quarta-feira, 11 de julho de 2012

Belle Époque



Este Rato acordou hoje com uma indescritível saudade, uma enorme saudade de uma época que nunca vivenciou.

A Belle Époque.


Só posso traduzi-la em uma tradução livre da música La Bohème, que segue abaixo:

Eu lhes falo de um tempo em que os jovens não podem conhecer.
Montmartre naquele tempo levava suas flores lilás até sob nossa janela.
O humilde quarto mobiliado que nos serviu de ninho não era bonito mas foi lá que nos conhecemos.
Eu pintando, chorando miséria e você...
Ah você...
Você, posando nua.

Ah bohême; bohême, a gente era feliz, nós eramos muito felizes...
Ah bohême; bohême e só comíamos um dia em cada dois!

Nos cafés vizinhos, nós éramos alguém, esperávamos a glória.
E apesar da miséria, com o estômago oco nós nunca deixamos de crer em nossa vitória.
E quando nós conseguíamos pagar com uma tela, uma boa comida quente em alguma taverna, nos ficávamos a recitar versos juntos; juntos ao redor do aquecedor, esquecendo com isso o frio inverno, a pobreza.

Ah bohême; bohême, ah você era tão linda!
Ah bohême; bohême e nós tínhamos ideais fantásticos...

Frequentemente me acontecia passar, noite a fio, diante do meu cavalete, retocando o seu retrato, retocando a linha de um seio, uma curva do quadril e só pela manhã a gente se sentava finalmente, antes de um café com creme, esgotados mas deliciados; nós nos amávamos tanto e amávamos  muito mais ainda a vida.

Ah bohême; bohême, nós tínhamos apenas, vinte anos!
Ah bohême; bohêmia, nós vivíamos do ar, do tempo, do amor...

Qualquer dia desses eu farei um passeio, irei ao meu antigo endereço.
...
Eu não reconheço mais o nosso lugar, não reconheço as paredes, nem as ruas que viram e ouviram os nossos sons e o passar da nossa juventude.
...
E do alto de uma escadaria eu procuro o meu antigo atelier.
...
Mas ele não existe mais.
Em sua nova decoração Montmartre parece triste, suas flores lilás...
Não mais as vejo, estão mortas, morreram...

Ah bohême, bohême, nós eramos jovens, a eramos felizes eramos malucos...
Ah bohême, ah bohême e agora tudo isso não quer dizer nada, absolutamente nada.

Com Charles Aznavour (uma apresentação com mais de 40 anos), La Boème


La Bohème


Je vous parle d'un temps
Que les moins de vingt ans
Ne peuvent pas connaître
Montmartre en ce temps-là
Accrochait ses lilas
Jusque sous nos fenêtres
Et si l'humble garni
Qui nous servait de nid
Ne payait pas de mine
C'est là qu'on s'est connu
Moi qui criait famine
Et toi qui posais nue

La bohème, la bohème
Ça voulait dire on est heureux
La bohème, la bohème
Nous ne mangions qu'un jour sur deux

Dans les cafés voisins
Nous étions quelques-uns
Qui attendions la gloire
Et bien que miséreux
Avec le ventre creux
Nous ne cessions d'y croire
Et quand quelque bistro
Contre un bon repas chaud
Nous prenait une toile
Nous récitions des vers
Groupés autour du poêle
En oubliant l'hiver

La bohème, la bohème
Ça voulait dire tu es jolie
La bohème, la bohème
Et nous avions tous du génie

Souvent il m'arrivait
Devant mon chevalet
De passer des nuits blanches
Retouchant le dessin
De la ligne d'un sein
Du galbe d'une hanche
Et ce n'est qu'au matin
Qu'on s'assayait enfin
Devant un café-crème
Epuisés mais ravis
Fallait-il que l'on s'aime
Et qu'on aime la vie

La bohème, la bohème
Ça voulait dire on a vingt ans
La bohème, la bohème
Et nous vivions de l'air du temps

Quand au hasard des jours
Je m'en vais faire un tour
A mon ancienne adresse
Je ne reconnais plus
Ni les murs, ni les rues
Qui ont vu ma jeunesse
En haut d'un escalier
Je cherche l'atelier
Dont plus rien ne subsiste
Dans son nouveau décor
Montmartre semble triste
Et les lilas sont morts

La bohème, la bohème
On était jeunes, on était fous
La bohème, la bohème
Ça ne veut plus rien dire du tout


São Paulo, SP, 11 de Julho de 2012

Mkmouse


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