A
apologia ao crime, pratica constante da mídia, regiamente paga por
seus patrocinadores no Brasil e porque não, no mundo, mostrou a mim
a contemporaneidade de um mais que centenário poema brasileiro, em
janeiro de 2011 eu o postei neste blog mas não suportei a tentação
e posto-o novamente
Quem vê os dias em que vivemos, aqui no Brasil, fica sem saber se existe algum futuro decente (nos padrões de moral e ética) para a nação e o povo brasileiro.
Pensando
bem...
Se fosse
só aqui, certamente ainda haveria algum futuro para o famoso bípede
implume.
A Escola de Atenas (1510-1511) (ital La
Scuola di Atene) é um afresco do pintor Rafael, na Stanza della
Segnatura do Vaticano, para o Papa Julius II anfertigte.
A
imagem é parte de um ciclo, que fica ao lado da "Escola de
Atenas", o "Parnassus", a "disputa" No
centro estão os filósofos Platão e Aristóteles.
Olha só
como o governo brasileiro emprega com maestria o antigo conceito de
Sofisma:
Transformou
as manifestações públicas legítimas ocorridas em território
brasileiro, em um fantástico espetáculo de vandalismo digno de um
premio da academia de cinema para o ano de 2013.
A ênfase
das reportagens não foi para as revindicações públicas, mas sim para
os atos de vandalismos isolados que ocorreram em meio ao anonimato da
multidão honesta e decente, que protestava contra as pilantragens e
falcatruas perpetradas e a serem perpetradas com a cumplicidade do
governo brasileiro.
foto-folha-press
avenida paulista
Quem viu
e vê estes dias pelos olhos da mídia brasileira não vê um clamor
popular contra atitudes e posturas de um governo, mas sim uma ação
policial patrocinada pelo estado para proteger a coisa pública e o
público de vândalos, “terroristas comedores de crianças”
estrategicamente localizados e organizados.
Eu já
não ouvi esta expressão?
Saturne,
dévorant un de ses enfants. - Simon Hurtrelle, 1699, Le Louvre
Se não
me engano ela foi dita quando ainda havia um muro no meio da cidade
de Berlim, ou teria sido um pouco antes deste muro e do assassinato
de Nikolái Alieksándrovich Románov
e toda a sua família.
A
orquestradíssima ação “vandalistica” perpetrada contra a
integridade do povo brasileiro deu certo e gerou os resultados
esperados, só para começar os que foram presos estavam “muito
doidão” e nem sabiam o que estavam fazendo ali.
Enquanto
isso, graças ao sofisma empregado pela mídia brasileira, as
manifestações honestas e pacíficas, na realidade prática do nosso
dia a dia, acabou virando história e o pior, história esta, contada
e escrita não pela massa protagonista dos fatos mas sim, pelos
“impostos” prepostos (perdoem-me duplo trocadilho), pelos seus
incontáveis pelegos juramentada e por fim, por seus simpatizantes
(gratuitos ou não) sacramentada em uma verdade indiscutível.
O resultado final desta trama diabólica é a transformação de uma massa, que naquele momento histórico do Brasil era um povo pleiteante em penas uma massa de manobra atemporal, um fenômeno social, didática, nada mais.
Se
querem ver, ou melhor ler, uma previsão ou uma profecia mesmo, com
cem por cento de probabilidades de ocorrer conforme o atual andar desta
carruagem chamada Brasil, eu vou lhes passar uma em transcrição na
sequencia ao próximo parágrafo.
A sua
primeira publicação foi feita em 1846 no rio de Janeiro por Eduardo
e Henrique Laemmert, rua da Quitanda nº 77, sob o título de
Primeiros Cantos, como
podem ver não estou contando nada que seja uma novidade em terras
brasileiras.
Antônio
Gonçalves Dias (1823-1864), poeta brasileiro.
Biblioteca
Nacional de Portugal: http://purl.pt/6376
Retratos de portugueses do século XIX (1859-1865)
Retratos de portugueses do século XIX (1859-1865)
por
Joaquim Pedro de Sousa (1818-1878)
O
Canto do Piaga
Gonçalves
Dias – Antologia
Cia
Editora Melhoramentos de São Paulo – 1966
Páginas
45, 46 e 47
I
Ó
Guerreiros da Taba sagrada,
Ó
Guerreiros da Tribo Tupi,
Falam
Deuses nos cantos do Piaga,
Ó
Guerreiros, meus cantos ouvi.
