chistine Schäfer

           Court Usher – Nigel Gliffe

           Conde Monterone – Giovan Battista Parodi

The Orchestra Of The Royal Opera House – Concert Master Peter Manning – conduzida por Edward Downes e o The Royal Opera Chorus – diretor Terry Edwards – Produção da BBC Canadense no The Royal Opera House, Convent Garden, Londres em 2001.

The Royal Opera House, Convent Garden, London
Il Rigoletto – Verdi – 2001
Agradecimento final

Infelizmente eu tive que reduzir a qualidade do pequeno vídeo de 12 minutos, posto que na qualidade original tinha quase meio gigabyte com isso reduzi este vídeo a quase 20% do tamanho original.

Detalhe: na segunda parte do vídeo, o trono do Duque (Rei) representa a presença física do mesmo, em algumas montagens há um retrato do referido em lugar do trono.

Este vídeo tem 88 MB, foi trabalhado no AviDemux GT e GTK, é MPEG-4 ASP (Xvid) com o nome de Rigo12legendado.avi

A legenda foi elaborada por mim no Gnome Subtitles em UTF-8, gravada no vídeo com fonte Arial nono, inserida e colorida no mesmo AviDemux; elaborada com base no libreto da opera, “O Rigoletto” que foi apresentada no Teatro Nacional de São Carlos, Lisboa, Portugal em 2007.

Fachada do Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa, Portugal.
10 de Abril de 2006, foto de Thomas from Vienna, Austria



São Paulo, SP, de 10 a 20 de agosto de 2012

Mkmouse


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Quarto Aniversário



Este blog faz hoje, dia 06 de Agosto de 2012, o seu quarto aniversário.

Venho neste período passando o meu pensamento sobre diversos assuntos.

Mostrei também, de passagem, a minha indignação com muitos fatos e situações que nada tem de inocentes e tiveram como agravante a subestimação da inteligência alheia.

Continuei nestes anos escrevendo o óbvio, o arroz com feijão, não inventei nada, não criei nada apenas vi “a nova roupa do imperador” e os novos “lobos em pele de ovelha”.

Descrevi o que vi para quem quisesse ler e com isso, rir ou chorar; não deixei de expressar-me também sobre estas maravilhas, sobre este “maravilhoso Mundo Novo” das novas políticas, corretas e populistas, todas de baixíssimo custo particular e altíssimo custo público para os habitantes deste planeta.

Nestes quatro últimos anos eu não mudei em nada o mundo, mas tomo ciência que este Rato não está só, existem mais ratos neste mundo do que logra a imaginação humana conceber.

É, nós continuamos a ser muitos, às vezes até pode não parecer por alguns momentos, quando estamos isolados e incomunicáveis; nós, os Ratos, só vamos desaparecer (e isto não é uma certeza) quando todo o planeta Terra por fim morrer em uma morte natural ou não.

Então este blog homenageia todos os Ratos do Planeta, seus amigos planetários e seus simpatizantes onde quer que estejam com mais um bolinho virtual, que chega nas mãos de um amigo urso, que de “amigo urso” nada tem.

Como divertimento final, separei da ópera Carmem de Georges Biset a aria Habanera, ópera esta, que é um filme de Francesco Rossi, o qual o dirigiu em 1984 com os cenários reais da época em Sevillia, Ronda e Carmona – A ópera se baseia no Livreto de Meilhac et Halevy e na novela de Prosper Merimee, com Julia Migenes-Johnson como Carmem e Placido Domingo como Don José, acompanha a Orchestre National de France, choeurs et maîtrisse de Radio-France dirigés par Lorin Maazel, coro regido por Jacques Jouineau – A aria tem 4 minutos e 34 segundos – A ópera 2 horas e 29 minutos.

Divirtam-se amigos!




São Paulo, SP, 05 de Agosto de 2012

mkmouse





segunda-feira, 30 de julho de 2012

O Rato e a Cultura – O Melhor interlúdio de Thaïs


Cansado de outros esboços disse um dia Jeová: (1)

- Vai, Rato.

- Abre a cortina da minha eterna oficina e pega o meu espanador.

- Espana com ele o ranço da ignorância latina e semeia um pouco de cultura por lá.

Foi aí que me peguei vendo (e ouvindo) uma das minhas óperas em plena manhã de domingo e não tive dúvidas; atendi de imediato o tão ilustre chamado.

A ópera Thaïs de Jules Émile Frédéric Massenet (Montaud 12/05/1842 - Paris 13/08/1912) é uma ópera em três atos e sete cenas feita para um libreto em francês de Louis Gallet, com base no romance homônimo de Anatole France.

