Cansado
de outros esboços disse um dia Jeová: (1)
- Vai,
Rato.
- Abre a
cortina da minha eterna oficina e pega o meu espanador.
- Espana
com ele o ranço da ignorância latina e semeia um pouco de cultura
por lá.
A ópera
Thaïs de Jules Émile Frédéric Massenet (Montaud 12/05/1842 -
Paris 13/08/1912) é uma ópera em três atos e sete cenas feita para
um libreto em francês de Louis Gallet, com base no romance homônimo
de Anatole France.
Jules Émile Frédéric Massenet
Foi
apresentada pela primeira vez no teatro da Ópera de Paris em 16 de
março de 1894, com a soprano norte-americana Sybil Sanderson, pessoa
para quem Massenet escreveu o papel-título.
Esta
ópera foi ambientada no Egito durante a época romana e conta a
história de Athanaël, um monge cenobita que tenta converter Thaïs,
uma cortesã da cidade de Alexandria e sacerdotisa de Vênus à
Cristandade, empreitada esta sem muito êxito.
A
passagem mais famosa da ópera, é executada como interlúdio entre
duas cenas do segundo ato e é conhecida como Meditação de Thaïs.
Esta é
uma peça que faz parte do repertório clássico tradicional, sendo
executada normalmente como peça de concerto.
No
obstante eu a coletei da ópera que possuo que é uma produção do
ano 2000 da Fondazione Teatro La Fenice Di Venezia que conta com o
seguinte elenco principal:
Eva
Mei (soprano) no papel de Thaïs, uma cortesã
Mechele Pertusi (barítono) como
Athanaël, um monge cenobita
Willian Joyner (tenor) como Nicias,
um nobre
Christophe Fel (baixo) como
Palémon, líder dos Cenobites
Chistine Buffle (soprano) como
Crobyle, seu servo
Elodie Méchain (meio soprano) como
Myrtale, seu servo
Tiziana Carraro (meio soprano) como
Albine, uma abadessa
Anna
Smiech como La Charmeuse
Enrico
Masiero como A Servant.
Coreografia
é de George Iancu
Primeira
Bailarina Letizia Giuliani
Música
de Jules Massenet é executada pela Orquestra e coro da Fundazione
Teatro La Fenice, Venezia; sob a regência de Marcelo Viotti.
O coro
é regido por Guillaume Tourniaire.
*
* *
Thaïs
é a ópera mais executada de Massenet depois de Manon Lescaut e de
Werther, mas é comum não pertencer ao repertório padrão das
óperas visto ser a personagem principal notória no meio teatral
pela sua dificuldade de interpretação.
A ópera
toda tem 2 horas 17 minutos e 33 segundos de duração
Ato I
No deserto de Tebaida, não
longe do Nilo
Palémon e os demais monges do
mosteiro aguardam o regresso de Athanaël que vem de Alexandria.
Este voltou falando da corrupção
que reina na cidade e da escandalosa vida da cortesã Thaïs.
Athanaël comunica aos seus
companheiros que quer convertê-la a uma vida cristã.
E ainda que Palémon e os
companheiros o desaconselhem, Athanaël volta a Alexandria.
Athanaël é recebido em casa de
Nicias, antigo companheiro de estudos.
Nicias aparece com duas escravas,
Myrtale e Crobyle.
Às perguntas de Athanaël, Nicias
responde que gastou uma fortuna para ter ao seu serviço a bela Thaïs
por uma semana, que por sinal está a ponto de chegar.
Athanaël cobriu o seu hábito com
uma túnica para a festa.
Chega Thaïs pela última vez a
casa de Nicias.
Prontamente Athanaël começa a
gabar os predicados da cortesã, com grande surpresa de todos.
Thaïs zomba discretamente do
monge, mas este assegura que irá ao seu palácio repetir-lhe o que
diz.
Ato II
Thaïs ante o espelho, observa os primeiros sinais de velhice no seu rosto, mas pede a Vénus para conservar a beleza.