Esta noite
– era a lua já morta –
Anhangá
me vedava sonhar;
Eis na
horrível caverna que habito,
Rouca voz
começou-me a chamar.
Abro som
olhos, inquieto, medroso,
Manitos!
Que prodígio que vi!
Arde o pau
de resina fumosa,
Não fui
eu, não fui eu, que o acendi!
Eis
rebenta aos meus pés um fantasma,
Um
fantasma d' imensa extensão;
Liso
crânio repousa ao meu lado,
Feia cobra
se enrosca no chão.
Meu sangue
gelou-se nas veias,
Todo
inteiro – ossos, carne – tremi,
Frio
horror me ecoou pelos membros,
Frio vento
no rosto senti.
Era feio,
medonho, tremendo,
Ó
Guerreiros, o espectro que vi,
Falam
Deuses nos cantos do Piaga,
Ó
Guerreiros, meus cantos ouvi!
II
Porque
dormes, ó Piaga divino?
Começou-me
a visão a falar,
Porque
dormes? O sacro instrumento
De per si
já começa a vibrar.
Tu não
vistes nos céus um negrume
Toda a
face do sol se ofuscar;
Não
ouviste a coruja, de dia,
Seus
estridulosos torva soltar?
Tu não
viste dos bosques a coma
Sem aragem
– vergar-se e gemer
Nem a lua
de fogo entre nuvens
Qual em
vestes de sangue, nascer?
E tu
dormes, ó Piaga divino!
E Anhangá
de proíbe sonhar!
E tu
dormes, ó Piaga, e não sabes,
E não
podes augúrios cantar?!
Ouve o
anúncio do horrendo fantasma,
Ouve os
sons do fiel Maracá;
Manitos já
fugiram da Taba!
Ó
desgraça! ó ruína! ó Tupá!
III
Pelas ondas do mar sem limites
Basta selva, sem folhas, i vem;
Hartos troncos, robustos, gigantes;
Vossas matas tais monstros contém.
Traz embira dos cimos pendentes
– Brenha espessa de vário cipó –
Dessas brenhas contém vossas matas,
Tais e quais, mas com folhas; é só!
Negro monstro os sustenta por baixo,
Brancas asas abrindo ao tufão,
Como um bando de cândidas garças,
Que nos ares pairando – lá vão.
Ó! quem foi das entranhas das águas,
O marinho arcabouço arrancar?
Nossas terras demanda, fareja...
Esse monstro... – o que vem cá buscar?
Não sabeis o que o monstro procura?
Não sabeis a que vem, o que quer?
Vem matar vossos bravos Guerreiros,
vem roubar-vos a filha, a mulher!
Vem trazer-vos crueza, impiedade –
Dons cruéis do cruel Anhangá;
Vem quebrar-vos a massa valente;
Profanar Manitos, maracás.
Vem trazer-vos algemas pesadas,
Com que a tribo Tupi vai gemer;
Hão de os velhos servirem de escravos,
Mesmo o Piaga inda escravo a de ser!
Fugireis procurando um asilo,
Triste asilo por ínvio sertão;
Anhangá de prazer há de rir-se,
Vendo os vosso quão poucos serão.
Vossos Deuses, ó Piaga, conjura,
Susta as iras do fero Anhangá.
Manitos já
fugiram da Taba!
Ó desgraça! ó ruína! ó Tupá!
Na
minha revista (www.mkmouse.com.br)
de Setembro de 2013 eu coloco em minha biblioteca virtual a
publicação de 1846 dos Primeiros cantos de Antônio Gonçalves Dias
Antônio
Gonçalves Dias nasceu em 10 de agosto de 1823, no sítio Boa Vista,
em terras de Jatobá (a 14 léguas de Caxias).
Morreu
aos 41 anos (3 de novembro de 1864) em um naufrágio do navio Ville
Bologna,
próximo à região do baixo de Atins, na baía de Cumã, município
de Guimarães.
Advogado
de formação, é mais conhecido como poeta e etnógrafo, sendo
relevante também para o teatro brasileiro, tendo escrito quatro
peças.
Teve
também atuação importante como jornalista.
Fontes:-
São Paulo, SP, 20 de Agosto de 2013
Mkmouse
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