Jules Émile Frédéric Massenet

Foi apresentada pela primeira vez no teatro da Ópera de Paris em 16 de março de 1894, com a soprano norte-americana Sybil Sanderson, pessoa para quem Massenet escreveu o papel-título.

Esta ópera foi ambientada no Egito durante a época romana e conta a história de Athanaël, um monge cenobita que tenta converter Thaïs, uma cortesã da cidade de Alexandria e sacerdotisa de Vênus à Cristandade, empreitada esta sem muito êxito.

A passagem mais famosa da ópera, é executada como interlúdio entre duas cenas do segundo ato e é conhecida como Meditação de Thaïs.

Esta é uma peça que faz parte do repertório clássico tradicional, sendo executada normalmente como peça de concerto.


No obstante eu a coletei da ópera que possuo que é uma produção do ano 2000 da Fondazione Teatro La Fenice Di Venezia que conta com o seguinte elenco principal:

    Eva Mei (soprano) no papel de Thaïs, uma cortesã
    Mechele Pertusi (barítono) como Athanaël, um monge cenobita
    Willian Joyner (tenor) como Nicias, um nobre
    Christophe Fel (baixo) como Palémon, líder dos Cenobites
    Chistine Buffle (soprano) como Crobyle, seu servo
    Elodie Méchain (meio soprano) como Myrtale, seu servo
    Tiziana Carraro (meio soprano) como Albine, uma abadessa
    Anna Smiech como La Charmeuse
    Enrico Masiero como A Servant.
    Coreografia é de George Iancu
    Primeira Bailarina Letizia Giuliani
  Música de Jules Massenet é executada pela Orquestra e coro da Fundazione Teatro La Fenice, Venezia; sob a regência de Marcelo Viotti.
    O coro é regido por Guillaume Tourniaire.

* * *

Thaïs é a ópera mais executada de Massenet depois de Manon Lescaut e de Werther, mas é comum não pertencer ao repertório padrão das óperas visto ser a personagem principal notória no meio teatral pela sua dificuldade de interpretação.

A ópera toda tem 2 horas 17 minutos e 33 segundos de duração

Ato I

No deserto de Tebaida, não longe do Nilo

Palémon e os demais monges do mosteiro aguardam o regresso de Athanaël que vem de Alexandria.

Este voltou falando da corrupção que reina na cidade e da escandalosa vida da cortesã Thaïs.

Athanaël comunica aos seus companheiros que quer convertê-la a uma vida cristã.

E ainda que Palémon e os companheiros o desaconselhem, Athanaël volta a Alexandria.

Athanaël é recebido em casa de Nicias, antigo companheiro de estudos.

Nicias aparece com duas escravas, Myrtale e Crobyle.

Às perguntas de Athanaël, Nicias responde que gastou uma fortuna para ter ao seu serviço a bela Thaïs por uma semana, que por sinal está a ponto de chegar.

Athanaël cobriu o seu hábito com uma túnica para a festa.

Chega Thaïs pela última vez a casa de Nicias.

Prontamente Athanaël começa a gabar os predicados da cortesã, com grande surpresa de todos.

Thaïs zomba discretamente do monge, mas este assegura que irá ao seu palácio repetir-lhe o que diz.

Ato II

 Thaïs ante o espelho, observa os primeiros sinais de velhice no seu rosto, mas pede a Vénus para conservar a beleza.


Chega Athanaël que acode a salvar Thaïs; ela o ridiculariza.

O monge tira a túnica e fica com o hábito: Thaïs sente o efeito da sua prédica e pede perdão.

Mas assim que ele lhe diz que a esperará, tem uma reação contrária e quando ele sai, dispara numa mistura de soluços e risos (“Méditation”).

Thaïs desperta Athanaël, que dormiu fora da casa de Nicias, e implora que a acolha no seu arrependimento.

Ele decide levá-la consigo, mas primeiro impõe que queime tudo o que tem.
Ela aceita, mas guarda uma estatueta de Eros.

Nicias sai de casa contentíssimo: ao jogo, ganhou tudo o que havia gasto com Thaïs e quer continuar a sua vida de diversões.

Nicias vê chegar Athanaël da casa de Thaïs e o ridiculariza, mas ele mostra-lhe a cortesã convertida em penitente.

O povo quer impedir que Thaïs se vá embora e Nicias atira umas moedas de ouro, mas aproveitando quando todos se lançam para as apanhar, Thaïs e Athanaël, escapam.

Ato III

Junto a um oásis.

Eles atravessaram o deserto.

Thaïs está fatigada e, em vão, pede um pouco de descanso.

Cai, exausta.

