Este
Rato acordou hoje com uma indescritível saudade, uma enorme saudade
de uma época que nunca vivenciou.
A Belle
Époque.
Só
posso traduzi-la em uma tradução livre da música La Bohème, que
segue abaixo:
Eu
lhes falo de um tempo em que os jovens não podem conhecer.
Montmartre
naquele tempo levava suas flores lilás até sob nossa janela.
O
humilde quarto mobiliado que nos serviu de ninho não era bonito mas
foi lá que nos conhecemos.
Eu
pintando, chorando miséria e você...
Ah
você...
Você,
posando nua.
Ah
bohême; bohême, a gente era feliz, nós eramos muito felizes...
Ah
bohême; bohême e só comíamos um dia em cada dois!
Nos
cafés vizinhos, nós éramos alguém, esperávamos a glória.
E
apesar da miséria, com o estômago oco nós nunca deixamos de crer em nossa vitória.
E
quando nós conseguíamos pagar com uma tela, uma boa comida quente em
alguma taverna, nos ficávamos a recitar versos juntos; juntos ao redor do
aquecedor, esquecendo com isso o frio inverno, a pobreza.
Ah
bohême; bohême, ah você era tão linda!
Ah
bohême; bohême e nós tínhamos ideais fantásticos...
Frequentemente
me acontecia passar, noite a fio, diante do meu cavalete, retocando o
seu retrato, retocando a linha de um seio, uma curva do quadril e
só pela manhã a gente se sentava finalmente, antes de um café com
creme, esgotados mas deliciados; nós nos amávamos tanto e amávamos muito mais ainda
a vida.
Ah
bohême; bohême, nós tínhamos apenas, vinte anos!
Ah
bohême; bohêmia, nós vivíamos do ar, do tempo, do amor...
Qualquer
dia desses eu farei um passeio, irei ao meu antigo endereço.
...
Eu
não reconheço mais o nosso lugar, não reconheço as paredes, nem as
ruas que viram e ouviram os nossos sons e o passar da nossa
juventude.
...
E
do alto de uma escadaria eu procuro o meu antigo atelier.
...
Mas
ele não existe mais.
Em sua nova decoração Montmartre parece triste, suas flores lilás...
Não mais as vejo, estão mortas, morreram...
Em sua nova decoração Montmartre parece triste, suas flores lilás...
Não mais as vejo, estão mortas, morreram...
Ah
bohême, bohême, nós eramos jovens, a eramos felizes eramos malucos...
Ah
bohême, ah bohême e agora tudo isso não quer dizer nada,
absolutamente nada.
Com
Charles Aznavour (uma apresentação com mais de 40 anos), La Boème
La Bohème
Je vous
parle d'un temps
Que les
moins de vingt ans
Ne peuvent
pas connaître
Montmartre
en ce temps-là
Accrochait
ses lilas
Jusque
sous nos fenêtres
Et si
l'humble garni
Qui nous
servait de nid
Ne payait
pas de mine
C'est là
qu'on s'est connu
Moi qui
criait famine
Et toi qui
posais nue
La bohème,
la bohème
Ça
voulait dire on est heureux
La bohème,
la bohème
Nous ne
mangions qu'un jour sur deux
Dans les
cafés voisins
Nous
étions quelques-uns
Qui
attendions la gloire
Et bien
que miséreux
Avec le
ventre creux
Nous ne
cessions d'y croire
Et quand
quelque bistro
Contre un
bon repas chaud
Nous
prenait une toile
Nous
récitions des vers
Groupés
autour du poêle
En
oubliant l'hiver
La bohème,
la bohème
Ça
voulait dire tu es jolie
La bohème,
la bohème
Et nous
avions tous du génie
Souvent il
m'arrivait
Devant mon
chevalet
De passer
des nuits blanches
Retouchant
le dessin
De la
ligne d'un sein
Du galbe
d'une hanche
Et ce
n'est qu'au matin
Qu'on
s'assayait enfin
Devant un
café-crème
Epuisés
mais ravis
Fallait-il
que l'on s'aime
Et qu'on
aime la vie
La bohème,
la bohème
Ça
voulait dire on a vingt ans
La bohème,
la bohème
Et nous
vivions de l'air du temps
Quand au
hasard des jours
Je m'en
vais faire un tour
A mon
ancienne adresse
Je ne
reconnais plus
Ni les
murs, ni les rues
Qui ont vu
ma jeunesse
En haut
d'un escalier
Je cherche
l'atelier
Dont plus
rien ne subsiste
Dans son
nouveau décor
Montmartre
semble triste
Et les
lilas sont morts
La bohème,
la bohème
On était
jeunes, on était fous
La bohème,
la bohème
Ça ne
veut plus rien dire du tout
São Paulo,
SP, 11 de Julho de 2012
Mkmouse
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