domingo, 28 de setembro de 2008

Manhã de Sexta Feira



Esta é uma gloriosa manhã de sexta feira.

Lá fora o sol rompe uma tênue neblina (ou será poluição?) e ilumina, como deveria ser, o palácio e o casebre com uma igualdade divina.

Engraçado, ninguém nota isso, alias acho que nem mesmo notaram que há um sol a brilhar por sobre esta metrópole.

Não...

Não sejamos exagerados há que nota sim (alem de mim é claro).

Os hipocondríacos "Ufa... que sol... isso me deixa doente"; os vagabundos "Com esse sol não dá para trabalhar"; os chegados a água destilada (ou fermentada) "Vou tomar uma para refrescar..."; os capitalistas "Hummm... (esfregando as mãos) teremos bons lucros hoje!"; os socialistas "Num dia como este dá para colocar até o Beira Mar no ministério da Justiça."; os agentes dos direitos humanos "Que injustiça, um sol desse e há infelizes em uma cela só porque esta sociedade é marginalizante."; o criminoso em um presídio "droga... vou ter que esperar a noite chegar"; os assaltantes de banco "Põe óculos escuro... idiota... com esse sol de merda todo mundo vai reconhecer você!"; Moradores de área de risco "Meu Deus... lá vem outra chuvarada de novo!".

Ah...

Mas tem quem nota e fica feliz!

O morador de rua "Que bom... a comida no lixo esta seca hoje!"; o honesto trabalhador urbano "Que bom hoje não haverá desconto por atraso!"; o trabalhador do cinturão verde "O clima esta propício para as minhas hortaliças."; o empregado descompromissado "É... Vai dar para escapar mais cedo..."; o patrão "hoje não há desculpas para atrasos ou baixa produção".

...

Esqueci???

Ah, claro, esqueci e de muitos outros, mas estes são minorias tão bem organizadas que não estão nem aí para o meu esquecimento, até contam com isso, mirem-se nos resultados das últimas, e vejam a repetição dos mesmos nas próximas, eleições.

Mas há um esquecimento que é proposital.

Eu não falei do cidadão (ã) honesto (a), decente, humano (a) que certamente viu este sol brilhante e alvissareiro sobre a grande cidade, mas estava ocupado (a) demais cuidando da forma que pode, e lhe é permitido (a), de seus semelhantes e suas mazelas, de seus parentes e da própria sobrevivência; sem murmurar, sem reclamar ou pedir reconhecimento, visto saberem ser isso apenas uma obrigação no seu dia-a-dia.

Pode parecer estranho, ou até mesmo incoerente, mas é a verdade, eles (as) sabem que para cada direito que lhes é garantido há uma obrigação a ser cumprida e estas pessoas cumprem todas as suas obrigações e ainda tem de suportar o descumprimento de seus direitos mais básicos.

Sem estas criaturas, os verdadeiros heróis deste país, nada valeria a pena.

Graças a Deus que ainda não são uma minoria organizada.

...

É...

...

Definitivamente esta é uma gloriosa manhã de sexta feira!

Bom dia!

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

A luz do Buraco Negro


Ontem e hoje tenho meditado sobre o LHC, sua criação, seu destino, sua repercussão pelo mundo a fora, a sua finalidade.

Eis que neste tempo me vi mergulhado no obscurantismo, a noite dos mil anos parece-me ter voltado, se é que em algum momento ela tenha cedido o seu lugar ao dia para os homens da Terra.

É...

Realmente fiquei perturbado com a idéia, medieval, de homens criando Buracos Negros.

Existem pessoas que acreditam serem deuses, que tudo podem e o pior, em posições sociais capazes de formar opinião.

Existem pessoas massificadas e massificantes, ignorantes o suficiente para acreditar em Papai Noel, Cegonha e Coelho da Páscoa, além de darem a sua própria vida, se preciso for, para garantir-lhes a existência como uma realidade e como uma verdade absoluta, total.