Athanaël compadece-se dela, traz-lhe fruta e água e diz-lhe que o convento está mesmo ali.

Aparecem a abadessa Albine e as companheiras, rezando.

Athanaël despede-se de Thaïs e de imediato compreende que já não a voltará a ver na terra; quando vai, cai no chão e chora inconsolavelmente.

Os monges dizem que vem aí uma tempestade terrível.

Reparam também, que desde que voltou, faz três semanas, Athanaël nunca mais comeu nem falou com eles.

Hoje apareceu, muito fechado em si mesmo, mas confessa a Palémon que tem muitos desejos de Thaïs.

Palémon responde que o advertiu para que não a conhecesse.

Athanaël queda-se absorto na sua prece.

* * *

O trecho que selecionei é Meditação de Thaïs, tem 6 minutos e 28 segundos.

Com isso espano para “os quintos dos infernos” a mulher fruta e tudo o que esta aberração representa dentro da arte do mau gosto, da incompetência e da falta mais que absoluta de talento, semeio em seu lugar um pouco de arte verdadeira; arte esta, fruto de um estudo com muito afinco, da abnegação, do amor pelo belo e principalmente do talento, coisa muito rara nos dias de hoje.

Este soberbo espetáculo de som de dança onde a beleza plástica de Eva Mei enriquece sobremaneira o divã de rosas com espinhos em que está repousando e permite que Letizia Giuliani faça um espetáculo impar; um belíssimo corpo a adornar a cruz a qual se rende em um ato final fazendo com que as rosas do divã de Thaïs caíssem todas de uma só vez ficando apenas os espinhos, com Thaïs a dormir e Athanaël a orar.

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Um detalhe apenas para os mais desavisados, a primeira bailarina não está nua, como não coloquei a ópera toda mas só um pequeno trecho de 63 Mb (a ópera é um avi de 1,7 Gb), pessoas menos atentas podem pensar que a mesma está nua neste trecho o que não é verdade.

Meditação de Thaïs - Jules Massenet
Orquestra e coro da Fundazione Teatro La Fenice, Venezia
Bailarina, Letizia Giuliani - Thaïs, Eva Mei - Athanaël, Mechele Pertusi
Marcelo Viotti rege a orquestra e Guillaume Tourniaire comanda o coro


(1) O Livro e a América (03/08/1867), Castro Alves – Espumas Flutuantes (Navio Negreiro – Vozes D'África) – página 13 – impresso por Edições “o Livreiro” ltda. - São Paulo – sem data conhecida.



São Paulo, SP, 30 de Julho de 2012

Mkmouse


quarta-feira, 11 de julho de 2012

Belle Époque



Este Rato acordou hoje com uma indescritível saudade, uma enorme saudade de uma época que nunca vivenciou.

A Belle Époque.


Só posso traduzi-la em uma tradução livre da música La Bohème, que segue abaixo:

Eu lhes falo de um tempo em que os jovens não podem conhecer.
Montmartre naquele tempo levava suas flores lilás até sob nossa janela.
O humilde quarto mobiliado que nos serviu de ninho não era bonito mas foi lá que nos conhecemos.
Eu pintando, chorando miséria e você...
Ah você...
Você, posando nua.

Ah bohême; bohême, a gente era feliz, nós eramos muito felizes...
Ah bohême; bohême e só comíamos um dia em cada dois!

Nos cafés vizinhos, nós éramos alguém, esperávamos a glória.
E apesar da miséria, com o estômago oco nós nunca deixamos de crer em nossa vitória.
E quando nós conseguíamos pagar com uma tela, uma boa comida quente em alguma taverna, nos ficávamos a recitar versos juntos; juntos ao redor do aquecedor, esquecendo com isso o frio inverno, a pobreza.

Ah bohême; bohême, ah você era tão linda!
Ah bohême; bohême e nós tínhamos ideais fantásticos...

Frequentemente me acontecia passar, noite a fio, diante do meu cavalete, retocando o seu retrato, retocando a linha de um seio, uma curva do quadril e só pela manhã a gente se sentava finalmente, antes de um café com creme, esgotados mas deliciados; nós nos amávamos tanto e amávamos  muito mais ainda a vida.

Ah bohême; bohême, nós tínhamos apenas, vinte anos!
Ah bohême; bohêmia, nós vivíamos do ar, do tempo, do amor...

Qualquer dia desses eu farei um passeio, irei ao meu antigo endereço.
...
Eu não reconheço mais o nosso lugar, não reconheço as paredes, nem as ruas que viram e ouviram os nossos sons e o passar da nossa juventude.
...
E do alto de uma escadaria eu procuro o meu antigo atelier.
...
Mas ele não existe mais.
Em sua nova decoração Montmartre parece triste, suas flores lilás...
Não mais as vejo, estão mortas, morreram...