Chega Athanaël que acode a salvar
Thaïs; ela o ridiculariza.
O monge tira a túnica e fica com o
hábito: Thaïs sente o efeito da sua prédica e pede perdão.
Mas assim que ele lhe diz que a
esperará, tem uma reação contrária e quando ele sai, dispara numa
mistura de soluços e risos (“Méditation”).
Thaïs desperta Athanaël, que
dormiu fora da casa de Nicias, e implora que a acolha no seu
arrependimento.
Ele decide levá-la consigo, mas
primeiro impõe que queime tudo o que tem.
Ela aceita, mas guarda uma
estatueta de Eros.
Nicias sai de casa contentíssimo:
ao jogo, ganhou tudo o que havia gasto com Thaïs e quer continuar a
sua vida de diversões.
Nicias vê chegar Athanaël da casa
de Thaïs e o ridiculariza, mas ele mostra-lhe a cortesã convertida
em penitente.
O povo quer impedir que Thaïs se
vá embora e Nicias atira umas moedas de ouro, mas aproveitando
quando todos se lançam para as apanhar, Thaïs e Athanaël, escapam.
Ato III
Junto a um oásis.
Eles atravessaram o deserto.
Thaïs está fatigada e, em vão,
pede um pouco de descanso.
Cai, exausta.
Athanaël compadece-se dela,
traz-lhe fruta e água e diz-lhe que o convento está mesmo ali.
Aparecem a abadessa Albine e as
companheiras, rezando.
Athanaël despede-se de Thaïs e de
imediato compreende que já não a voltará a ver na terra; quando
vai, cai no chão e chora inconsolavelmente.
Os monges dizem que vem aí uma
tempestade terrível.
Reparam também, que desde que
voltou, faz três semanas, Athanaël nunca mais comeu nem falou com
eles.
Hoje apareceu, muito fechado em si
mesmo, mas confessa a Palémon que tem muitos desejos de Thaïs.
Palémon responde que o advertiu
para que não a conhecesse.
Athanaël queda-se absorto na sua
prece.
*
* *
O trecho
que selecionei é Meditação de Thaïs, tem 6 minutos e 28 segundos.
Com isso
espano para “os quintos dos infernos” a mulher fruta e tudo o que
esta aberração representa dentro da arte do mau gosto, da
incompetência e da falta mais que absoluta de talento, semeio em seu
lugar um pouco de arte verdadeira; arte esta, fruto de um estudo com
muito afinco, da abnegação, do amor pelo belo e principalmente do
talento, coisa muito rara nos dias de hoje.
Este
soberbo espetáculo de som de dança onde a beleza plástica de Eva
Mei enriquece sobremaneira o divã de rosas com espinhos em que
está repousando e permite que Letizia Giuliani faça um
espetáculo impar; um belíssimo corpo a adornar a cruz a qual se
rende em um ato final fazendo com que as rosas do divã de Thaïs
caíssem todas de uma só vez ficando apenas os espinhos, com Thaïs
a dormir e Athanaël a orar.
Um
detalhe apenas para os mais desavisados, a primeira bailarina não
está nua, como não coloquei a ópera toda mas só um pequeno trecho
de 63 Mb (a ópera é um avi de 1,7 Gb), pessoas menos atentas podem
pensar que a mesma está nua neste trecho o que não é verdade.
Meditação de Thaïs - Jules Massenet
Orquestra e coro da Fundazione
Teatro La Fenice, Venezia
Bailarina, Letizia Giuliani - Thaïs, Eva Mei - Athanaël, Mechele Pertusi
Marcelo Viotti rege a orquestra e Guillaume Tourniaire comanda o coro
(1)
O Livro e a América (03/08/1867), Castro Alves – Espumas
Flutuantes (Navio Negreiro – Vozes D'África) – página 13 –
impresso por Edições “o Livreiro” ltda. - São Paulo – sem
data conhecida.
São Paulo,
SP, 30 de Julho de 2012
Mkmouse