Até onde eu sei, o que diga-se de passagem é muito pouco, as teorias que admitem a existência de Buracos Negros os vê como criados por forças naturais e estas, tão gigantescas que somente estrelas as podem produzir; e tem mais, nem mesmo o nosso Sol (para os desavisados, uma estrela de 5ª grandeza) não tem as condições físicas para criar um naturalmente.

Agora eu pergunto.

Qual é o poder humano que é superior ao do nosso miserável e insignificante (quando visto no contexto da Via Lactea) Sol?

Que eu saiba nenhum, esta espécie nem mesmo consegue prever o tempo melhor que o faz naturalmente uma simples formiga, sem nenhuma parafernália diabólica, tão comum e antiga na superfície da Terra.

O máximo que uma colisão de partículas subatômicas (que é a finalidade primária da máquina LHC), mesmo quando criada pelo homem, pode fazer naturalmente é produzir radiação.

Para ser exagerado, na pior das hipóteses pode causar uma Síndrome da China, que por sinal qualquer reator atônico (usinas nucleares) no planeta pode fazer com mais facilidade, melhor e em menos tempo que o LHC.

Se ouvisse que as pessoas, mesmo não ligadas de nenhuma forma à máquina, pudessem ser contaminadas por radiação, oriundas do processo de colisão artificial humano, eu até que podia aceitar como uma realidade, mas um buraco negro...

Tenha dó!

Até este miserável roedor aprendeu (pasmem... em uma escola do estado (parece piada né?)) que para se criar um buraco negro é necessário uma pressão gravitacional só conseguida no âmago de estrelas muito específicas e sob condições muito peculiares o que por fim pode ser matematicamente previsto, uma vez encontrada a dita e propícia estrela em qualquer que seja o tempo, desde que ainda seja uma Estrela e não um “Horizonte dos Eventos”..

Eu não sei como funciona o LHC, mas o que aprendi é que tais colisões devem ocorrer em ambientes muito controlados, onde o feixe de partículas deve percorrer uma certa distância sendo acelerado continuamente no espaço e no tempo (usa-se campos de plasma no processo, eu presumo) até que com alguma sorte, acerte o seu alvo, o qual (alvo infortunado) é despedaçado e com isso gerando varias formas de radiação, resultantes estas de uma transformação das energias cinéticas dos corpos envolvidos no evento.

Nunca ouvi falar que para tais ocorrências seria necessário pressões elevadas, muito menos pressões gravitacionais.

Qualquer coisa ou absurdo propagado, mesmo simples e meros boatos, é motivo para o susto das massas, quando que para realmente ver o perigo, a cegueira das mesmas é completa, é total.

No entanto, está me parecendo que o início do funcionamento desta máquina é um marco para a ciência, em especial para a física.

Concordo que em todos os experimentos haja uma dose de perigo, mas neste caso o perigo maior que posso imaginar é o uso inadequado, imoral, impróprio e ilegal das informações obtidas no manuseio cotidiano da máquina.

A ocultação das descobertas, bem como a sua revelação, pode ser tão desastroso (senão mais) que um suposto buraco negro, perdido alhures, na superfície do planeta Terra.

E é aí que reside a verdadeira questão, o verdadeiro problema, a verdadeira ameaça à espécie humana.

Quem é que vai dizer o que pode e o que não pode ser divulgado, o que pode e o que não pode ser usado, o que é certo e o que é errado fazer, o que é moral e o que é imoral, quem deve viver e quem deve morrer, visto que este momento certamente há de vir.

O verdadeiro e real perigo, o verdadeiro e real horror, não está nos feitos do LHC mas sim, em quem os há de controlar.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Liberdade



Estamos na semana da Terra Brasilis, tais comemorações me remete a menos de dois séculos no passado.

Eis que, mesmo da minha toca, se não fosse a concreta floresta que ora se ergue ao meu redor, este roedor do planalto de Piratininga, poderia ver o famoso riacho e até com um pouco de imaginação ouvir o então, brado retumbante, que certamente ainda ecoa, romanticamente, por estas bandas nesta época tão festiva.

E daí???

Ora se assim inicio o discurso, da independência falando, o faço não pela efeméride e sim pela idéia que a ela acompanha, a liberdade.