Ah bohême, bohême, nós eramos jovens, a eramos felizes eramos malucos...
Ah bohême, ah bohême e agora tudo isso não quer dizer nada, absolutamente nada.

Com Charles Aznavour (uma apresentação com mais de 40 anos), La Boème


La Bohème


Je vous parle d'un temps
Que les moins de vingt ans
Ne peuvent pas connaître
Montmartre en ce temps-là
Accrochait ses lilas
Jusque sous nos fenêtres
Et si l'humble garni
Qui nous servait de nid
Ne payait pas de mine
C'est là qu'on s'est connu
Moi qui criait famine
Et toi qui posais nue

La bohème, la bohème
Ça voulait dire on est heureux
La bohème, la bohème
Nous ne mangions qu'un jour sur deux

Dans les cafés voisins
Nous étions quelques-uns
Qui attendions la gloire
Et bien que miséreux
Avec le ventre creux
Nous ne cessions d'y croire
Et quand quelque bistro
Contre un bon repas chaud
Nous prenait une toile
Nous récitions des vers
Groupés autour du poêle
En oubliant l'hiver

La bohème, la bohème
Ça voulait dire tu es jolie
La bohème, la bohème
Et nous avions tous du génie

Souvent il m'arrivait
Devant mon chevalet
De passer des nuits blanches
Retouchant le dessin
De la ligne d'un sein
Du galbe d'une hanche
Et ce n'est qu'au matin
Qu'on s'assayait enfin
Devant un café-crème
Epuisés mais ravis
Fallait-il que l'on s'aime
Et qu'on aime la vie

La bohème, la bohème
Ça voulait dire on a vingt ans
La bohème, la bohème
Et nous vivions de l'air du temps

Quand au hasard des jours
Je m'en vais faire un tour
A mon ancienne adresse
Je ne reconnais plus
Ni les murs, ni les rues
Qui ont vu ma jeunesse
En haut d'un escalier
Je cherche l'atelier
Dont plus rien ne subsiste
Dans son nouveau décor
Montmartre semble triste
Et les lilas sont morts

La bohème, la bohème
On était jeunes, on était fous
La bohème, la bohème
Ça ne veut plus rien dire du tout


São Paulo, SP, 11 de Julho de 2012

Mkmouse


domingo, 24 de junho de 2012

Você é um Homem ou um Rato?



Você é um Homem ou um Rato?

Tá aí uma pergunta difícil de responder...

Quem já não a ouviu, certamente a ouvira em algum momento da vida.

Mas o que é um Homem e do que é um Rato?

Bom, para começar ambos são criaturas e a pergunta, quanto é formulada, é quase sempre no sentido de que o perguntado está pensando em escapar de alguma coisa que não lhe agrada e o perguntador não está com vontade de permitir isso.

O motivo deste conflito de interesses não vem ao caso, posto que certamente não é bom para a parte arguida e se esta não segurar o “pepino” o perguntador vai de uma maneira ou de outra acabar segurando, o que ele sabe que não é bom para ele; ou seja, o motivo via de regra não é bom para ninguém e só vai ser melhor para um dos envolvidos se algum outro for constrangido a ser “corajoso” e não ser um “suposto covarde”.

A questão está, não nas igualdades mas nas diferenças.

Existem muitos tipos de ratos desde o rato mais comum e natural como o rato dos campos, das pradarias, dos desertos e das florestas, à ratazana que é uma espécie subsidiada pelo homem e que só pode existir em seu meio.

 
 A ratazana está para o rato verdadeiro, assim como o político está para o seu eleitor; os ratos certamente sobreviverão à extinção do homem mas as ratazanas não poderão sobreviver sem o lixo humano (ipsis letteris).

Nem preciso dizer que um Rato jamais optaria por uma ratazana para fazer nada que lhe possa ser vital em algum momento de sua fugaz vida neste planeta, nem mesmo para morrer por ele, visto que certamente isso não aconteceria.

Agora veja o nosso bom e velho Brasil.

O PT (isso é sigla de partido político e não terminologia de seguradoras) acusa um cidadão do PP (outra sigla política) e já há muito tempo de muitos crimes, dentre eles o roubo e mantém o poder judiciário brasileiro trabalhando no caso insistentemente, com um processo atrás do outro ou, seja lá, com a coisa que o valha legalmente para tal.

Aí, neste mês de junho, o mês das quadrilhas, o PT se une ao PP para que juntos elejam o prefeito da cidade de São Paulo; a maior, a mais populosa, a mais rica e rendável cidade da América Latina.

