sábado, 24 de janeiro de 2009
Antes e Depois de Babel
Pois é, acho que Babel nunca foi destruída apenas saiu fora do negócio por um tempo indeterminado, ou melhor, tornou-se invisível.
Naquela época analisaram o custo e o benefício de se tentar chegar a Deus e concluíram que daria mais prejuízo que lucro e isso então deu fim ao primeiro projeto Babel.
A natureza sempre foi muito ordeira com tudo, tudo o que nela existe segue uma ordem, e romper a ordem natural das coisas significará sempre a anulação sumária do ato e (ou) a extinção pura e simples do agente.
Cada espécie sempre teve a sua própria maneira de se expressar, de ser, de viver e isso valia e vale até hoje para a espécie humana, que por fazer parte natural de todas as coisas, não pode escapar às regras da natureza (que são as mesmas desde a criação) por mais que se esforce para isso.
A confusão também faz parte do sistema e tem a sua finalidade.
Quem na maioria das vezes se beneficia deste evento são os predadores e algumas raras presas, as quais usam esta faceta da mãe natureza para deixar confusos os fazedores de confusão.
Segundo conta a história a multiplicidade de idiomas e formas entre as espécies começou quando Babel caiu.
Naquela época, a confusão era sinal de morte próxima ou uma exceção à regra geral logo, sempre um perigo em potencial.
Naquele tempo ser ignorante era prejuízo certo.
Já depois de Babel as coisas não eram mais assim.
A ignorância que sempre foi (antes de Babel) uma fonte de incertezas e prejuízos, hoje é a maior fonte de lucros e poder do planeta.
A confusão que naquele tempo trazia maldições para todos os homens, hoje trás milhões em bônus para alguns homens.
O que era promiscuidade antes virou hoje modismo, evolução, uma simples palavra de ordem, ou ainda apenas a ordem do dia.
Em fim Babel é um marco, um ponto de referência.
Antes de Babel os homens sabiam quem eram, de onde vinham e para onde iam, o que os condenou inapelavelmente foi a arrogância.
Depois de Babel os homens deixaram de querer saber quem são, de onde vieram não tem a menor importância e o que importa mesmo é para onde se vai, desde que este alvo seja o lucro ou a vantagem.
É o fim a justificar os meios!
Antes de Babel os povos eram senhores de si, conscientes de sua natureza e explorando o mundo ao seu redor, se enchiam de conhecimentos (pois o conhecimento era para todos) e então, capitaneados pelo Rei, construíram cidades e outras obras cujos restos, mesmo que insignificantes, é hoje ainda a causa estupefação e dúvidas, algumas sem nenhum mérito intrínseco.
Mas como parece ter acontecido, a sabedoria não fazia parte do curriculum vitae dos homens da época e a arrogância neles fez a sua morada.
Depois de Babel os povos não mais são senhores de si, a consciência de sua natureza não é mais um item no currículo escolar, e por fim, não mais vemos o Rei a lidera-nos em nossa jornada.
Este, sempre oculto no anonimato, delegou poderes fictícios por um alto custo físico e moral aos especialistas, doutores, políticos, funcionários públicos, aos gersons da vida e outros celerados amorfos que pululam os campos da vida sempre em busca de alguma vantagem pessoal, do lucro fácil, defendendo um interesse dominante qualquer ou ainda algum feudo reinante, seja ele qual for, esteja ele onde estiver, queira ele o que quiser.
Estes delegados do Rei, com a mesma arrogância de outrora (se não maior ainda) fomentam a vadiagem, a voz de comando e o modismo levando o ser à miséria física.
São os fomentadores da ignorância, do sectarismo e da discriminação levando o ser à miséria moral.
São ainda aqueles que, descarada e legalmente, incentivam a dependência física e psíquica das benesses que outorgam (do erário) a mando do Rei.
São ainda eles os mesmos que por sua vez distribuem afagos, tapinhas nas costas e na cabeça, abraços e beijos; premiam com medalhas ou verbas (públicas é claro) os indivíduos da plebe (da qual julgam não fazer parte) pelo comportamento social exemplar e pela aceitação, cooperação, incentivo e difusão da condição de ignorância quase total para todos, tudo dentro dos parâmetros de uma lei que urdida foi só para este fim.
Antes de Babel a arrogância de todos levou a extinção a alguns
Depois de Babel a arrogância de alguns levará a extinção a quase todos.
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
O Maior Problema Do Mundo
Então o Rato, sentado no topo da sua casa, olhou em sua volta.
Havia uma criatura a sua direita desesperada por ter a morte levado um seu ente amado, à sua frente uma outra criatura a descabelar-se por ter perdido tudo o que havia conseguido e acumulado em toda a sua vida, à sua esquerda uma terceira sabendo-se à beira da Morte apavorava-se ante o inevitável e à sua retaguarda alguém a morrer lentamente de fome, na imensa turbulência da megalópode, na maior solidão e completamente abandonado.
E quantas coisas mais, viu este Rato, nos ângulos intermediários a esta Rosa dos Ventos.
Em um ponto qualquer alguém nasce, em outro alguém morre e enquanto isso acontece simultaneamente, alhures e não menos simultaneamente, um outro alguém trabalha preocupado com o seu futuro enquanto, noutro canto, ha alguém sem nada fazer e não se importando com o que possa ser o seu futuro.
Me pareceu por instantes que o maior problema do mundo estava com aquele que exultava de felicidade ao ver o seu nascituro a esta urbe chegar pois este fato certamente lhe traria preocupações e responsabilidades extras durante todo o resto de sua vida mas, compreendi que não era assim, pois é quase certo que muitas alegrias este evento poderia de dar, e não só aos seus progenitores.
Estaria então o maior problema do mundo com aquele que está a encarar a face da morte?
Não...
Acredito que não.
São tantas as coisas que podem estar acontecendo neste momento e já aconteceram, que pode a morte ser até um refrigério para a sua vida e visto que neste momento ele está prestes a ver o desconhecido, o inimaginável, reconheço aqui ser o seu problema maior apenas a incerteza, a incerteza que traz consigo este inevitável destino.
Então este problema, o maior problema do mundo, estaria com aquele que está só no meio de todos, aquele que tem a fome como alimento, o lugar nenhum como destino, a abóboda celeste como um teto, a Terra como um berço e apenas ninguém como parente?
Por certo esta este pior que Polifermo o qual tinha algo alem de Ninguém, não como parente, mas como algoz: no entanto, a solidão que o enclausura torna o seu problema apenas seu e a sua dor apenas sua, sua triste figura deixa somente constrangido o mundo que o rodeia o que nem sequer chega a ser um problema, pois basta apenas ignorar a criatura e o constrangimento some, isso quando não some a própria criatura, mais constrangida ainda que a sociedade que o rodeia.
Realmente não é este o maior problema do mundo.
Então o Rato pensou...
- Se o Maior problema do mundo não está no nascimento, não está na morte e em está no tempo que se passa entre um e outro evento, onde estaria ele?
Então, após refletir mais um pouco, conseguiu uma resposta!
- O maior problema do mundo é o seu.
MkMouse
Agora sem problemas (Hatuna Matata)
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