Tão simples é o ato, tão inimaginável é a distancia que o leva a liberdade.

A liberdade, assim como a verdade absoluta, é uma utopia

A segunda quando não vista como una é relativa mas, a primeira, a incompreendida liberdade, não tem outra forma de ser vista senão na sua imensurável totalidade.

Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós...

Hã???

Como?

Virou o Samba do Crioulo Doido?!!

Se falava eu da independência e sua proclamação, porque da república os versos tomo?

Ora, eis aí um tênue e efêmero vislumbre da Liberdade a se fazer ver na prática.

Por ser esta uma idéia inatingível ouve quem, há muito tempo, a encadeasse a parâmetros.

Se presa a uma conjectura idealizada chamava-se Democracia, se livre, Barbárie.

A idéia a qual foi atado o conceito de Liberdade, é um amontoado de códigos, de leis, repletos todos de artigos, parágrafos, caputs e é claro, feita por poucos a representar outros e interesses muitos, para ser usada por todos e com a concordância unânime dos usuários.

Mas a Democracia é natimorta, seus idealizadores possuíam escravos, alias, ela só pôde ser engendrada porque haviam os escravos fato este, por si só, incoerente com a idéia concebida e à liberdade como uma realidade coletiva.

Vai daí...

O Feto, apesar de morto, é o belo e a Barbárie, bem viva, o feio!

Coisas das dualidades; conseqüências das tentativas de explicar o inexplicável, conceber o inconcebível, dimensionar o imensurável e sempre, sempre associado à interesses que na maioria das vezes se mostraram inconfessáveis.

Seja como for, já que arremetido fui ao tema, vejo a liberdade (coletiva) como uma utopia já que uma vez individualizada é tendenciosa, o que enfim e por fim é o nosso dia-a-dia.

A liberdade, pseudo social como é, reconhece apenas os vencedores e a estes outorga a verdade e o poder de decisão sobre o certo e o errado, sobre o que é moral e o que é imoral, dá ao vencedor e seus interesses o poder de justiça e o poder da morte, independente destes haverem vencido de maneira imoral ou não, de maneira desonrosa ou não, pois tem sido notório que só a vitória conta, só a vitória vale e para ela todos os meios não só são justos como também justificáveis.

Eis aí o porque do relativismo da moral, da honra, das leis e das punições que tanto assombram a vida e o cotidiano de uma humanidade com tendências à decência, à honra e à moral.

Aos olhos do global é criminoso apenas aquele que mata seis milhões por ideologia e não aquele que mata vinte milhões por ganância, é criminoso o que mata uma parte de uma população por questões étnicas e não que aquele que destrói duas cidades inteiras só para saber como funciona uma arma de guerra na vida real, não é crime matar seres humanos aos milhares só para amealhar riquezas, mas é crime roubar para manter vivo a si e os seus por apenas mais um dia.

A linha demarcatória destes limites me parece muito clara.

Ao vitorioso, independente de qualquer coisa, nada se pede ou se cobra, tudo se dá.

Ao derrotado se criminoso ou não, se culpado ou não, tudo lhe será imputado, tudo lhe será cobrado, tudo lhe será tomado de uma forma ou de outra.

A Liberdade dos homens da ao vencedor os despojos e as honras, ao derrotado a dureza das leis vencedoras, a frieza e o oportunismo dos interesses vitoriosos, condena-os uma condição miserável, dá-lhes por fim a escravidão, ou, lhes impõe uma submissão vil, abjeta, servil e colonial.

Por fim, ao vitorioso o palácio imperial com seus amigos mais chegados a desfrutar de prazeres e delícias inimagináveis, aos aliados a concessão de feudos portentosos, aos bons colaboradores da causa, consortes abnegados e aparentados coniventes, os postos para a arrecadação ou controle das riquezas e das massas, aos derrotados a condição de libertos de um jugo opressor, felizes e contentes colonos em uma terra que lhes fora própria, no entanto não mais sua, (talvez de ninguém, o que não tem a menor importância) porém servil e produtiva, fecunda, para o vitorioso dono do plantel.