Detalhe: o PT não retirou dos tramites judiciais nenhum dos processos criminais movidos por ele ou pelos seus mandatários que afetam o cidadão do PP de São Paulo.

Agora este Rato pergunta:
Como o partido que alega ser a única forma viva de honestidade, moral e honra do planeta pode se aliar a um meliante (segundo a sua própria concepção) para gerenciar os valores da maior cidade do hemisfério sul e ainda tem a cara de pau de manter os processos tramitando na justiça brasileira?

Infelizmente este Rato também sabe a resposta:

Isto é a política!

E segundo os seus praticantes a melhor, a mais pura, a mais moralizante e moderna política do mundo, é tão desinteressada e honesta que pode colocar para controlar um tesouro o maior dos ladrões que eles dizem conhecer sem nem mesmo se dar ao trabalho de retirar do mesmo o estigma de larápio.

Eu gostaria de saber quem é o sábio (@#$$$$!!!¨&) que engendra e impõe tamanhas barbaridades, lógicas e morais, para os abestalhados de seus partidos e como estes aceitam como vaquinhas de presépio estas refinadas idiotices.
Eu gostaria de saber como e onde, estas malditas organizações encontram a ousadia e o despudor, tão necessários para apresentar aos eleitores de um país estas aberrações morais e ideológicas.

Estes partidos certamente consideram os seus eleitores um lixo.

Será que já não basta todas as sacanagens por eles perpetradas contra a nação que deveriam amar e proteger; será que já não basta a impunidade completa, total e imoral que gozam imerecidamente em seus antros políticos; será que já não bastaria vender a nação brasileira a uma entidade esportiva estrangeira e a outros obscuros compradores; é necessário agora o consumatum est da moral e da lógica para com isso por um novo parágrafo inicial, criar uma nova forma de corrupção e de crimes, crime que por sinal tem campeado solto, feliz e saltitante neste país que corre veloz em direção ao “sem eira nem beira”?

Ainda bem que Ratos não votam em ratazanas.

Mas infelizmente nós não conseguimos ver nada de útil, bom ou moral em nenhum político da atualidade que justifique sequer uma segunda olhada no caráter do mesmo.

Os políticos vivem e sobrevivem, sem nenhuma dúvida, da miséria e da ignorância humana, por isso a miséria e a ignorância de um povo é diretamente proporcional ao número de partidos políticos e políticos que possui e dele sobrevive.

Infeliz e maldito é o povo, cujos destinos são regidos por partidos políticos e não por sua própria vontade, neste sistema: (o texto abaixo foi escrito supostamente em 1964)
 General Mourão Filho
“Ponha-se na presidência qualquer medíocre, louco ou analfabeto e vinte e quatro horas depois a horda de aduladores estará à sua volta, brandindo o elogio como arma, convencendo-o de que é um gênio político e um grande homem e de que tudo o que faz é certo.

Em pouco tempo transforma-se um refinado ignorante em um sábio, um completo louco em um gênio equilibrado, um primário em um consumado estadista.

Então um homem nesta posição, empunhando as rédeas de um poder quase ilimitado, embriagado pela bajulação pode transformar-se em um monstro ou algo muito perigoso para todos e tudo o que ele não gostar.”

Mahatma Gandi tecendo a própria roupa

Bendito e feliz é o povo que tem lideres e os quais vivem e sobrevivem para eles e não deles.


São Paulo, SP, 24 de Junho de 2012

Mkmouse


Como defender uma civilização que somente o é de nome, já que representam o culto da brutalidade que existe em nós, o culto da matéria?
Mahatma Gandi


quarta-feira, 30 de maio de 2012

Uma Mulher Que Lê.



Eu estava pensando sobre o que escrever nesta postagem quando me deparei com o jubileu de prata da Rainha Izabel II (Elizabeth II) do Reino Unido (UK).

E porque não, perguntei-me.

Eis aí algo bom de se falar e de fácil deglutição pública, pelo menos na Inglaterra.

A foto abaixo é para mim algo de especial valor, algo dígino de nota aqui pelos campos de Piratininga.


A Rainha da Inglaterra, no trono da Inglaterra, está lendo e com os seus próprios meios!

Isso minha gente, é impensável para os governantes da nova e avançadíssima República Federativa Brasileira do século XXI; como ficaria os pelegos, jogadores de futebol e os entregadores de santinhos dos partidos políticos se os seus políticos eleitos pelo menos souberem ler e escrever com alguma, ou vaga coerência.

Imagine só que catástrofe seria se fosse necessário colocar na presidência da Petrobras (ou em outros lugares estratégicos) algum “petroleiro (gente)” de carreira e que realmente entendesse de extração e refino de petróleo?


A propósito, eu coloquei petroleiro entre aspas e gente entre parênteses para que se alguém viesse a ler este texto e estivesse com o “puder”, (o que eu duvido que possa acontecer) tomando para si a ideia, venha a colocar um navio na presidência da Petrobras; isso, se não fosse trágico, seria tão cômico quanto um cavalo no SPQR.

Só para esclarecer algum leitor mais desavisado SPQR é a abreviação da expressão latina Senātus Populusque Rōmānus, versão presente na Coluna de Trajano (O Senado e o Povo Romano) e não Sono Pazzi Questi Romani (São Loucos, Estes Romanos) supostamente dito por Astrix, “O Gaulês”, em uma versão italiana da HQ.
 
Mas não é do altamente desenvolvido e avançado governo brasileiro que quero ora falar, mas sim sobre uma rainha da Inglaterra, aquela que lê.

É a rainha de um povo que pelos padrões do governo brasileiro deve ser um povo subdesenvolvido, eles vivem em uma monarquia cujas origens remonta o princípio do nosso calendário oficial ocidental, sem contar o fato de que, e ao que parece, nesta monarquia é ainda preciso aprender a ler e escrever para poder ser alguém na vida, este lugar é o fim do mundo para o pensamento socialista e politicamente correto do novo Brasil.

Mas vamos ao que realmente interessa: Sua Majestade a Rainha Izabel II do Reino Unido.


Esta simpática e sorridente Senhora, do alto e no vigor de sua oitava década de vida, comemorou neste mês de maio de 2012, sessenta anos de reinado; o segundo reinado, ainda em vigor, mais longo da atualidade.

Mas quem é Elizabeth Alexandra Mary de Windsor?

A rainha Isabel é descendente da casa alemã de Saxe-Coburgo-Gota (Sachsen-Coburg-Gotha), que herdou o trono britânico após a morte da rainha Vitória (da casa de Hanôver), em 1901.

Ela também é descendente de monarcas britânicos da distante casa de Wessex do século VII; da casa real escocesa, a casa dos Stuart, que remonta ao século IX.

Pela parte de sua bisavó, rainha Alexandra, ela é descendente da casa real dinamarquesa de Schleswig-Holstein-Sonderburg-Glücksburg, uma linhagem da casa norte-alemã de Oldenburg, uma das mais velhas da Europa.

Como tri neta da Rainha Vitória, a Rainha Isabel tem parentesco com chefes de Estados da maioria das casas reais da Europa e com a antiga casa imperial do Brasil.

Ela é prima de Alberto II da Bélgica, Harald V da Noruega, Juan Carlos I da Espanha e Carlos XVI da Suécia, também com os antigos reis Constantino II da Grécia e Miguel da Romênia, além das antigas casas reais da Prússia / Alemanha e Rússia.

Seu pai, o príncipe Alberto, Duque de York (mais tarde rei Jorge VI), era o segundo filho mais velho do rei Jorge V e da Rainha Maria.

Sua mãe era a Duquesa de York, depois rainha-consorte Isabel e Rainha mãe em 1953 com a morte da eté então Rainha Mãe, Maria de Teck.

Isabel II com a irmã Margarida (á frente) e
a sua avó Maria de Teck (ao lado)

Esta simpática Senhora, A Rainha, é muito ciosa em seu papel de monarca.

Sabe muito bem que à qualquer hora, do dia ou da noite, existem milhões de pares de olhos e outros tantos de ouvidos atentos a tudo que ela e sua família faz, diz, come e veste.

Sua Majestade sabe que deve dar o bom exemplo aos súditos britânicos e exibir comportamento impecável, além de uma conduta irrepreensível, sobriedade e bom senso.

Acha ela, uma lástima que a geração seguinte tenha lhe dado tanto trabalho, mas pelo menos a filha Anne vem se esforçando para honrar as expectativas do povo inglês.

Frugalidade, em tempos de crise, é tudo.

A rainha também tem um apreço especial por aqueles que já têm mais idade.

 Rainha dá festa de verão no jardim do Palácio de Buckingham
 
Assim é que, todos os anos, ela envia um cartão de felicitações a cada um dos seus súditos que completam a centésima primavera.

Na visão deste Rato, o exemplo de uma mulher cujos ideais e prioridades foram aqui descritas, deveriam ser seguido pelos homens e mulheres do meu Brasil.

Mas este meu país, seu governo popular evoluiu demais para se rebaixar a tanto, voltando a um passado tão imperialista a ponto de ter de se governar por exemplos quando é muito mais moderno e eficiente governar dando ao eleitor uma bolsa qualquer, um bônus ou um vale seja ele qual for e de quanto for o valor, desde isso não saia do seu próprio bolso e sim do bolso dos outros não afeitos ou chegados ou “puder”.

Dos povos subdesenvolvidos deste planeta (sob o ponto de vista do planalto central brasileiro) é o povo inglês que eu acho mais interessante e promissor.

O inglês nato, da gema, é uma criatura formidável, ama de paixão a sua rainha ou o seu rei e não acha que o mesmo tenha qualquer coisa a haver com Deus e sua árvore genealógica, bem como com uma outra divindade qualquer ou coisa que o valha.

Para estes nativos, o Rei ou a sua Rainha é um modelo, um exemplo a ser copiado ou criticado, aberta e veementemente quando não se comportam como deviam se comportar ou, fazem o que um Rei ou Rainha e com isso a casa real, não deveria fazer.

O pior é que lá no Reino Unido até o Rei ou a Rainha se curvam à vontade e necessidades de seus súditos (súditos são lá a mesma coisa que eleitores deveriam ser aqui) e é isso que mostra o tremendo grau de atraso político do Reino Unido.


Aqui no Brasil, onde a evolução política atingiu um nível social altíssimo, mesmo se comparado ao sistema cubano que é a base exemplar para os nossos novos e evoluídos líderes, isso não é mais necessário: para que perder tempo ouvindo o povo se o “puder” é o povo: se o “puder” foi eleito por ele mesmo, o povo; não é o “puder” a vontade do povo?
Está aí um raciocínio de facílima compreensão e eu não entendi ainda o porque, que os cabeças-duras ingleses, ainda não entenderam algo tão simples e obvio como isto é para o novo e culto povo brasileiro.

Eu nunca vi, a Sua Majestade Sereníssima, falar por ai ou aos quatros ventos, que resolveria crises entre países outros que não as do seu próprio, como por exemplo o caso das supostas: bombas atômicas do Irã.

Estes ingleses subdesenvolvidos são mesmo criaturas fantásticas.

Imaginem!

A nossa simpática Senhora não acredita que distribuição de riquezas traria algo de bom ao seu povo a não ser o aumento da pobreza; ela acha, que é o aumento e a distribuição equilibrada dos meios de produção de riquezas é que enriquecerá o seu povo.

Estes povos subdesenvolvidos são tão românticos!

Os bobinhos dos ingleses deveriam seguir o exemplo de socialização do governo brasileiro e dos Camaradas do Brasil onde o governo toma de quem tem (as vezes até de quem não tem (supostamente)) para suprir as necessidades governamentais e os camaradas menos afortunados do partido

Os Camaradas do Brasil (nossos manos), por outro lado, quando não ocupam alguma coisa, tomam outras ou o que estiver ao seu alcance desde que possam no futuro valer alguma coisa ou ainda ser de interesse do partido; isso só para não deixar nenhum “burguês miserável” (burguês miserável é todo aquele que não faz parte do esquema) botar suas mãos corruptas em cima, mas para vender o fruto da sua “justiça social” algum tempo depois para quem realmente mereça comprar e a critério do partido, a um preço tão baixo que faria inveja a qualquer “Negócio da China”, que já houve ou ainda vai haver.


Já pensaram como seria felizes os ingleses, se Sua Majestade aderisse ao sistema de distribuição de riquezas apregoado e “executado” pelos líderes de hoje?

Não?

Então eu mesmo vou imaginar para vocês!

Sua Majestade, no maior ato de insanidade da sua vida, impossível de ser concebido pela mente humana: “se torna lúcida”; renega todos os seus títulos e pleiteia apenas um, o de “Camarada do Partido, Elizabeth II”.

Como é nova no ramo, vai para o fim da fila dos novos Camaradas mas, só conseguirá este lugar na fila quando se desfizer de suas riquezas; depois de distribui-las ao povo do mundo socialista desde que estejam estes ligados ao partido de alguma maneira.

Mas é claro que a antiga Sua Majestade e aspirante a futura mais nova Camarada do Partido, por mais que tenha se esforçado, ainda tem o ranho da burguesia retrógrada e fedorenta na sua imagem pública, por isso não pode ela mesma fazer a distribuição de seus bens com a justiça socialista exigida pelo partido; só o partido e só ele, tem esta visão divina, divinal mesmo, sobre o que é bom para os seus Camaradas cada um de-per-si e o que significa na realidade, o bem estar de uma sociedade socialista-capitalista-comunista.

Depois da justa distribuição social dos bens da Ex Sua Majestade, pelo Divino e Sagrado Partido do Povo, a nova e recuperada cidadã do mundo, a mais nova Camarada do Partido, teria a casa da sua família (foto abaixo) agora servindo de residência a alguém de muita importância para o partido; todos os empregados da casa, antes pagos pelas hoje não tão régias rendas da antiga Senhoria, teriam agora o seus salários “Califáticamente” aumentados e pagos pelo governo: O Novo Governo Popular Britânico.

Sandringham House in Sandringham,
Norfolk, western aspect

A agora, Senhora Camarada Elizabeth II do Partido, estaria morando na encosta de algum morro na Escócia com toda a sua família; ela não é confiável o suficiente para morar no “Morro do Alemão”, aqui no Brasil, a capital do socialismo popular do século XXI.

É na Escócia tem muitos morros e todos eles sendo erroneamente utilizados, afinal o povo de lá é ainda subdesenvolvido.

Quanto ao sustento, a nova Camarada Elizabeth II estaria segura, mas isso só por magnanimidade do partido e pelo fato de esta Senhora ter entregado ao partido os bens que possuía; de cara o partido já lhe garantiu e sem nenhum custo, um barraco no morro com teto de zinco só para que ela. de noite, possa ver um “chão de cheio de estrelas”, (coisa que nunca teve a oportunidade de ver em toda a sua vida) de quebra recebendo por mês todas as bolsas que possam existir e as que ainda estão por vir, mais a ajuda de custo para os filhos, netos, bisnetos, tataranetos, para o gás, para o “buzão”, e por aí vai...

Quanto ao resto de sua família eles só teriam direito a alguma coisa depois de filiarem-se ao partido e incluírem-se em algum movimento de cunho altamente social e produtivo financiados pelos cofres públicos tais como os MSI, MSA, etc... etc... etc...
Os mais adaptáveis (“expertos”) à nova realidade social poderão fundar ONGs, todas financiadas com o erário da nação ou ainda, trabalhar assalariadamente com muitos direitos e muito poucos deveres antes do primeiro dia de trabalho; sempre com todos os direitos (mais um) e nenhum dever depois do primeiro dia de trabalho.

Mas recusando-se a aceitar o novo e social mundo do partido, este infeliz burguês, poderá na melhor das hipóteses terminar os seus dias como um morador de rua crônico, ou poderá, por uma infelicidade e na pior das hipóteses, acabar sendo um empresário honesto o que certamente lhe trará muitas dores de cabeça.
Será por isso: vigiado de perto pela Receita Federal, pela Polícia Federal, pelos departamentos de combate ao crime organizado das polícias civil e militares por todo o país; pela fiscalização tributária do município, do estado e da união, além de passar uma boa parte de seu tempo, produtivo ou de descanso, em alguma vara de algum tribunal do trabalho ou criminal, defendendo-se processualmente de algum Camarada do Partido que foi ofendido por alguma das suas muitas inescrupulosas ações, por algum posicionamento social inviável ou inadmissível para os “manos da vida”, ou ainda de alguma ação civil, que lhe seja adversa só porque produziu ou deixou de produzir, porque vendeu ou não vendeu, por um lucro que deveria produzir e que nem perto chegou de conseguir imaginar como conseguir.

O que impede de algo assim acontecer com a Rainha da Inglaterra é o fato de que esta gentil Senhora sabe ler e escrever e o melhor, em mais de um idioma além do inglês que lhe é nativo.

Se esta Senhora fosse “uma política” de carteirinha deste meu Brasil, falace e escrevesse em português (não sei se isso seria necessário), certamente já teria recebido dois diplomas da Universidade de Coimbra; já teria recebido seis doutorados no estado do Rio de Janeiro e teria sido pela ABL, no mínimo duas vezes, “honrada” com a comenda máxima da casa e é claro, se pudesse e assim coubesse ao executivo poder nacional, ele certamente lhe concederia em coloridas galas, plumas e paetês, na pista do Sambódromo do Rio de Janeiro o título de “Sir”.

Seria isto algo tão inusitado de se ver, ouvir e pensar, que só mesmo em um desenho animado hollywoodiano isso seria concebível: Sir Camarada do Partido, Elizabeth II do morro Sei Lá Onde Fica na Escócia, Algarves... e só Deus sabe mais o que.

Querem saber de uma coisa?
Este Rato e muitos outros (eu acho), gostamos dos modos e princípios desta simpática e sorridente Rainha.

Que pena que somos só nós, os Ratos que temos bom gosto nos dias de hoje.



São Paulo, sp, 28 de Maio de 2012


Mkmouse